sexta-feira, 27 de julho de 2012

Dia 08-05-12 - Haitianos trabalhando em Sarandi - Rio Grande do Sul

Último grupo de haitianos do Parque de Exposições é contratado para trabalhar no Rio Grande do Sul

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Grupo receberá capacitação técnica para atuar nas empresas (Foto: Assessoria Sejudh)
Grupo receberá capacitação técnica para atuar nas empresas (Foto: Assessoria Sejudh)
Os últimos 27 haitianos, do grupo de 245 pessoas acolhidas pelo governo do Estado, foram contratados por duas empresas e seguiram viagem nesta terça-feira, 8, para a cidade de Sarandi, no Rio Grande do Sul.
O haitiano Edy Theodore escreveu uma carta em agradecimento a toda a ajuda do governo brasileiro. Em um trecho, ele diz: “... De todo mi corazon, yo uso todas las bocas de los 245 haitianos para agradecer por todo que hicieron desde el primer dia hasta el ultimo”.
Theodore faz parte do grupo de 13 haitianos contratados pela empresa de confecções e tecelagem Mirasul, que  ofereceu trabalho para homens e mulheres. Já a empresa de móveis e planejados Finger contratou 14 homens.
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Os empresários garantiram que os haitianos receberão treinamento profissional para exercerem com mais eficiência cada função. “Entendemos que a maioria não tem nenhuma experiência em nosso ramo de trabalho, por isso serão capacitados através de cursos profissionalizantes para que possam ser mais bem integrados no emprego”, ressaltou Bruno Pedro Rech, presidente da Mirasul.
Segundo Edson Finger, diretor administrativo da Finger, no Rio Grande do Sul, as empresas sofrem bastante com a falta de mão-de-obra, e quando soube da situação dos haitianos no Acre resolveu ajudar oferecendo o que mais os emigrantes buscam: trabalho. O salário oferecido por cada empresa foi de R$ 650.
Edy Theodore manifestou gratidão em carta
Edy Theodore manifestou gratidão em carta
“É um momento muito importante para nós. Queremos que vocês se sintam parte de nossa família, todos nós somos filhos de Deus, somos todos irmãos”, disse Bruno Rech ao grupo de haitianos que integrará o corpo de funcionários da sua empresa.
“Desde o início da chegada dos haitianos, o governo optou por oferecer ajuda humanitária, auxiliando na documentação, abrigo, alimentação e saúde. E encaminhamos para os empregadores, porque entendemos que os haitianos têm direito de buscar uma vida melhor e o Brasil tem condições de recebê-los”, pontuou o secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Manaus, Amazonas

(Foto acima, com Testemunho: Ainda não tenho todos os documentos e por isto não posso trabalhar no Brasil.  Mas Deus me concede saúde e mãos para trabalhar. Acredito e tenho esperança em conseguir toda a minha documentação como os demais haitianos que vivem no Brasil. Quero conseguir um trabalho neste país a fim de ajudar a minha familia, esposa e meu filho que vivem no Haiti. (Haitiano ao qual prestamos assessoria jurídaca, em Manaus que preferiu que seu nome nao fosse divulgado)
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TESTEMUNHO
Sou imigrante haitiano, nasci no dia 11 de janeiro de 1981.  Em Manaus trabalho em uma empresa já  completando 13 meses, no setor de logística. No Haiti fiz o curso técnico de informática e fiz o ensino médio completo. Esta fomação me ajudou muito para conseguir este emprego aqui no Brasil.  No meu trabalho faço uso do computador todos os dias registrando a entrada e a saída das mercadorias. Alegro-me que comigo estão trabalhando mais  11 colegas haitianos. Todas as vezes quando algum haitiano tem alguma dificuldade para se expressar em português eles vem a mim  pedir ajuda e me deixa feliz.
Já tenho programado as minhas férias para o mês de outubro, comprei as passagens de ida e volta. Vai ser uma grande alegria estar junto com minha esposa, filho, demais familiares e amigos.

Lembro, ainda, com tristeza da morte de  alguns dos meus familiares no terremoto. O que mais me doí foi não podermos realizar o enterro dos nossos familiares. Quando recebemos a notícia da morte dos familiares ficamos sem o que fazer e imediatamente fomos a procura deles. Mas como havia muitos mortos por todas as ruas da cidade as autoridades e Organizações de ajuda humanitária recolheram os corpos  e não conseguimos mais nos despedir dos nossos familiares e fazer um enterro digno.
Eu tenho todos os documentos para viver e trabalhar aqui no Brasil. Em muitos países aonde vivem imigrantes, normalmente, demora bastante tempo para se conseguir a documentação.

Gosto muito do Brasil, porque os brasileiros são amigos da gente e não fazem discriminação. O povo brasileiro é muito acolhedor.
Eu quero agradecer muito que existe este Escritório do Serviço Voluntário Pró Haiti aqui em Manaus, Amazonas. Pois se o mesmo não existísse, nós haitianos,  não saberíamos aonde ir para tratar e fazer os encaminhamentos da nossa documentação. Por exemplo, agora eu preciso renovar o meu Passaporte.  A minha cabeça e dos outros haitianos iriam  esquentar sem o apoio que vocês nos dão.

Com o trabalho que tenho, mensalmente, enviou 150 dólares para minha família no Haiti. Também, estou guardando dinheiro para obter o visto da minha esposa e do meu filho junto da Embaixada do Brasil no Haiti. Meu sonho é que eles venham morar comigo no Brasil o mais rápido possível.
Muito obrigado as autoridades brasileiras que proporcionam a documentação. Sou grato também a todas as pessoas que nos prestam acolhida,  oportunidades de trabalho para a integração no Brasil.
Manaus, Amazonas, 17 de julho de 2012.
ERILIEN BRUNEL

sábado, 7 de julho de 2012

Notícia 21-06-2012

Novas regras não impedem vinda ao Brasil de haitianos sem vistos
21 de junho de 2012 07h23 atualizado às 08h06



A mudança nas regras migratórias anunciada em janeiro pelo governo brasileiro para ordenar o fluxo de imigrantes do Haiti ao Brasil não está contendo a vinda de novas levas de haitianos sem vistos.





Cerca de 150 imigrantes do país caribenho estão no município peruano de Iñapari, na divisa com Assis Brasil (AC), à espera de autorização para atravessar a fronteira. O grupo começou a se formar no fim de abril, alguns dias após o governo brasileiro permitir o ingresso de 245 haitianos que estavam na mesma cidade havia três meses.
Segundo Altenord Roomeluf, um dos porta-vozes dos imigrantes, a situação do grupo é desesperadora. "Não temos mais comida, só sobraram alguns sacos de farinha", disse.
Roomeluf, mestre de obras de 27 anos, afirma que a nova leva é formada em sua maioria por haitianos que viviam na República Dominicana, país que faz fronteira com o Haiti. Eles não se enquadram, portanto, na resolução do Conselho Nacional de Imigração (CNIg) que, a partir de janeiro, passou a autorizar a emissão de 100 vistos de trabalho mensais para que haitianos residentes no Haiti se mudassem ao Brasil. Após a resolução do CNIg, a Polícia Federal passou a barrar nas fronteiras haitianos sem vistos.
As medidas buscavam ordenar a migração do grupo ao Brasil. Segundo o CNIg, desde o terremoto que arrasou o país caribenho, em 2010, cerca de 6 mil haitianos migraram para o Brasil. No início de abril, porém, o governo decidiu acolher os haitianos que estavam em trânsito quando editou a resolução. A medida beneficiou os 245 imigrantes que estavam em Iñapari e centenas de outros que já haviam ingressado no território brasileiro, mas ainda não tinham tido seu status migratório regularizado.
Desinformação
Segundo Roomeluf, os 150 haitianos atualmente em Iñapari não souberam da alteração nas regras migratórias brasileiras. "A informação não chegou à República Dominicana e nem ao interior do Haiti."
O grupo, integrado por cerca de 25 mulheres (uma grávida) e duas crianças, tem dormido em escritórios cedidos por um empresário local. Cada cômodo é dividido por ao menos 20 pessoas. Apesar das condições, Roomeluf diz que não pretende voltar. "Viemos de muito longe e aqui aguardaremos. Esperamos que o Brasil nos receba, queremos trabalhar."
O mestre de obras diz ter gasto US$ 4 mil (R$ 8 mil) para se deslocar da República Dominicana ao Brasil. A viagem incluiu dois deslocamentos aéreos (da República Dominicana ao Panamá e, de lá, ao Equador) e um longo percurso de ônibus de Guayaquil (Equador) até Iñapari.
Além dos gastos com passagens e hospedagem, haitianos dizem ter desembolsado uma "taxa extra" individual de US$ 250 para atravessar a fronteira do Equador com o Peru. O dinheiro, segundo eles, foi repartido entre atravessadores e autoridades peruanas.
Reunião extraordinária
Em audiência na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira que tratou da migração de haitianos ao Brasil, o chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Justiça, João Guilherme Lima Granja, afirmou que o caso do novo grupo em Iñapari seria tratado pelo Ministério da Justiça em reunião extraordinária nos próximos dias.
Também presente à audiência, o presidente do CNIg, Paulo Sério de Almeida, disse que não estava a par da nova leva. "É uma informação nova e um caso diferente, porque aparentemente esse grupo viajou para o Brasil após a resolução. Precisamos estudar a situação antes de tomar uma decisão." Para Almeida, é preciso investigar se há redes de aliciadores atuando na República Dominicana.
O diretor do Departamento de Imigração e Assuntos Jurídicos do Itamaraty, Rodrigo do Amaral Souza, também não se manifestou sobre o destino do grupo, mas disse que o órgão tem buscado "valorizar o novo canal oficial criado para os haitianos" pela resolução do CNIg e "direcionar o fluxo para esse canal". Souza afirmou ainda que, se constatado que a cota mensal de vistos aos haitianos se mostrar inferior à demanda, o número poderá ser elevado.
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, afirmou que apresentaria um requerimento ao órgão para que parlamentares visitem Iñapari e confiram a situação dos haitianos. "Nossa política não tem sido suficiente para atender à demanda desses imigrantes haitianos", diz. "Vamos intermediar o contato deles com o governo para que se chegue a uma solução satisfatória, afinal eles vieram ao Brasil atrás de trabalho e de uma vida digna."
Ajuda do Peru
Desde que passou a exigir vistos dos haitianos, o governo brasileiro pediu ao Peru - principal porta de entrada do grupo para o Brasil - que adotasse a mesma postura. No entanto, segundo haitianos que não quiseram ser identificados, a exigência do visto (incorporada pelo Peru no fim de janeiro) tem sido burlada por meio do pagamento da "taxa extra" aos atravessadores.

Segundo o Itamaraty, o Brasil concedeu 295 vistos de trabalho a haitianos entre 18 de janeiro, quando passou a vigorar a resolução do CNIg, e 18 de junho. O número equivale a 59% da cota de vistos que a embaixada brasileira em Porto Príncipe poderia ter emitido no período (500, ou 100 por mês). No entanto, o órgão diz que, nos últimos dois meses, emitiu a cota máxima de vistos, o que atribui à disseminação no Haiti da informação sobre os novos procedimentos.

Para se candidatar ao visto, além de pagar US$ 200, o postulante deve ter passaporte em dia, ser residente no Haiti (o que deve ser comprovado por atestado de residência) e apresentar atestado de bons antecedentes.