segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Jornal Correio do Povo - RS

ANO 117 Nº 345 - PORTO ALEGRE, DOMINGO, 9 DE SETEMBRO DE 2012

Sarandi

Chance de recomeço para 56 migrantes

Trabalhadoras que vieram do Haiti fazem parte do grupo contratado pela Mirasul<br /><b>Crédito: </b> fernando concatto / ESPECIAL/ CP
Trabalhadoras que vieram do Haiti fazem parte do grupo contratado pela Mirasul
Crédito: fernando concatto / ESPECIAL/ CP
Trabalhadoras que vieram do Haiti fazem parte do grupo contratado pela Mirasul
Crédito: fernando concatto / ESPECIAL/ CP
Oportunidade é oferecida por indústrias locais a haitianos e senegaleses

Sete empresas de confecções e móveis de Sarandi, na Região do Médio Uruguai, contrataram 48 haitianos e oito senegaleses. Dez trabalhadores do Haiti foram trazidos do Acre no início de junho e, um mês depois, mais 38 vieram da cidade de Manaus. Os oito senegaleses empregados viviam no município de Passo Fundo. Os haitianos chegaram ao Acre depois que seu país sofreu um terremoto em 2010. Além disso, o Haiti enfrenta problemas decorrentes da guerra civil. Os próprios empresários arcaram com o custo do transporte dos trabalhadores ao Rio Grande do Sul e disponibilizaram moradia em Sarandi.

Nas empresas, os estrangeiros participam de cursos de qualificação e de outros voltados ao aprendizado do idioma português. A Mirasul Indústria Têxtil contratou dez haitianos e os oito senegaleses, sendo metade do grupo formado por mulheres. Recentemente, duas delas deixaram a empresa, que conta agora com 16 trabalhadores. O diretor-presidente do empreendimento, Bruno Pedro Rech, afirma que, ao contratá-los, levou-se em conta a falta de mão de obra e, acima de tudo, o lado humanitário, pois, para ele, essas pessoas precisavam de oportunidades de trabalho no Brasil.

O diretor-presidente destaca ainda que entre os desafios enfrentados pelos haitianos e senegaleses está a necessidade de aprender português e de se adaptar à alimentação. No momento, as atividades são nos setores de corte, costura e expedição. Além do salário, a empresa paga, durante um ano, o aluguel e as contas de água e de luz. Os funcionários também recebem os vales-alimentação e transporte. Um dos haitianos ensina francês aos brasileiros e um professor da empresa ministra aulas de português aos novos colegas.

A indústria de móveis Finger contratou 30 trabalhadores haitianos. Segundo a direção da empresa, a experiência é positiva e a produtividade aumentará com o passar do tempo, quando os funcionários estarão mais qualificados e aptos a desenvolver as atividades estabelecidas. Outras cinco indústrias de Sarandi contam, em seu quadro, com os demais trabalhadores do país caribenho. No município, nos fins de semana, são realizados momentos de integração entre estrangeiros e brasileiros, quando os haitianos e senegaleses aprendem, por exemplo, a preparar comidas típicas locais.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Informação

O governo não vai aumentar número de vistos para haitianos

05/09/2012 - 14h38
Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afastou hoje (5) a possibilidade de o governo ampliar a quantidade de vistos concedidos aos imigrantes haitianos. Patriota disse que está mantida a meta de 1.200 até dezembro. Segundo ele, o objetivo é impedir a ação do crime organizado, que tira proveito da oportunidade dada pelo governo brasileiro aos haitianos.
“São cerca de cem vistos por mês, 1.200 por ano. Até o mês de agosto, 760 vistos foram concedidos. Mas a ideia é não facilitar mais o ingresso, pois isso facilita a ação do crime organizado, que lucra com a migração [desorganizada]”, disse Patriota, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara.
Em fevereiro, os presidentes Dilma Rousseff e Michel Martelly, do Haiti, fecharam acordo para deter a imigração ilegal dos haitianos, que desde janeiro chegam na fronteira do Brasil com o Peru. Na ocasião, foi negociada a concessão de vistos que não representam permissões de trabalho, mas permitem que os haitianos entrem no Brasil sem passar por redes de atravessadores.
As autoridades haitianas dizem que as famílias escolhem os mais fortes e com mais estudos para deixar o país, pois esses têm mais chances de conseguir emprego. Geralmente a chegada à fronteira do Brasil depende da ajuda de atravessadores que cobravam, em média, no começo deste ano, o equivalente a R$ 3 mil.
As denúncias de dificuldades, falta de assistência e até fome tornaram-se frequentes entre os imigrantes que chegam nas cidades fronteiriças tanto do Brasil, como também do Peru. Os governos locais se queixam de falta de recursos para receber os haitianos.

Edição: Beto Coura

sábado, 1 de setembro de 2012

Autorização Residencia Conselho Nacional de Imigração


Dia 15-08-2012

Eis o link para a relação de haitianos que receberam residência hoje (31 de agosto):

http://www.in.gov.br/visualiza/index.jsp?data=31/08/2012&jornal=1&pagina=119&totalArquivos=272


Obs.: Este link vai direto para a página 118, onde começa a lista dos haitianos; termina na página 119

Gostaria de lembrar que esta lista não é ainda a que permite o registro. É a decisão do CNIg. Para o registro na Polícia Federal devem aguardar a publicação do Ministério da Justiça. Por ora, só existe a autorização de residência, mas não ainda a residência.

Desejo fazer esta observação porque se as pessoas se registram com esta publicação e a Polícia Federal aceitar ( o que não é correto), as pessoas poderão ter problemas quando, dentro de 5 anos, forem pedir a Carteira de Permanência. Fiz uma consulta ao MJ e me alertaram para este futuro problema.

Um grande abraço

Ir.rosita

Informação / 31-08-12


Estimados-as compañeros-as,
Cordial saludo desde Bogotá.

En este correo queremos informarles de tres cosas urgentes:

1) Difícil situación de los migrantes haitianos en la localidad peruana de Iñapari, en la triple frontera

Les informamos que tres (3) de los 105 migrantes haitianos que se encuentran actualmente varados en la ciudada peruana de Iñapari, fronteriza con Brasil y Bolivia por el lado del Río Acre, anuncian que van a hacer una huelga de hambre y colocarán sus colchones a la entrada del puente binacional peruano-brasileño hasta que el Gobierno de Dilma Roussef los autorice a ingresar a Assis Brasil. Los migrantes haitianos ya no aguantan esta difícil situación. Invitamos a nuestras oficinas del SJM, del SJR y de otras obras jesuitas, principalmente en los tres países (Brasil, Bolivia y Perú), a apoyar esta acción pacífica de los hermanos haitianos.

Los migrantes haitianos ya llevan varios meses (desde finales de abril de este año), varados en Iñapari y enfrentando una difícil situación humanitaria, ya que la comunidad y las autoridades locales peruanas no los han podido asistir humanitariamente, y el gobierno central no ha solucionado el problema a pesar de que el canciller Rafael Roncagliolo había anunciado el pasado 17 de agosto que iba a conceder estatuto de refugio a todos los migrantes varados.

Mientras tanto, el gobierno brasileño sigue determinado a mantener cerrada su frontera. Hay que subrayar que una delegación brasileña de la Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) de la Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul realizó una visita in situ en la frontera de Acre el mismo 17 de agosto para conocer la situación de los haitianos. Aún no tenemos información sobre el impacto que haya podido tener dicha visita sobre el gobierno central de Brasil.

No es la primera vez que se presenta este tipo de situaciones en esta triple frontera con los migrantes haitianos. Recordamos que de enero a principios de abril de este año, 245 haitianos habían quedado varados en Iñapari; y de enero a abril del año pasado, más de cien haitianos se habían encontrado bloqueados en la misma localidad peruana fronteriza.

La diferencia ahora es que los 105 haitianos no reciben asistencia humanitaria ni por parte de Brasil (que mantiene herméticamente cerrada su frontera) ni por parte de la comunidad peruana de Iñapari que se está recuperando de las inundaciones y viven una situación económica muy precaria.

2) Ni Brasil ni Perú ni Bolivia responde por ellos

Los haitianos se encuentran en una frontera donde ningún Estado responde por ellos. El gobierno de Brasil se desentiende de ellos, al cerrar sus fronteras y argumentando que los ciudadanos haitianos necesitan visas para ingresar a su territorio y que ya tiene una normativa clara (fechada el 12 de enero de 2012) respecto a los migrantes haitianos.

Por su parte, el gobierno de Perú está dando largas al asunto en la práctica, aunque en sus discursos oficiales a los medios de comunicación afirma que va a acoger a los haitianos en su territorio.

Bolivia sigue firme en su decisión de no dejar pasar a los haitianos a su territorio, aunque de manera irregular los haitianos utilizan el territorio boliviano (Iberia) para ingresar a Brasil.

3) Propuesta de incidencia regional ante UNASUR

Frente a esta situación, en el SJR LAC seguimos creyendo que la estrategia de incidencia política debe de ser: buscar colocar el tema en el organismo regional de la UNASUR para que los jefes de Estados y gobiernos sudamericanos lleguen a un acuerdo regional sobre los flujos haitianos.

Ya que la sede de UNASUR está basada en Quito, hemos venido trabajando conjuntamente con el SJR Ecuador para incidir en este organismo regional. Ya hemos enviado a UNASUR un informe sobre la situación de los migrantes haitianos en la región, subrayando la situación de desprotección generalizada que enfrentan, el carácter regional del asunto y solicitando la intervención de dicho organismo para lograr un acuerdo regional entre los gobiernos de los países miembros.

La buena noticia es que el SJR Ecuador logró conseguir un contacto clave en UNASUR (un asesor jurídico) que nos ayudará a encontrar la estrategia y los mecanismos más eficaces, cumplir con los requisitos y tener acceso a las diferentes estructuras internas para llegar al secretariado del organismo y tener una cita con el secretario general para convencerlo de proponer el tema de la migración haitiana en la región como próximo tema  en la agenda de la reunión del organismo que tendrá lugar probablemente en noviembre.

En la próxima semana, junto con el SJR Ecuador, estaremos enviando a cada oficina los pasos y el cronograma de las actividades que estaremos realizando en el marco de esta incidencia. Al mismo tiempo, les solicitaremos apoyos puntuales para ir montando los documentos a presentar ante el organismo, así como la solidaridad de otras redes de la sociedad civil.

De antemanos, les pedimos su apoyo para que esta incidencia cumpla con su principal objetivo que es lograr la protección de los migrante forzados haitianos en la región mediante un compromiso formal de los gobiernos y Estados de la región. El éxito de esta incidencia regional puede ser un precedente importante para otros temasante UNASUR.

Sin más por el momento, quedamos a sus órdenes.


Fraternamente,

Wooldy Edson Louidor
Coordinador Regional Incidencia y Comunicación para Haití
Servicio Jesuita a Refugiados Latinoamérica y el Caribe (SJR LAC)
Skype: wooldy.edson.louidor
Dirección: Carrera 25 No. 39-79. of.322. Bogotá, Colombia
Teléfono de oficina: +57 (1) 3681466 ext. 109
Teléfono móvil: 57-3204489112

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Noticias no Jornal Correio do Povo - RS

ANO 117 Nº 325 - PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 20 DE AGOSTO DE 2012

Haitianos entram por nova rota

Uma nova rota de imigração de haitianos para o Brasil, utilizada por pequenos grupos que se estabeleceram em Brasileia, no Acre, está facilitando o ingresso ilegal de estrangeiros no país. Ao contrário do que fizeram os que se aventuraram no primeiro semestre com pacotes oferecidos por agenciador de imigrantes ilegais, os haitianos estão chegando em pequenos grupos para não chamar atenção dos policiais de fronteira.

Na rota mais utilizada pelos ilegais, os haitianos viajam de avião da República Dominicana para a cidade boliviana de Ibéria e caminham 8 quilômetros pela mata da Amazônia até Cobija. A cidade, também boliviana, faz fronteira com Brasileia, no Brasil, e tem duas pontes sobre o rio Acre, que podem ser atravessadas tranquilamente. Comerciantes estabelecidos próximos à ponte disseram que a greve da Polícia Federal permite um trânsito mais livre. Os primeiros grupos de haitianos chegaram no final de junho e, a partir daí, outros pequenos grupos aparecem de forma esparsa. O representante do governo do Acre na cidade, Damião Gomes Melo, disse que esses caminhos foram utilizados pelos 2,7 mil haitianos que ingressaram pela Amazônia no primeiro semestre.

Noticias 20-08-12

Haitianos usam nova rota para entrar no Brasil

Os haitianos viajam de avião da República Dominicana para a cidade boliviana de Ibéria e caminham 8 quilômetros pela mata da Amazônia até Cobija. A cidade, também boliviana, faz fronteira com Brasileia, no Brasil, e tem duas pontes sobre o Rio Acre, que podem ser atravessadas tranquilamente.
 
ABr
Brasileia - Uma nova rota de imigração de haitianos para o Brasil foi utilizada pelas 35 pessoas originárias do Haiti que se estabeleceram em Brasileia, nos estado do Acre, norte do país.
Diferentemente do que fizeram os que se aventuraram no primeiro semestre com pacotes oferecidos por "coiotes" (agenciador de imigrantes ilegais) haitianos, esses chegam em pequenos grupos para não chamar a atenção do policiamento de fronteira.
Os haitianos, agora, aguardam a liberação de um CPF do país para poder ingressar legalmente e trabalhar. A rota mais utilizada agora é feita também com o apoio de "coiotes".
Nessa rota, os haitianos viajam de avião da República Dominicana para a cidade boliviana de Ibéria e caminham 8 quilômetros pela mata da Amazônia até Cobija. A cidade, também boliviana, faz fronteira com Brasileia, no Brasil, e tem duas pontes sobre o Rio Acre, que podem ser atravessadas tranquilamente.
Nos dois dias em que a reportagem da Agência Brasil passou em Brasileia não foi visto policiamento de fronteira do lado brasileiro nas duas pontes. Comerciantes estabelecidos próximos à ponte disseram que é por causa da greve da Polícia Federal.
Os primeiros grupos de haitianos chegaram no final de junho e, a partir daí, outros pequenos grupos, como a família de Obelca Jules, último a ingressar em Brasileia, tem aparecido de forma "picada", disse à Agência Brasil o representante do governo do Acre na cidade, Damião Gomes Melo. Eles ainda usam as duas rotas mais visadas pelo policiamento de fronteira.
Esses caminhos foram utilizados pelos 2,7 mil haitianos que ingressaram em Brasileia no primeiro semestre, já com documentação legalizada pelo governo brasileiro. Na primeira rota, os haitianos partem de avião, com a ajuda dos "coiotes", da República Dominicana para o Panamá. De lá, também de avião, seguem para Quito (Equador).
A partir daí, explicou Damião, a viagem passa a ser feita de ônibus até a fronteira do Equador com o Peru. Eles passam por Lima, Cuzsco, Puerto Maldonado, Ibéria, com destino a Iñapari. Por essa rota, agora monitorada pela Polícia Federal e Força Nacional, os haitianos tentam entrar na cidade brasileira de Assis Brasil (AC) e seguir para Brasileia, onde têm um suporte melhor.
Outra rota oferecida pelos "coiotes" prevê viagem de avião direto da República Dominicana, país que divide a Ilha de São Domingos, na América Central, com o Haiti, até Quito. De lá, os haitianos viajam de ônibus para Letícia, na Colômbia, onde entram por Tabatinga, no Amazonas, pela Ponte da Amizade.
Da cidade amazonense de fronteira, os haitianos geralmente viajam para Manaus e "seguem para onde eles querem", disse Damião Borges. Ele destacou, no entanto, que a rota é pouco utilizada dada a intensa vigilância de fronteira.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Informações e apelo - FRONTEIRA TABATINGA - AMAZONAS



DIOCESE DO ALTO SOLIMÕES

Fone: 55 (97) 3412-2514 ● Fax: 55 (97) 3412-3320

CNPJ 04619821/0001-61
  
PASTORAL DA MOBILIDADE HUMANA
INFORME HAITIANOS – JUNHO - JULHO 2012


Queremos partilhar a nossa preocupação com a chegada de novos migrantes haitianos, que cruzam a fronteira do Peru e entram na cidade de Tabatinga vindo da Republica Dominicana ou do Equador.



As informações contidas neste informe merecem uma certa cautela já que foram recolhidas durante as entrevistas que tive com os haitianos que passaram por Tabatinga neste último mês, e podem não ser totalmente verídicas. O que chama a atenção, porém, é que quando se cruzam as informações os dados conferem.



JUNHO



No mês de junho foi procurada por 37 haitianos (homens e mulheres), todos saindo do interior do Haiti e todos endividados por ter que pagar os coyotes que “agilizaram” a documentação.

Tenho conhecimento de mais um grupo de 10 que desceram o rio rumo Manaus sem passar pela Polícia ou pela Pastoral do Migrante.



O perfil destas pessoas é muito parecido: entre os 22 e 40 anos, pessoas do campo, morando longe da capital, às vezes já fazendo bicos na Republica Dominicana, a maioria falando só crioulo, aproximados por haitianos que garantem entrada fácil no Brasil.



Alguns chegam já exigindo os serviços que a Pastoral da Mobilidade Humana “garante” e que já estão incluídos no pacote: alimentação, moradia, passagem.

Quase todos venderam o pouco que tinham, pediram dinheiro emprestado e estão muito amedrontados com a possibilidade de voltar ao pais e ter que encarar os agiotas ou os coyotes, por não ter como devolver o dinheiro. Alguns expressaram claramente o medo de ser perseguidos ou mortos caso não consigam pagar suas dívidas.



O primeiro grupo de 9 pessoas, depois de conversar comigo e tomar conhecimento da necessidade de visto para ingressar ao Brasil, resolveram voltar para o Peru.



Um segundo grupo de 7 solicitou refúgio porque se sentiam ameaçados por causa das dívidas e, de posse da resposta provisória do Conare, prosseguiram viagem para Manaus.



A este ponto a Migração Peruana alertou a respeito de um Visto Peruano falso (conseguido na Embaixada do Peru na República Dominicana). Os haitianos que tinham este visto de entrada no Peru (como turistas, por 30 dias) me relataram que pagaram entre 3.000,00 e 4.500,00 dólares americanos para consegui-lo.

Este não é o único caminho de entrada: tem boletins de ocorrência de passaporte perdido redigidos pela Policia Peruana (média 1.500,00 dólares), carimbos de entrada da Policia Peruana em data 12 de janeiro, pessoas que embarcaram no aeroporto de Lima sem passar pela Migração e, portanto, sem nenhum carimbo de entrada. Nos relatos aparecem coyotes em Lima (muitos falam de uma mulher que as aproximam no aeroporto), e em Iquitos. Teve quem chegou aqui com um papel com o meu nome, entregue pra eles em Iquitos. 



Parece-me que a polícia de migração de Santa Rosa (Peru) não está conseguindo controlar o fluxo. Quatro haitianos me contaram que pagaram cada um 100 dólares para ter de volta o passaporte e cruzar o rio para chegar a Tabatinga.

Uma coisa é certa: até hoje chegam haitianos com o Visto da Embaixada falso (aquele que a mesma migração peruana denunciou aqui com a Polícia Federal), saindo da migração de Santa Rosa...



A Policia Federal tem deportado em junho 16 haitianos (entregando as pessoas e os documentos recolhidos a um agente da Migração peruana em Santa Rosa).



Um último grupo de 5 haitianos, que chegou nos últimos dias de junho, ficou esperando o “milagre” de uma mudança de atitude da Policia Federal.



Os que chegam relatam de outros que estão a caminho.



JULHO





Durante o mês de julho fui procurada por 40 haitianos (3 mulheres e 37 homens), mas tenho conhecimento de outros grupos (não pequenos) que seguiram sua viagem até Manaus com barcos particulares (me relataram que estão cobrando R$ 500,00 por pessoa).

A situação é sempre a mesma: deixaram para trás dívidas, famílias esperando por sua ajuda; gastaram tudo o que tinham para pagar carimbos, coyotes, alimentação e estadia. Chegando manifestam seu desespero por não poder entrar no Brasil, não conseguir trabalho por não ter documentos e porque em Tabatinga não estão conseguindo nem fazer um bico.

4 dos que chegaram este mês já tinham sido deportados no mês passado, atuados pela polícia peruana em Timbote e reenviados para Santa Rosa (a ilha peruana que faz divisa com Tabatinga). Um casal ficou preso em Iquitos por uma semana (por causa de um carimbo de entrada peruano do dia 12 de janeiro vendido pelos funcionários da migração peruana na divida com Equador) e quando solto regressou para Tabatinga.



Em média ficam na cidade por 20 – 30 dias até conseguir ajuda de familiares ou amigos e depois “somem”: oficialmente voltam para o Peru, mas disso não tenho muita certeza.



AGOSTO



Na primeira semana de agosto permanecem na cidade 8 haitianos.

 A Pastoral da Mobilidade Humana querendo ter algumas orientações claras e seguras a respeito desta situação pediu para ACNUR intermediar com o CONARE.

Conhecemos o teor da Resolução de 12 de janeiro 2012, e sempre orientamos para voltar ao Haiti e entrar com uma solicitação de Visto no Consulado do Brasil em Porto Príncipe. Mas o que fazer quando um haitiano solicita refúgio? Ele tem o direito (amparado pela Lei do Refúgio) de solicitar refúgio - constando ao CONARE a responsabilidade e o direito de deferir ou indeferir o pedido - e, portanto, o direito de ser atendido pelo setor de Migração da Polícia Federal? O setor Migração pode negar-se de abrir este processo?

Até hoje não tivemos uma resposta formal do CONARE nem uma posição definida de ACNUR (se os haitianos podem entrar no Brasil solicitando Refúgio, ACNUR pode negar a ajuda financeira?)



A nível humanitário estamos ajudando com a alimentação, quando temos recursos ou recebemos doações. Permanece a preocupação com este grupo de pessoas que continua se deslocando do próprio pais a procura de vida digna e sustento para as próprias famílias e que enfrenta muitas dificuldades, sendo muitas vezes vítimas de aliciadores que prometem uma entrada fácil no Brasil e os tornam reféns por causa das dívidas.



A nossa impressão é que o fluxo de chegada pode aumentar. Estamos avaliando as diferentes possibilidades de ajuda cabíveis e possíveis dentro das nossas possibilidades. Não temos mais doações significativas já que “teoricamente” o problema haitianos está resolvido e o contesto sócio-político da cidade não é muito favorável para suportar uma nova demanda (considerando que foi omisso em todos os anos passados).


Tabatinga, 08.08.2012

 Irmã Patrizia Licandro

Diretora da Pastoral da Mobilidade Humana

Diocese do Alto Solimões

fone (97) 3412 5379
        (97) 8114 3792