quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Noticia 27-11-2014

Vindos do Acre, haitianos começam a chegar ao RS

Ônibus com 32 imigrantes deve concluir viagem a Porto Alegre nesta quinta-feira
Haitianos saíram do Acre no início da semana | Foto: Luciano Pontes / SECOM / Agência de Notícias do Acre / CP
Haitianos saíram do Acre no início da semana | Foto: Luciano Pontes / SECOM / Agência de Notícias do Acre / CP
 
* Com informações do repórter Nildo Júnior

O Rio Grande do Sul começou a receber nessa semana uma leva de haitianos vindos do Acre em busca de trabalho. Um ônibus com os imigrantes chegou a Porto Alegre na segunda-feira e, nos próximos dias, dezenas chegarão à Capital.

O governo gaúcho foi pego de surpresa, de acordo com o assessor de Cooperação e Relações Internacionais, Fabio Balestro, que monitora a situação. Ele disse que o governo soube pela imprensa da viagem dos haitianos.

Conforme Balestro, um ônibus com 32 haitianos é esperado para o fim da madrugada desta quinta-feira. Um segundo ônibus com 44 imigrantes deve chegar ainda nesta semana e outros dois estariam a caminho. Para atendê-los, o Piratini conta com assistência do governo federal. “O governo federal está conosco para ajudar a providenciar alguma documentação que estiver faltando para que eles não fiquem em situação de vulnerabilidade”, afirmou.

Haitianos podem ser encaminhados a Caxias e Rio Grande

Não há um plano definido para receber os haitianos, mas uma ideia preliminar do governo é ajudar a encaminhá-los a cidades que já receberam imigrantes, como Caxias do Sul e Rio Grande. É possível, segundo Balestro, que os haitianos que estejam para desembarcar já tenham familiares no Estado.

Contatados, postos da Polícia Rodoviária Federal em diferentes rodovias federais do Rio Grande do Sul não tinham a informação sobre a viagem dos haitianos no início da madrugada desta quinta-feira.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Noticia - Novembro de 2014

 
Migrantes Adital: Os desafios do novo ciclo migratório no Brasil
 
Adital
Paolo Parise é diretor do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios (CSEM), uma das quatro instituições que compõem a Missão Paz, uma das principais organizações de ajuda ao migrante no país. Já são 15 anos os quais Parise dedica ao trabalho social no Brasil. "Vim como estudante de Teologia, voltei para Roma, fiz meu Mestrado. Voltei para o Brasil, fui para o Grajaú [extremo sul da cidade de São Paulo]. Voltei a Roma para fazer meu doutorado, em "Cristologias da América Latina”. Voltei em 2010, quando, desde então, estou aqui, na Missão Paz”.
 

Padre Paolo Parise, da Missão Paz. Crédito: camara.gov.br
 
Além de receber as pessoas que chegam sem um teto para passar a noite, a Missão Paz oferece cursos de português para os internos, atendimento em saúde, além de orientação quanto à emissão da documentação e intermediação com empresas. Uma brinquedoteca busca dar um ar mais lúdico aos frios corredores da Casa que os abriga.
Apesar da atual desatenção dos grandes veículos de comunicação do país, a questão migratória continua desafiando os scalabrinianos da Missão Paz. Além das 110 vagas oferecidas, a Casa do Migrante continua tendo que se valer de alojamentos improvisados. "E isso constantemente, todos os dias”, frisa Parise.
Migrar é um direito universal do homem, entretanto ainda está longe de ser colocado completamente em prática. "A gente assiste a essas contradições, o capital, o mundo das finanças tem uma imensa facilidade em migrar, mas o ser humano encontra muito mais dificuldade”, reflete o sacerdote.
Confira a entrevista exclusiva de Padre Paolo Parise à Adital.
Adital: Quais as principais nacionalidades que estão chegando hoje à cidade de São Paulo?
Pe. Paolo Parise: Hoje, ainda são os bolivianos, só que ‘não fazem mais notícia’, por assim dizer. Quem está chamando a atenção [da mídia] são os haitianos e os sírios [por causa do conflito]. Dos países africanos temos o Congo, e em um número um pouco menor os angolanos. Da América Latina, além da Bolívia, vem chegando um grande grupo do Paraguai, todos jovens, e do Peru. O Equador é um grupo novo que vem chegando. Bangladesh é um grande grupo que está solicitando refúgio no Brasil, mas aqui [na Casa do Migrante] não passa muito.
Adital: Como se dá a recepção aos estudantes que vêm para o Centro de Estudos (CSEM)?
PP: Aqui, nós temos uma biblioteca especializada em migração, com bibliografia em vários idiomas. Revistas atualizadas do mundo inteiro só sobre migração – Nova York, Paris, Roma, Buenos Aires, vários lugares. Temos a Revista Travessia [1], que nós publicamos, uma das primeiras ou se não a primeira no Brasil sobre migração. Fazemos ainda pesquisas, oferecemos um curso à distância, sobre "Teologia das Migrações”. Recebemos estudantes de várias universidades do Brasil, em especial São Paulo, mas também de vários outros lugares.
Adital: Como aquela jovem? Ela é pesquisadora, estudante? [Antes de começarmos nossa conversa uma mulher interceptou Pe. Paolo em inglês]
PP: Sim, é uma doutoranda, cujo objeto de pesquisa são os bolivianos. Já está aqui há um mês e meio acompanhando os eventos da comunidade boliviana.
 

Igreja Nossa Senhora da Paz, na rua do Glicério, zona central da cidade de São Paulo. Crédito: saopaulo.sp.gov.br
 
Adital: Como se acontece a comunicação institucional com esses imigrantes em São Paulo?
PP: Temos uma web-rádio com programação em espanhol. Temos ainda um programa ao vivo, seis e meia da tarde [18h30] na rádio 9 de julho, aos domingos, onde falamos sobre questões migratórias, como documentação, tráfico de pessoas, serviços. A [rádio] 9 de julho abriu esse espaço há vários anos, já se tornou um veículo para passar informações à comunidade de língua espanhola.
Adital: Vocês oferecem uma série de serviços, como ajuda com a documentação...
PP: O CPMM [Centro Pastoral e de Mediação dos Migrantes] possui cinco grandes eixos. O jurídico-documentação, no qual ajudamos com a Carteira de Trabalho, com o agendamento na Polícia Federal, a preparar toda a documentação... O segundo, [o eixo] Trabalho, que começou há quase três anos, é o carro-chefe ao lado da documentação. O terceiro eixo [do CPMM] são as centenas de cursos parceiros que temos na cidade de São Paulo, como o Sesc (Serviço Social do Comércio), em que a pessoa pode fazer curso de eletricista, disso, daquilo, a gente encaminha. Já temos essa rede montada, oferecemos uma carta de apresentação, conseguimos bolsas... Outro eixo é saúde. E, por fim, o eixo Educação, com toda a questão das crianças, escolas, creches, e o eixo Família-Comunidade. Por dia, ultrapassamos os 70, 80 atendimentos. 
 
 

Cartaz com informação de cursos gratuitos. Crédito: Paulo Emanuel Lopes
Adital: Neste ano, a Casa do Migrante sofreu uma grande pressão por conta da demanda de haitianos chegados a São Paulo vindos do Estado do Acre. Essa situação se normalizou?
PP: Infelizmente, não. Além das 110 vagas de que dispomos, precisamos abrigar de 30 a 60 pessoas nos salões da igreja. E isso constantemente, todos os dias. Já chegamos a albergar [além da capacidade] 83 pessoas, depois diminuiu para 40, 15... e, então, voltou a subir. Nós recebemos essas pessoas, mas é necessário que haja uma ação efetiva do Estado receptor no oferecimento de abrigos adequados [2] e também na Barra Funda! [Muitos desses haitianos chegam a São Paulo pela rodoviária do bairro Barra Funda, sem nenhum apoio e sem ter lugar para onde ir. Acabam chegando à Missão Paz, no bairro da Liberdade, com ajuda de funcionários do Metrô ou de cidadãos que conhecem a situação e se dispõem a ajudar.]
 
 
Adital: Quais são os principais problemas encontrados?
PP: A aprendizagem do idioma e encontrar uma casa, eu arriscaria. Eles vão procurar na região periférica da cidade por ser mais barato, mas é uma via sacra encontrar, porque, se para brasileiro é difícil, pede isso, pede aquilo, pra eles, é ainda mais complicado. Outro problema, eu diria, é o trabalho. Infelizmente, há alguns casos que nos chocam envolvendo racismo. Por exemplo, serviços que eles têm direito, como saúde, muitas vezes, encontram funcionários que não têm sensibilidade. ‘Vocês estão vindo aqui atrapalhar o serviço que já é precário para os brasileiros...’, a gente vê coisas desse tipo acontecerem.
 

Bairro da Liberdade, em São Paulo, abriga a maior colônia japonesa no Brasil. Crédito:obairrodaliberdadesp.blogspot.com
 
Adital: Como o Brasil, um país tradicionalmente receptor de imigrantes, japoneses, italianos, entre outros, está se comportando diante dessa nova onda migratória?
PP: O Brasil foi formado pelas migrações. Desde aquela terrível, que foi a escravidão, e, depois da abolição da escravidão, toda a imigração europeia, além de outras migrações, como a chinesa, a japonesa. Eu diria que o que é urgente, hoje, é termos sensibilidade. O Brasil, nesse momento, não tem um grande número de imigrantes. A mídia, às vezes, apresenta como invasão, que é um termo errado. Se a gente ver o caso dos haitianos, 35 mil pessoas não é nada em relação à população do Brasil. Os números [de imigrantes] não chegam a um por cento da população [brasileira]. Temos a Suíça, cujos imigrantes são mais de vinte por cento da população local, por exemplo. Na Itália, são oito, nove por cento. O Brasil está com uma pequena percentagem, é fácil administrar. O Brasil é ainda chamado a mudar a Lei Migratória, que é da época da ditadura militar, 1980, que olha para o imigrante como uma ameaça. Mas não é só isso, tem que ser criadas estruturas de acolhida, não é simplesmente dizer ‘bem-vindo’. Quem está fazendo isso, hoje, no Brasil, é a Igreja Católica. Olhando por São Paulo, [tem] a Missão Paz, Arsenal da Esperança, Casa da Mulher, Cáritas, quatro estruturas da Igreja Católica. O Estado ainda está deixando a desejar, mas está começando a se movimentar.

Adital: Estamos vivenciando a crise das crianças migrantes, a questão dos refugiados da guerra civil Síria... Como você entende esses novos movimentos migratórios no mundo?
PP: Infelizmente, estamos em uma época em que não só as questões econômicas estão motivando a migração, mas ainda continua a questão das guerras, dos conflitos. Só da Síria saíram mais de 2 milhões de pessoas. Infelizmente, nisso, o mundo não mudou. Agora o fato é que, na época atual, existe uma grande facilidade por conta dos meios de transporte, o que faz com que a migração seja muito mais rápida. Ao mesmo tempo, temos as barreiras, blocos ou países que tentam se proteger das migrações. A gente assiste a essas contradições, o capital, o mundo das finanças tem uma imensa facilidade em migrar, mas o ser humano encontra muito mais dificuldade. Uma outra questão que percebo é que, no mundo inteiro, o migrante tem uma situação semelhante. Se a gente olha, 10 anos atrás, os brasileiros saíam. Lembro os amigos [brasileiros] que conheci na Itália, eles eram babás, cuidadores de idosos, trabalhos que os italianos não queriam fazer. Agora, estão procurando babás aqui [na Casa], porque o brasileiro não quer mais. Os empresários de frigoríficos dizem ‘não encontramos mais brasileiros’. Não digo que dá para generalizar, mas uma boa parte [dos imigrantes no mundo] vai fazer o trabalho que o nativo não quer mais fazer, e isso está acontecendo nesse momento no Brasil.
 
 
 

domingo, 2 de novembro de 2014

Haiti: mapa e outras informacoes

Resultado de imagem para haiti
 
  • Haiti
    País
  • Haiti, oficialmente República do Haiti, é um país do Caribe. Ocupa uma pequena porção ocidental da ilha de Hispaniola, no arquipélago das Grandes Antilhas, que partilha com a República Dominicana. Ayiti era o nome indígena dos taínos para a ilha. Wikipédia
  • Moeda: Gourde
  • Línguas oficiais: Crioulo haitiano, Língua francesa
  • Noticia 01 de novembro de 2014

    Haitianos vivem rotina de fome, falta de espaço e desilusão na Amazônia

    Grupos de até 100 imigrantes moram em casas cedidas por moradores. Alguns já arriscam palavras em português, mas não encontram emprego.


    Edeline desabafa Edeline desabafa "aqui é pior que o Haiti"; sonho de haitianos é viajar para Manaus (Foto: Luciana Rossetto/G1)
    O fluxo de imigrantes mudou a rotina de Tabatinga (AM), localizada na fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia. Vários grupos de até dez haitianos passam a manhã caminhando pelas ruas da região central se oferecendo para fazer bicos em troca de alguns trocados ou até de um prato de comida. Poucos têm sucesso.
    No horário do almoço, eles retornam para as casas que servem de alojamento. Algumas foram cedidas por moradores da cidade e abrigam até cem pessoas. Outros conseguiram alugar quartos pequenos que dividem com outros imigrantes. Passam o resto do dia sentados em frente às casas, pensando em como conseguir dinheiro e até comida.
    Os haitianos começaram a chegar a Tabatinga, cidade na fronteira da Colômbia e do Peru, em novembro, depois de uma viagem de até dois meses por países da América Central e do Sul. Os imigrantes fogem da devastação provocada pelo terremoto ocorrido em 12 de janeiro de 2010 no Haiti.
    Em um dos imóveis que abriga cerca de cem haitianos, Eliane Floreius é uma das cinco mulheres que tenta manter o local limpo. O cheiro azedo e a quantidade de lixo espalhada dentro e fora da casa revelam que o trabalho não é fácil. Como o trajeto até o Brasil é penoso, as famílias costumam economizar dinheiro para mandar os homens mais fortes para buscar trabalho.
    “A mulher sempre tem medo de se arriscar, mas eu sou muito forte e corajosa. No meu caso, não tenho marido. Tenho três filhos pequenos e preciso sustentar meus pais. No Haiti, eu vendia roupas na rua e também trabalhava na lavoura de tabaco. Perdi tudo no terremoto e vim porque preciso ajudar meus parentes que ficaram lá”, diz.
    Ela chegou no dia 28 de janeiro e procurou emprego como vendedora e até diarista em Tabatinga, mas não conseguiu nada. “Enquanto não arrumo o que fazer, vou tentando limpar a casa e lavar as roupas. Pena que não temos sabão”, afirma.

    Terreiro da casa é usado como área de cozinha;
todos os espaços cobertos viram dormitórios
(Foto: Luciana Rossetto/G1)Terreiro da casa é usado como área de cozinha;
    todos os espaços cobertos viram dormitórios
    (Foto: Luciana Rossetto/G1)
    Todo o espaço útil da casa é usado como dormitório pelos haitianos, que dormem lado a lado em colchonetes ou sobre lençóis no chão. As poucas roupas ficam penduradas em pregos e varais improvisados que passam de um canto ao outro do imóvel. Na casa há um banheiro e, para usá-lo, é necessário esperar em uma fila.
    A cozinha é usada como quarto e os haitianos preparam as refeições em fogueiras, com panelas doadas por moradores. O alimento também é fruto de doação, mas geralmente não é suficiente para todos. Quem chega por último, não come. Se tiver dinheiro, consegue comprar alguma coisa e prepará-la na fogueira, mas sabe que terá de dividir.
    “É essa nossa situação aqui. Temos que dormir todos juntos, torcendo para não chover porque há goteiras e para ninguém passar mal, porque senão pode sujar outra pessoa. Ficamos o dia inteiro sem comer. Saímos de uma desgraça e encontramos outra aqui”, diz Raymond Jean Baptiste, de 27 anos.

    Aqui é pior que o Haiti, mas acho que ainda não estou no Brasil. Tabatinga não é Brasil, Manaus é"

    - Edeline Michel
    Outro grupo de haitianos aluga quartos ainda em construção, de seis metros quadrados, por R$ 150 cada. No terreno, há quatro quartos que são ocupados por dez haitianos em média. Há três banheiros coletivos que ficam do lado de fora. A haitiana Edeline Michel divide o espaço com os compatriotas e não esconde a tristeza por não ter tido sucesso no Brasil.
    “É apertado demais e temos muitos mosquitos também. Eu não consigo dormir direito, fico com medo. Aqui é pior que o Haiti, mas acho que ainda não estou no Brasil. Tabatinga não é Brasil, Manaus é”, diz.
    Ela ajuda a preparar a comida em um fogão velho, que foi doado por um vizinho, enquanto chora de saudades dos três filhos, dos pais e da irmã. “Eu vim para cá em dezembro e não consegui ajudar minha família. Não liguei mais para eles porque estou com vergonha. O que eu faço para ter dinheiro aqui?”, diz.
    Idioma Os haitianos falam francês e crioulo, mas conseguem se comunicar bem em Tabatinga (AM). A maioria fala espanhol e arrisca algumas palavras em português durante uma conversa. Os imigrantes que já estão há mais tempo no país, cerca de quatro meses, já se mostram à vontade para usar a língua em muitas situações.
    “Bom dia. Por favor, quero ir para Manaus. Dinheiro depois”, foi assim que o haitiano Eind Jean tentou conquistar a simpatia do piloto da embarcação de passageiros que segue para a capital do estado. Ele não conseguiu a carona, mas pretende insistir. “Estou no Brasil há quatro meses e acho que estou falando bem português. Às vezes, eu me confundo, falo francês, espanhol, uso as mãos, mas tenho certeza que todos me entendem”, explica.
    Professor de matemática no Haiti, Reynald Baptist espera aprender bem o idioma português para continuar com a mesma carreira no Brasil. Ele chegou em novembro passado. “Sonho conseguir dar aulas no Brasil, mas acho que o governo só vai me dar emprego depois que eu falar bem português. Até lá, quero arrumar um emprego em loja ou qualquer lugar para ter o que mandar para minha família”, diz.

    Eliane Floreius tenta manter o local limpo: Eliane Floreius tenta manter o local limpo: "pena que não temos sabão" (Foto: Luciana Rossetto/G1)

    segunda-feira, 20 de outubro de 2014

    Noticias de Santa Catariana 20-10-2014. Acesse o site

    Número de haitianos em Florianópolis e São José é cada vez maior Aproximadamente 50% dos imigrantes que chegam no Acre, principal ponto de entrada deles, querem vir para Santa Catarina [...] Veja mais em: http://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/166437-numero-de-haitianos-em-florianopolis-e-sao-jose-e-cada-vez-maior.html.

    sábado, 27 de setembro de 2014

    14-09-2014 Noticia

    Colônia de haitianos que busca refúgio no Brasil escolhe Grande BH para morar e trabalhar

    O número de haitianos que busca refúgio no Brasil já beira os 50 mil. Entrada via aeroporto de Confins aumentou 261% em 8 meses

    Pedro Ferreira
    Publicação: 14/09/2014 06:00 Atualização: 14/09/2014 07:09

    Imigrantes como Wisten Dieurilus encontram trabalho em obras (Jair Amaral/EM/D.A.Press)
    Imigrantes como Wisten Dieurilus encontram trabalho em obras

    A vida não estava nada fácil para Nancia Vernet, de 29 anos. A técnica agrícola trabalhava com os pais e quatro irmãos na lavoura, em terreno arrendado, a duas horas de Porto Príncipe, capital e maior cidade do Haiti. Plantavam arroz, feijão, banana, batata e pimenta. Quase cinco anos depois do terremoto de magnitude 7 que sacudiu o pequeno país do Caribe e matou 200 mil pessoas, em 2010, a vida não dava sinal de melhorar. Pelo contrário: piorou quando o namorado, Woody Pier Louís, de 35, assim como milhares de outros haitianos, partiu para terras brasileiras em busca de vida nova. A saudade apertou. Nancia decidiu: “Também vou para o Brasil”.

    Nancia e Woody partiram para fazer parte de um população de 43 mil haitianos espalhados por 267 municípios brasileiros, segundo a pesquisa “Migração Haitiana para o Brasil”, da Organização Internacional para as Migrações (OIM), que estima 50 mil pessoas dessa nacionalidade em solo brasileiro até dezembro. Os pais de Nancia bancaram os US$ 220 do visto e US$ 1.176 das passagens de avião. Há sete meses ela desembarcou no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, Região Metropolitana de BH.

    Hoje, a ex-agricultora trabalha em uma distribuidora de alimentos e divide um barracão com o namorado e um primo em Contagem, na Grande BH. Há três meses ela tomou outra decisão. “Não volto mais para o Haiti, só a passeio. Quero criar minha família aqui”, diz a moça de cabelos trançados, simpática e sorridente, que já domina o português e anuncia a boa- nova: “Estou grávida de três meses. É um brasileirinho”.

    No fim do ano passado, eram 21,4 mil haitianos no Brasil, segundo o Ministério da Justiça. O número de naturais do país caribenho que chegam por ano aumentou de 459, em 2010, para 13,6 mil em 2013. A pesquisa da OIM mostra que 40 imigrantes do Haiti entram por dia no país pela fronteira do Acre. “Nos últimos meses eles têm imigrado com visto em caráter humanitário emitido pela Embaixada do Brasil em Porto Príncipe”, informou a Polícia Federal, que somente pelo aeroporto de Confins registrou a chegada de 141 haitianos no ano passado.

    O ano de 2014 ainda nem acabou e o aumento já é de de 261% (509). Na Grande BH, a estimativa é de 3 mil imigrantes morando entre Contagem, Ribeirão das Neves e Esmeraldas. Somente no Bairro São Pedro, nessa última cidade, são mais de 300. “É praticamente impossível saber ao certo quantos haitianos vivem em Minas, pois a mobilidade deles é muito grande”, conclui o coordenador da pesquisa, Duval Fernandes, do Programa de Pós-graduação em Geografia da PUC Minas.

    O estudo mostra que os primeiros haitianos chegaram a Minas em 2008, trazidos por um pastor evangélico que esteve em missão em Manaus e os encontrou em situação precária. “O religioso conseguiu emprego para eles na Grande BH, na construção civil e na indústria. A partir daí, não pararam mais de chegar”, conta o pesquisador. Na época, empreiteiros mineiros também buscaram haitianos em Manaus e no Acre, segundo ele, interessados em mão de obra boa e barata.