sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Informações interessantes sobre a situação atual no Haiti - 06-02-2015.

Haiti ainda tenta se recuperar do terremoto cinco anos depois
 
 
Adital
Passados cinco anos do terremoto de que assolou o Haiti em 12 de janeiro de 2010, matando cerca de 300 mil pessoas, ferindo 350 mil e deixando mais de 2 milhões de pessoas sem moradia, é perceptível por todos os lados as obras de infraestrutura para a retomada da vida cotidiana, mas ainda há uma fragilidade muito grande. Falta de moradia e instabilidade política permanecem como questões graves.
 
 
Habitações precárias ainda são um grave problema após cinco anos do terremoto de 2010.
 
Em recente visita ao Haiti, cerca de 50 pessoas representando a Cáritas do Brasil, Itália, Alemanha, Suíça, Bélgica, Escócia, Espanha, Estados Unidos, Peru, França, Selacc [Secretariado Latino-Americano e do Caribe da Cáritas] e Cáritas Internacional, reuniram-se de 14 a 19 de janeiro na sede da Cáritas Haiti, em Porto Príncipe, para avaliar a realidade atual haitiana, os resultados da atuação da Cáritas na região e planejar os próximos passos da entidade para dar continuidade à cooperação.
 
Atualmente, são 3,7 milhões de miseráveis no país e cerca de 90 mil famílias vivendo em barracos de lona na capital, Porto Príncipe. A "indústria do desastre”, nas palavras do assessor nacional da Cáritas Brasil, Fernando Zamban, tem gerado abusos na comercialização de produtos e serviços essenciais à sobrevivência. E, com o tempo, poucas organizações permaneceram no país contribuindo para a reconstrução, o ensino e a saúde. Outro fator preocupante é que, de acordo com o mapeamento da incidência de catástrofes no Haiti, é possível afirmar que a cada cinco anos, em média, o país pode ser afetado por alguma catástrofe climática.
 
Em entrevista à Adital, Zamban comenta sobre os avanços e dificuldades na retomada do Haiti, a participação das missões militares, como a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), e como a Cáritas e os movimentos sociais têm contribuído nas ações de melhorias.
 
Adital: Como a Cáritas avalia a situação do Haiti após os cinco anos de terremoto?
Zamban: Nesses cinco anos, percebemos um esforço significativo na reconstrução do país. Na capital, Porto Príncipe, por todos os cantos, há alguma obra em andamento. Todavia é grave ainda a falta de acesso a água potável e energia elétrica. Ambos são muito caros e a maioria da população não tem condições de adquirir. Ao mesmo tempo em que há um grande apelo para a solidariedade ao Haiti há ainda a "indústria do desastre", que se aproveita da catástrofe para gerar e concentrar riquezas. A moeda local (gourde) é extremamente desvalorizada e fica refém da circulação do dólar estadunidense no país. O que o povo produz é comercializado em gourdes, mas quase tudo que é necessário comprar é comercializado em dólar. Essa diferença torna quase inviável a vida em alguns setores no Haiti. Há um esforço grande da Cáritas para fortalecer campos estratégicos de retomada da vida no Haiti, como a economia solidária, agroecologia, acesso à água potável... 
 
Economia solidária e agroecologia devem ser fortalecidas no Haiti.
 
Adital: Como está a situação da autonomia política no país?
Zamban: O país passa por um momento político crítico, com pressão popular e externa para que se construa consenso o mais brevemente possível e sejam convocadas eleições. Atualmente, pela falta de acordo entre governo e oposição, o presidente governa por decreto e mais da metade do parlamento tem seus mandatos vencidos, portanto, não há como votar leis, etc. As manifestações de rua não chegam a impressionar, mas são um importante instrumento de conquista de direitos. Na semana em que estivemos em Porto Príncipe, o presidente deu posse ao novo primeiro ministro que é da oposição sinalizando, claramente, que há um avanço no acordo entre ambos para dar fim ao impasse político e, no prazo constitucional, convocar eleições. Como os sistemas de comunicação da capital com o interior do país foram bastante afetados pelo terremoto e nem tudo foi reconstruído há um temor de que realizar o processo eleitoral sem um prazo amplo de debate possa prejudicar as eleições.
 
Adital: Estruturalmente, houve avanços em relação aos direitos básicos da população (saúde, moradia, etc?)?
Zamban: Na semana em que estivemos em Porto Príncipe, comparecemos à inauguração do Hospital São Francisco, reconstruído com recursos da Cáritas dos Estados Unidos e de outras duas organizações. Além de amplo, o hospital é moderno e conta com equipamentos e tecnologia avançada para o tratamento dos enfermos. Outros hospitais também foram reconstruídos. Todavia, é necessário e urgente ampliar o horizonte dos cuidados com a saúde para o horizonte da prevenção e dos cuidados básicos. Um avanço importante foi o controle da epidemia de cólera, que afetou o país tempos depois do terremoto. Aos poucos, percebemos que as famílias desabrigadas estão sendo assentadas, porém, em condições não ideais, como falta de saneamento básico e, na capital, ainda são 90 mil famílias vivendo em barracos ou moradias provisórias. As moradias construídas pela Rede Cáritas foram incrementadas com sistemas de armazenamento de água e saneamento básico.
 
Fernando Zamban esteve no Haiti recentemente e verificou que ainda é grande falta de água potável e energia elétrica.

Adital: Como está a atuação das ONGs internacionais no Haiti?
Zamban: Logo após o terremoto, centenas de organizações desembarcaram no Haiti para reconstruírem o país, ajudar com os feridos e outros cuidados. Muitos foram os voluntários que chegaram de forma independente para colaborar. Passados cinco anos do terremoto, poucas permanecem. Apenas as mais significativas continuam com ações contundentes, como a Cáritas, Cruz Vermelha, algumas congregações, a ONU [Organização das Nações Unidas], Usaid [Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional], etc. Evidente que quando ocorre uma tragédia dessa magnitude o apelo emocional para ajuda humanitária é intensa, contudo, a continuidade do trabalho é fundamental. Não se reconstrói um país no primeiro ou segundo ano da tragédia. É preciso tempo e estratégia. Diversas ações realizadas pelas organizações surtiram efeito e atenderam a milhares de pessoas, mas ocorriam de forma descoordenada, gerando sobreposição de atividades e duplicidade de esforços. As organizações têm um papel na reconstrução, que vai muito além de erguer casas, escolas, hospitais, etc. A tarefa árdua é de reconstruir a vida no Haiti. Isso requer esforços conjuntos e articulados de transformação da realidade, que é anterior ao terremoto, inclusive.
 
Adital: Existe receptividade dos haitianos na atuação dessas ONGs?
Zamban: O povo haitiano é bastante receptivo, mas também bastante desconfiado. Natural um comportamento dessa forma para um povo que tanto sofreu desde a colonização até hoje. Há sim bastante receptividade, mas é necessário conquistar a confiança do povo haitiano e ter disposição de aprender com a cultura haitiana. Se não houver paciência pedagógica por parte das organizações não haverá trabalho que possa dar bons frutos.
 
Adital: Setores dos movimentos sociais questionam a presença da Minustah no Haiti. Como está a resistência política a essa missão atualmente?
Zamban: Como ficamos poucos dias, não podemos afirmar que há questionamentos ou que há apreço à presença da Minustah. O que há são muitas informações desencontradas. Algumas pessoas relataram que a presença da Minustah dificulta o processo de democratização do país, por outro lado, há pessoas que relatam que a presença ainda é necessária, pois a violência das "gangues" ainda é frequente. Ao mesmo tempo em que a violência aumenta, também há denúncias de abusos de autoridade e estupros promovidos por soldados da Minustah. Bom, fato é que os custos para a manutenção das tropas no país são muito elevados e acreditamos que uma quantia significativa desses recursos, se transferidos para atendimento às necessidades da população, poderiam surtir um impacto maior na reconstrução do Haiti do que apenas a manutenção das tropas.
 
Adital: Como a Cáritas avalia a atuação da Minustah atualmente?
Zamban: Mesmo com as denúncias, algumas organizações afirmam que a Minustah ainda é um "mal necessário" para a estabilidade do país, mas é preciso que o processo de democratização não seja tutelado pelas forças de paz da ONU. Ou seja, esses relatos dizem que a Minustah é importante para garantir segurança, mas não deve interferir na democracia. Ainda assim, somos contrários à premissa internacional de intervenção militar no Haiti ou em qualquer território sob o pretexto de que a população não tem condições de construir a democracia, todavia, apenas a retirada das tropas não resolve a situação, é preciso uma transição democrática participativa e popular. 
 
Pobreza enfrentada pelos haitianos e haitianas tem causas estruturantes.
 
Adital: Quais os desafios que ainda enfrenta o país?
Zamban: A pobreza enfrentada pela imensa maioria da população do país, sem dúvida, é algo estruturante. Não se pode reconstruir um país de barriga vazia. O acesso à educação é bastante restrito e caro. Mesmo o Estado fornecendo a estrutura física para funcionamento das escolas, é preciso pagar para ter os filhos/as na escola. Outro desafio grande enfrentado é o acesso à água potável. Na capital, por exemplo, só se consegue água potável comprando. No campo, o desafio é fortalecer a produção diversificada e a garantia de comercialização da produção. Apesar de controlada, a cólera ainda mata muitas pessoas no Haiti. A situação política é bastante delicada e o estímulo à economia, muitas vezes, é dado apenas às multinacionais que estão no país e exploram a mão de obra barata. Moradia adequada e acesso a saneamento básico ainda são bastante precários entre tantos outros desafios que são enfrentados pela população cotidianamente. É preciso avançar na organização social dos sujeitos para a efetivação de direitos humanos universais com ampliação da participação popular no controle social de políticas públicas. Na verdade, as dificuldades enfrentadas pelo país só foram agravadas com o terremoto e não geradas por ele. Saímos com duas certezas de Porto Príncipe: que muitas questões avançaram na reconstrução do país, mas ainda é necessária muita ajuda e solidariedade ao povo haitiano. Muito ainda tem a ser feito.
 
Adital: Quais são as ações apoiadas pela Cáritas no Haiti?
Zamban: A Cáritas tem feito um esforço muito grande de ajuda humanitária ao país nestes cinco anos. São 12 Cáritas de diversos países apoiando um plano de ação coordenado pela Cáritas Haiti. Os recursos coletados no Brasil pela Cáritas e a CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil] ajudaram na construção de moradias, acesso a tecnologias de captação e armazenamento de água potável e acesso a saneamento básico adequado. Outro campo de atuação apoiado com recursos do Brasil é para a construção de escolas com infraestrutura adequada e ensino de qualidade e gratuito. Além disso, a Cáritas Brasileira apoiou, amplamente, o fortalecimento da economia solidária no país, com ações formativas, capacitação técnica, financiamento de insumos para a produção, organização das/os trabalhadoras/es em fóruns, etc. Nesse campo, enviamos duas pessoas que permaneceram um ano no país com a missão de fortalecer a economia solidária. O fortalecimento da atuação da Cáritas Haiti também é fundamental para avançar para uma segunda etapa de apoio, que é voltada para a segurança alimentar e nutricional, recuperação de florestas, acesso à água potável de qualidade para a população, saneamento básico, entre outras coisas. Apenas com recursos do Brasil estimamos uma ajuda direta a 10.000 pessoas no Haiti. Com recursos brasileiros também foi possível constituir uma missão intercongregacional de religiosas brasileiras que atua em uma comunidade muito empobrecida, com cozinhas comunitárias, oficinas de corte e costura, panificação e massas, oficinas culturais com adolescentes e jovens, etc. No campo da saúde, uma missão franciscana trabalha para ampliar o atendimento de saúde básica a população haitiana em áreas mais empobrecidas do país.   
 
Reunião da Cáritas Haiti
 
Entre os encaminhamentos gerais após a visita ao país, estão: a criação de um grupo de trabalho de apoio e fortalecimento da Cáritas Haiti, o compromisso assumido por todas as Cáritas presentes de continuar cooperando com Cáritas Haiti e que a Cáritas Internacional recomende ao Comitê Executivo o encerramento oficial do EA 30/2008 e EA 16/2010. A Cáritas Brasileira assinou um "adendum” de continuidade da cooperação entre os dois países até o fim de 2015, que será executado com o saldo dos fundos já disponibilizados. No acordo, está prevista a construção de casas, escolas e apoio a projetos e ao fortalecimento da economia solidária no Haiti.
 
Campanha
A Anistia Internacional lançou, recentemente, uma campanha para que pessoas de todo o mundo enviem uma petição ao presidente haitiano, Michel Martelly, para que intervenha pelos moradores ainda desalojados de Canaã, na periferia de Porto Príncipe, e por todos os desalojados pelo terremoto, evite as remoções forçadas; e garanta acesso sustentável à moradia adequada, e a serviços essenciais, especialmente eletricidade, água potável, educação e saúde.
 
Para a Anistia, Canaã um símbolo do trabalho ainda por fazer, para permitir aos haitianos viver com dignidade e com os seus direitos respeitados. Hoje, mais de 200.000 pessoas vivem nesta grande extensão de terra declarada de utilidade pública pelo governo do Haiti depois do terremoto.
Assina a petição da Anistia ao presidente do Haiti.
 
 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Noticia 22-01-2015 - Rio Grande do Sul


- Atualizado em 22/01/2015 22h49

Caxias do Sul tem mais de 2,3 mil haitianos e senegaleses com cartão SUS

Dado foi apresentado pela Secretaria Municipal da Saúde

 
Encontro integra programação do Grupo de Estudos de Distribuição da População da PUC de Minas Gerais

            Foto: Juliana Bevilaqua  / Rádio Gaúcha Serra
 
Caxias do Sul tem, atualmente, cerca de 3 mil imigrantes, entre haitianos e senegaleses. Destes, mais de 2,3 mil são atendidos pelo Sistema Único de Saúde na cidade. São 1.254 senegaleses e 1.137 haitianos com Cartão SUS. O dado foi apresentado pela Secretaria Municipal da Saúde na manhã desta quinta-feira (22) durante encontro que integra a programação do Grupo de Estudos de Distribuição da População da PUC de Minas Gerais. A atividade é a primeira dos pesquisadores, que levantam dados sobre a imigração no País. 

Na reunião, que reuniu autoridades locais e diversos órgãos ligados ao tema na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), o grupo também obteve informações sobre a inserção dos imigrantes no mercado de trabalho e a inclusão de filhos de senegaleses e haitianos na rede municipal de ensino.
Conforme a Secretária de Educação, Marléa Ramos Alves, já há um número expressivo de imigrantes matriculados nas escolas municipais. A secretária, inclusive, tem uma reunião hoje à tarde com o novo titular da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Paulo Périco, e irá sugerir que o Centro de Línguas Estrangeiras de Caxias do Sul (Clecs), mantido pelo Estado, ofereça também curso de português para os imigrantes.

Os pesquisadores da PUC de Minas permanecem na Serra até domingo. Eles visitam Bento Gonçalves também. A intenção do levantamento é traçar o panorama da inserção laboral e a integração social. O estudo foi encaminhado pelo governo federal e dever ser concluído até o final de junho. Ele será usado na capacitação de agentes públicos. A pesquisa inclui, além de Caxias e Bento, as cidades de Criciúma, Chapecó e São Paulo.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Informacoes 12-01-2015

- Atualizado em 12/01/2015 22h11

Brasil concedeu mais de 13 mil vistos humanitários a haitianos em três anos

Muitos, no entanto, ingressam no país pelo Acre ilegalmente

 
ESPECIAL HAITI: MISÉRIA, AJUDA E ESPERANÇA
>>>Entidade de religiosos brasileiros atende centenas de haitianos por dia
>>> Haiti tenta se reerguer cinco anos após o terremoto
>>> Autoridades defendem saída gradual das tropas da ONU do Haiti
>>> O contraste da maioria miserável com a minoria rica no Haiti

                               Haitianos em frente à base militar em Cite Soleil
Em novembro do ano passado, Porto Alegre conviveu com uma nova onda migratória de haitianos. Eles chegavam na Capital gaúcha em ônibus que saíam do Acre, porta de entrada para muitos, em razão da distância menor em relação ao país de origem, e dos coiotes, que trazem ilegalmente essas pessoas. O mesmo já havia ocorrido em 2012, quando vários ingressaram no Brasil. Aliás, muitos seguem até hoje no País. Estivemos no Haiti para buscar explicações para essa nova onda migratória para o Brasil.
A reportagem da Rádio Gaúcha esteve em frente à embaixada brasileira no Haiti, no Bairro de Pentio-Ville, o mais rico e desenvolvido do país, que fica na capital Porto Príncipe. Em frente ao prédio, que também abriga a embaixada do Japão, haitianos faziam fila em busca de visto.
Em entrevista à Rádio Gaúcha em Porto Príncipe, o embaixador brasileiro no Haiti, José Luiz Machado e Costa, disse que a pressão social de evasão de haitianos já existe há algum tempo. Afirma que não há motivo novo em relação à primeira onda migratória mais forte ocorrida em 2012. De acordo com o diplomata, os haitianos que estão no Brasil passam cada vez mais informações sobre o País aos que ainda seguem em solo haitiano. Destaca que eles partem em busca de melhores condições de vida.
“E os haitianos em busca de oportunidade, de melhores condições de vida que o país não pode lhes oferecer, eles procuram migrar para os Estados Unidos, para Canadá, para a Europa e, agora, para o Brasil. Porque o Brasil com uma política migratória de abertura para os haitianos especificamente que retiram um visto de permanência humanitária e isso obviamente tem atraído muitos haitianos”, destaca o diplomata.

                       Embaixador brasileiro no Haiti - José Luiz Machado e Costa
Para o embaixador, a procura pelo Rio Grande do Sul ocorre em função da oferta de trabalho.
“Muitos deles têm escolhido o Sul. Pelas oportunidades que têm aparecido lá, especialmente na área agrícola e na área têxtil”, destaca o embaixador, que é gaúcho de Porto Alegre.
Os haitianos que buscam o Brasil para trabalhar ficam principalmente em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Conforme o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, resoluções normativas de 2012 e 2013 do Conselho Nacional de Imigração autorizaram o Itamaraty a conceder Vistos Permanentes a cidadãos haitianos, por razões humanitárias, o que tem motivado o ingresso no País. Desde janeiro de 2012, foram concedidos 13.364 vistos humanitários para haitianos e familiares que os visitam no Brasil. Somente em 2014, foram 6.849.
No Bairro de Simon, em Porto Príncipe, Jeandie Biw, 42 anos, reclamava da falta de trabalho.
“A gente não tem emprego. Se eu estivesse trabalhando, eu não diria isso”, lamenta.

                                                   Jeandie Biw, de 42 anos
O haitiano conta que vive de bicos.
“Eu faço tráfego de caminhões. Aí quando a gente tem uma oportunidade a gente faz, quando a gente não tem, fica sem”, conta o haitiano.
Jeandie Biw não tem filhos. Diz que se tivesse, não permaneceria no Haiti.
“Eu não tenho filhos. Se eu tivesse, não ficaria no Haiti. Eu sou um pouco dominicano (A República Dominicana faz fronteira com o Haiti) e um pouco haitiano. Tenho duas nacionalidades”, diz Biw.
Em frente à Base Militar da ONU em Cité Soleil, distrito de Porto Príncipe, dezenas de crianças e adolescentes se aglomeram a cada abertura dos portões para entrada e saída de viaturas. Apesar de viver na região mais violenta e miserável das américas, essa adolescente (de camisa laranja) diz que quer ir para o Brasil, mas não para o Rio de Janeiro devido a violência.
“Eu quero ir para o Brasil, mas só quando eu fizer 18 anos. Vou lá pro Amapá, que é mais tranquilo. Não vou pro Rio de Janeiro, porque lá tem muita violência", conta.

                                        Portões entreabertos na base militar em Cite Soleil
Bane Sina, de 34 anos, assim como 80 % da população, está desempregado.
“Estou desempregado. Não tem trabalho. Eu tenho dois filhos. Um tem 14 anos e outro tem 10 anos. Eu sobrevivo vendendo fruta-pão. Eu vendo água. Com esse dinheiro, compro fruta-pão para eles e outras coisas. Quando eu não tenho nada, fico sem comer”, lamenta haitiano.
Jameson Benoti, 22 anos, trabalhou como intérprete dos militares brasileiros em 2004, durante a presença do segundo contingente no Haiti. Já está sem emprego há bastante tempo. Ele vestia uma camisa do Grêmio em frente à base militar brasileira em Porto Príncipe quando falou à reportagem.
“Eu estou com essa camisa porque sou gremista. Porque é um bom time no Brasil. Eu sou Grêmio”, disse Benoit.

                                                   Haitiano com camisa do Grêmio
Assim como a maioria dos haitianos com quem conversamos, Jameson afirma que o Brasil é bastante procurado em função da oferta de trabalho.
“Gosto de ir para o Brasil para ir lá buscar a vida, né. Ajudar a família deles. Tem pessoa que foi pro Brasil e deixou a família”. Para ele, se o haitiano for para o Brasil ganhando um salário mínimo já está mais do que bom.
“É bom, é bom. Para uma pessoa que não está fazendo nada aqui no Haiti, que está desempregado, é bom”, admite o haitiano.
Enso Marc de Oliveira é adolescente e ainda não pode ir sozinho para o Brasil. Mas não vê a hora de chegar à maioridade ou de conseguir uma forma de viajar.

                                                            Enso Marc de Oliveira
“Eu quero ir pro Brasil agora. Eu já tenho passaporte, mas tenho que ter um responsável, um amigo para me ajudar e ir pro Brasil”, afirma.
Rádio Gaúcha acompanha haitianos em viagem ao Brasil
Para ilustrar ainda mais essa nova onda migratória para o Brasil, a Rádio Gaúcha acompanhou a viagem de três haitianos de Porto Príncipe até Porto Alegre. Apenas um falava um pouco português e auxiliava os demais no Aeroporto de Porto Príncipe. O trio juntou dinheiro por alguns meses para pagar as passagens de avião. Muralson Lucien, 20 anos, conta que já esteve no Brasil uma vez e que a busca por trabalho é o que move os haitianos.
“Tem trabalho. Lá no Haiti falta empresa. Então eu vim aqui para trabalhar”, disse o jovem.
Depois de 10 horas de avião entre Porto Príncipe e Porto Alegre, com uma parada no Panamá, o trio de haitianos ainda seguiria de ônibus até o Paraná.
“Vou lá em Maringá. Já tenho emprego lá”, relatava o haitiano.

                                                                Muralson Lucien
Muralson Lucien diz que a família ficou no Haiti, mas que ele gostaria que estivesse com ele.
“Lá é difícil de conseguir liberação”.
Com os olhos cheios de lágrimas, o haitiano deixou o posto de fiscalização do Ministério da Agricultura no Aeroporto Salgado Filho, já em Porto Alegre. Estava desembarcando com 5kg de carne de cabrito na mala e foi obrigado a jogar fora pela vigilância sanitária. Depois disso, o trio partiu do aeroporto até o trem e seguiu para a Rodoviária de Porto Alegre, onde pegou o ônibus para o Paraná. Quando falamos novamente com Muralson, desta vez através do Facebook, ele já estava em Maringá. Disse que não havia conseguido o emprego que estava praticamente garantido e pedia ajuda para comprar comida.
O apoio e a dificuldade na chegada 
Como se pode perceber, o principal motivo para migração dos haitianos para o Brasil é a busca por trabalho. E o Ministério Público do Trabalho é um dos principais órgãos que presta o suporte a eles, que muitas vezes chegam extrema dificuldade com o idioma. A procuradora do trabalho em Porto Alegre, Patrícia Sanfelici, trabalha desde 2012 com esse tema, quando houve o primeiro fluxo migratório mais forte para o Rio Grande do Sul.
“Nós participamos de algumas audiências públicas chamadas pela Assembleia Legislativa e acabamos fazendo um grupo interinstitucional que foi até Rio Branco verificar como estava havendo o ingresso dos haitianos no Brasil e como que eles vinham parar aqui no Rio Grande do Sul, um percurso tão longo em busca de uma condição melhor de vida”, lembra a procuradora.
O procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho em Rondônia e Acre, Marcos Cutrim, explica como funciona esse direcionamento dos haitianos para outros estados.
“O estado do Acre vinha mantendo um contrato com uma empresa de transporte interestadual por meio do qual o Estado do Acre encaminhava os imigrantes tanto para São Paulo, como pra outras cidades, como do Estado do Rio Grande do Sul”, relata o procurador.
Marcos Cutrim dá mais detalhes sobre os principais ramos de atuação que são direcionados os haitianos.
“Os imigrantes haitianos que têm entrado na fronteira do Acre com a Bolívia e o Peru têm buscado emprego sobretudo no centro-sul, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná. Eles vão para as atividades frigorífico e da construção civil, que são grandes empregadores desse fluxo migratório”, afirma.
A procuradora do Trabalho de Porto Alegre, Patrícia Sanfelici, reforça que a preocupação principal é que essas pessoas não sejam levadas à situação análoga à escravidão.
“Pra gente ter certeza de que esses indivíduos não estavam sendo alvo de qualquer exploração a gente propôs investigação em face de todas as empresas para verificar a regularidade da contratação desses estrangeiros”, destaca.
Patrícia Sanfelici conta que mesmo os haitianos com formação buscavam qualquer tipo de trabalho, desde que estejam no Brasil.
“Os imigrantes haitianos que eu tive contato a sua grande maioria se forma por pessoas instruídas, pessoas que muitas vezes têm grau superior e, no entanto, ao chegarem aqui, eles não conseguem se alocar no mercado de trabalho da sua área, e acabam sendo postos em trabalhos que os brasileiros já não estão sendo suficientes para ocupar”, relata Patrícia.
O procurado Marcos Cutrim revela a quantidade impressionante de imigrantes haitianos que chegaram ao Acre desde o terremoto que devastou o país.
“Estima-se que, ao menos, em torno de 30 a 40 mil haitianos já chegaram ao estado do Acre e já foram atendidos pelas políticas públicas que lá existem desde o início dessa crise migratória que começou em 2010”, ressalta.
A procuradora Patrícia Sanfelici faz uma lembrança importante sobre a legislação trabalhista.
“O que a gente tem como regra é que não se tem possibilidade de se diferenciar. Seja um trabalhador estrangeiros ou nacional, eles têm os mesmos direitos trabalhistas. Não pode haver diferença salarial, não pode haver diferença no contrato de trabalho, não pode haver discriminação”, lembra a procuradora.
No Acre, foi desativado o abrigo em Brasiléia, na fronteira com a Bolívia. Uma chácara, em Rio Branco, passou a ser o abrigo atual. Mas o problema é que está superlotada.
“A chácara tem capacidade para 200 pessoas, mas, devido às dificuldades orçamentárias que o estado do Acre vem enfrentado, além da falta de apoio financeiro da União em promover essas políticas para acolher esses migrantes, em janeiro estima-se que tenha chegado a 800 o número de imigrantes que estão vivendo lá no abrigo”, lamenta o procurador.
Pelo sorriso das crianças que pudemos presenciar no Haiti, mesmo com todas as dificuldades, é possível ter esperança de um país melhor.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Noticia 15-01-2015

Segunda-Feira, 12 de Janeiro de 2015 18h44
ONG lança portal com informações para imigrantes haitianos no Brasil   
Um portal em quatro idiomas, lançado hoje (12), promete facilitar a vida dos cerca de 50 mil imigrantes haitianos que entraram no Brasil após o terremoto que arrasou parte do país em 2010. A estimativa do número de imigrantes é do embaixador do Haiti no Brasil, Madsen Chérubin, que participou da solenidade de lançamento do site.

Idealizado pela organização não governamental (ONG) Viva Rio, o serviço traz dicas práticas sobre como requisitar documentos e também ofertas de vagas de emprego e cursos. Chérubin classificou a iniciativa como uma forma de integrar a comunidade haitiana que hoje vive no país.

“Este site vai ajudar muito. A embaixada estava procurando um meio para manter contato direto com os haitianos, porque o Brasil é um país grande, quase um continente. Temos cerca de 50 mil haitianos espalhados no território e não tem como realmente manter um contato sem desenvolver um projeto como este”, ressaltou o embaixador.

O portal também tem uma rádio, via internet, com músicas haitianas e entrevistas de interesse da comunidade do país caribenho no Brasil. O locutor é o haitiano Robert Montinard, conhecido pelo nome artístico de Bob. Ele apresenta toda semana o programa Voz do Haiti na Rádio Viva Rio.

Bob diz que já se sente brasileiro e que não quer retornar ao Haiti, nem tanto pelas dificuldades financeiras, mas principalmente pelos traumas psicológicos que o terremoto lhe causou. “Não é por causa da economia. É mais pela questão geográfica. Quero ficar em um lugar onde não vá acontecer um terremoto, para dar segurança a minha família. Quando a terra tremeu, eu estava em casa. Ela ficou destruída, meu pé quebrou e um grande amigo da família morreu. Ficou tudo gravado em minha cabeça”, lembrou ele.

Às sextas-feiras, a rádio haitiana vai transmitir o programa Gringo no Rio, com um estrangeiro convidado para falar sobre a sua experiência no Brasil e sua cultura. Aos sábados, será vez de Hit Konpa, totalmente dedicada ao Haiti, sobre cultura, música e gastronomia. No fim de semana, também será apresentado o Domingo With God, sobre tolerância religiosa. O endereço do portal é www.haitiaqui.com. As informações são apresentadas em português, inglês, francês e creole, idioma local do Haiti.
Fonte: Agência Brasil

domingo, 11 de janeiro de 2015

Zilda Arns - 10-01-2015

Religião

Milhares pedem beatificação de Zilda Arns em Curitiba

O apoio à beatificação de Zilda veio também do Haiti, onde morreu em terremoto

                                   
                                                                                                                                                                                                             
CELEBRAÇÃO DA PASTORAL DA CRIANÇA NA ARENA DA BAIXADA - CURITIBA(PR) - 10/01/2015
Arena da Baixada não ficava tão cheia desde a Copa do Mundo
PUBLICADO EM 10/01/15 - 23h32
O primeiro passo para a beatificação da médica sanitarista Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, morta em um terremoto no Haiti, em 2010, foi dado neste sábado (10) em Curitiba.

Um total de 40 mil ingressos foram distribuídos para a cerimônia. Uma missa foi celebrada por D. Raimundo Damasceno, arcebispo de Aparecida.

Pelo menos 200 mil assinaturas coletadas em todo país foram entregues ao bispo auxiliar Dom Rafael Bienarski, que responde interinamente pela Arquidiocese de Curitiba, no evento realizado no estádio Arena da Baixada. A contagem não está finalizada e a pastoral estima que esse número possa dobrar.

"Essas moções de apoio são a manifestação do povo que reconhece o legado evangelizador de Zilda Arns", disse a irmã Veroni Teresinha de Medeiros, integrante da Pastoral e responsável pela coleta.

"Feita a entrega dessas assinaturas, o Fórum Eclesiástico de Curitiba fará os devidos encaminhamentos. A Causa dos Santos fará a abertura de um processo em que teremos um postulador e um historiador. Eles irão recolher histórias e dados da vida de Dona Zilda para comprovar o registro das suas virtudes heroicas", disse a irmã Veroni.

Pelas regras da Igreja Católica, o processo só pode ser iniciado cinco anos após a morte do candidato, que, no caso de Zilda, serão completados no próximo dia 12.

Para ser proclamada beata, ela precisa ter reconhecido seu caráter de santidade, ou seja, viver as virtudes do cristianismo com excelência.

Se a Igreja reconhecer dois milagres atribuídos à religiosa, ela se torna santa.
O apoio à beatificação de Zilda veio também do Haiti.

A religiosa foi uma das vítimas do terremoto que devastou o país em 2010. Ela ensinava a metodologia da Pastoral no combate à desnutrição infantil para religiosos haitianos.

Segundo Flávio Arns, sobrinho de Zilda e secretário de Assuntos Estratégicos do governo do Paraná, o arcebispo de Porto Príncipe, monsenhor Guire Poulard, enviou uma carta de apoio a Zilda.

"O trabalho iniciado por ela deu resultado. O acompanhamento das crianças é feito nas comunidades de diversas arquidioceses haitianas", disse Arns.

O evento contou com a participação de católicos de todo Brasil. Além de religiosos -mais de 20 bispos de todo país estiveram presentes-, artistas e políticos, entre eles o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, e a ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos), também compareceram.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Noticia











EM CURITIBA

OAB lembra Zilda Arns ao criticar preconceito contra haitianos

Haitianos foram alvos recentes de novos atos preconceituosos em Curitiba / Imagem: Rádio Banda B
 
Afonso Verner | Ponta Grossa | 22/10/2014 às 19:29h  | 
Misael Caetano dos Santos, presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), criticou as atitudes preconceituosas contra os haitianos.
 
O presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Misael Caetano dos Santos, lembrou da médica e fundadora internacional da Pastoral da Criança,Zilda Arns, ao criticar o racismo contra os haitianos em Curitiba. Em 2010, ela estava em Porto Príncipe, capital do Haiti, em uma missão humanitária, quando um terremoto atingiu o país. Ela foi uma das vítimas fatais do desastre, que afetou três milhões de pessoas.

“A irmã Zilda Arns, essa grande mulher, se deslocou para ajudar os habitantes de uma nação economicamente pobre, cheia de dificuldades, porque ela entendia que aquele era um momento de doação. Zilda morreu fazendo o bem”, declarou o membro da OAB em entrevista ao jornalista Adilson Arantes na tarde desta quarta-feira (22).

Quatro anos depois da tragédia, a capital paranaense é um dos lugares em que os haitianos não são bem-vindos, segundo uma pesquisa realizada pela RPC TV: apenas 51% dos curitibanos aceitam a entrada dos imigrantes na cidade, enquanto 36% aceitam com “restrições” (se não for negro) e 13% não aceita. “Agora, quando eles precisam de ajuda, o brasileiro que vive bem, com emprego, crianças na escola, não quer que essas pessoas em condições vulneráveis venham para o Brasil. Esse é só mais um reflexo desse crime horrendo que é o racismo”, completou Santos.

Segundo ele, a partir do momento em que uma pessoa entra no país legalmente, ela tem os mesmos direitos de todo e qualquer cidadão brasileiro. “Os haitianos tiveram que sair da terra de origem, em uma viagem dolorosa, com muito sofrimento e, ao invés de serem acolhidos, são tratados como pessoas de ‘segunda classe’, são agredidos física e verbalmente. É lamentável e triste ver que, em pleno século 21, ainda haja discriminação por causa da cor”.

O presidente da Comissão lembra que a escravidão foi abolida no Brasil há 126 anos, no dia 13 de maio de 1888, mas que o racismo, causa e resultado desse processo, ainda perdura na alma de muitos habitantes do país. “Nessa época, as pessoas quiseram ‘embranquecer’ o Brasil, abrindo as fronteiras para os povos brancos, europeus, e acolheu todos muito bem, doando terras. Enquanto isso, os negros que estavam aqui há 300 anos debaixo de um chicote, foram jogados para os morros e ruas, sem ganhar nada”, afirmou.

Dentro da lei
De acordo com o membro da OAB, as penas ainda são baixas para quem comete crime de preconceito ou racismo no Brasil. Para injúria racial, a condenação é de um a três anos de prisão, segundo a Lei 7716, de 1989. “Esses são os casos de xingamentos referentes a cor da pele, como “macaco”, por exemplo. O problema é que o autor pode facilmente responder em liberdade, pagando fiança. Nós precisamos endurecer as penas para o preconceito. Afinal, todos somos iguais perante a lei”.
Já o racismo se configura como a negação de direitos a uma pessoa negra. Esse delito é inafiançável. “As pessoas ainda não acompanham os valores inerentes à Constituição e, infelizmente, nem à humanidade”, concluiu.
Informações da Rádio Banda B






quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Noticia 03-01-2015


Primeiro bebê do ano em Bento Gonçalves é filho de imigrantes haitianos

A prefeitura de Bento Gonçalves estima que mais de mil haitianos morem no município

Bendgi Loubenz pesou 3,2 quilos e mediu 47 centímetros
Foto: Régis Genehr / Hospital Tacchini  / Divulgação
O primeiro bebê do ano em Bento Gonçalves é filho de imigrantes haitianos. O menino Bendgi Loubenz nasceu às 22h58min do dia primeiro no Hospital Tacchini de parto normal. Ele é filho de um casal de imigrantes haitianos que estão morando em Bento Gonçalves, Marie Carmide Mortume Fleurius e Federe Bris. 
O garoto pesou 3,2 quilos e mediu 47 centímetros. As voluntárias que atuam no Tacchini fizeram a doação de um enxoval para o menino, já que a família tem poucas condições financeiras.
A prefeitura de Bento Gonçalves estima que mais de mil haitianos morem no município. Cerca de 200 estão cadastrados em programas sociais do poder público.