segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Noticia 11-10-2015

- Atualizado em

Haiti desembarca em Manaus mirando jogo competitivo contra Brasil sub-23

Equipe treina na manhã de domingo e durante a tarde fará o reconhecimento da Arena da Amazônia, palco do jogo, que acontecerá na segunda-feira

 
Por Manaus, AM
 
A seleção haitiana de futebol desembarcou em Manaus na noite deste sábado, já mirando o jogo contra o Brasil sub-23, na segunda-feira, na Arena da Amazônia. O voo, vindo de Miami, nos Estados Unidos, teve atraso de uma hora, mas pousou em Manaus por volta das 23h. Logo na chegada, jogadores comissão técnica voltam o foco para a partida contra a equipe de Rogério Micale, esperando um jogo competitivo.
Seleção haitiana desembarcou em Manaus (Foto: Marcos Dantas)Seleção haitiana desembarcou em Manaus (Foto: Marcos Dantas)
A viagem pode até ter sido cansativa, mas nem todo o desgaste do mundo parecia tirar a empolgação dos jogadores por estarem no Brasil e terem a oportunidade de duelar contra a seleção olímpica.
O meia Jean-Marc Alexandre é um dos mais experientes do grupo. Com passagens por Real Salt Lake e Orlando City [atual equipe do brasileiro Kaká], ambos times da Major League Soccer (MLS), dos Estados Unidos, ele fala da animação pela oportunidade de estar em um dos estádios que fizeram parte da Copa do Mundo 2014.
Jean-Marc Alexandre teve uma passagem pelo Orlando City, atual time de Kaká (Foto: Marcos Dantas)Jean-Marc Alexandre teve uma passagem pelo Orlando City, atual time de Kaká (Foto: Marcos Dantas)
- Estamos muito animados em estar aqui, especialmente em Manaus, porque sabemos que o estádio daqui foi palco da Copa do Mundo. É lá que queremos fazer um jogo bastante competitivo - almeja.
Ele acredita que o Haiti pode surpreender a equipe brasileira com sua velocidade, mas destaca que o poderio ofensivo da equipe de Rogério Micale deve ter atenção redobrada.
- Sabemos que nosso time se destaca pela velocidade. Temos jogadores muito rápidos, mas o Brasil tem uma equipe muito técnica e isso é algo com que teremos que tomar muito cuidado - completou.
A seleção haitiana tem um treino marcado para o Estádio da Colina, no início da noite deste domingo, em horário ainda a ser definido pela delegação. Às 16h, está previsto o reconhecimento de campo na Arena da Amazônia, palco da partida, que acontecerá nesta segunda.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Atividade muito interessante esportiva em Chapecó - SC da Associção de haitianos - 24-09-2015

Integração 24/09/2015 | 19h21

Campeonato de futebol reúne brasileiros, haitianos e senegaleses em Chapecó

Competição intercultural é organizada pela Associação dos Haitianos em Chapecó

 
Campeonato de futebol reúne brasileiros, haitianos e senegaleses em Chapecó Divulgação/Associação dos Haitianos de Chapecó
Partida entre os times de Águas de Chapecó e Senegal, realizada no último dia 13 Foto: Divulgação / Associação dos Haitianos de Chapecó
O campo do Loteamento Thiago, no bairro Efapi, em Chapecó, está com a agenda muito movimentada para os próximos meses. Desde o dia 13 de setembro, a Associação dos Haitianos de Chapecó está promovendo um campeonato de futebol intercultural que vai até novembro.
Chapecoense encara primeiro jogo oficial no exteriorLei mais notícias sobre futebol
São cinco times na disputa — Efapi, Águas de Chapecó, Big, Brasil e Senegal — com jogadores das nacionalidades brasileira, haitiana e senegalesa. De acordo com o presidente da associação, Jean Innocent Monfiston, o futebol é um dos esportes mais populares do Haiti e a ideia do campeonato é compartilhar esse gosto pela modalidade.
— Gostamos muito de jogar futebol e decidimos criar o campeonato para interagir com as pessoas e nos divertirmos — afirma Jean.
As próximas partidas estão programadas para este domingo, entre as equipes Efapi e Senegal, Águas de Chapecó e Big. Os times serão premiados com medalhas e o primeiro e segundo colocados ganharão troféus.
Cronograma de jogos
SETEMBRO
Dia 27
14h — Efapi X Senegal
16h — Águas de Chapecó X Big
OUTUBRO
Dia 4: 16h — Big X Brasil
Dia 11: 16h — Efapi X Águas de Chapecó
Dia 18: 16h — Big X Senegal
Dia 25: 16h — Águas X Brasil
NOVEMBRO
Dia 1º: 16h — Efapi X Big
Dia 8: 16h — Brasil X Senegal

Informação importante - 06-09-2015

6 de setembro de 2015 - 0h00

Haitianos no Brasil fazem webserie para combater preconceito

Imigrantes haitianos, em São Paulo, estão produzindo uma websérie para contar aos brasileiros as dificuldades que enfrentam por aqui. O projeto Superação é uma forma de buscar integração e combater o preconceito. O primeiro episódio da websérie, que foi lançando na semana passada, é uma parceria entre a associação Comunidade Haitianos no Brasil e as secretarias de Cultura e Direitos Humanos de Santo André.






 

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Informação 08-09-2015

PUBLICADO EM 08/09/15 - 03h00
 




Com a voz embargada, o desespero estampado no rosto e sem falar português, o haitiano Ifrène Ménéas, 41, não tem a quem recorrer. Sem saída, ele pede socorro durante a entrevista. “Tem como você me ajudar?”, diz. Demitido em julho de uma fábrica de refrigerantes, o imigrante, ao conversar com a reportagem de O TEMPO, havia acabado de ser informado de que a empresa onde trabalhou durante 11 meses na região metropolitana da capital lhe tinha dado um calote e não havia previsão para pagar sua rescisão contratual: o fim de um sonho.
Diante da falta de perspectiva com a crise econômica no Brasil – que elevou o preço do dólar e reduziu a oferta de empregos – a vontade dele, como a de muitos dos cerca de 4.000 haitianos que vivem na região metropolitana de Belo Horizonte, é a de voltar para casa. O problema é que a situação para os imigrantes está tão difícil que muitos nem sequer têm dinheiro para comprar a passagem de volta, em torno de R$ 4.000.
 

No Brasil há um ano, Ifrène, que só fala crioulo – idioma oficial do Haiti –, não tem ideia de como vai conseguir dinheiro para custear a escola dos filhos de 9 e 15 anos, que estão no país de origem. “Ele não gosta mais do Brasil, pois está difícil arrumar emprego. Como vai pagar o aluguel?”, pergunta Sandy Gaston, 34, primo de Ifrène, que traduz para o português a angústia do familiar.
Quando conversaram com a reportagem de O TEMPO, Sandy e Ifrène estavam no Centro Zanmi, entidade que proporciona atendimento a imigrantes e a refugiados em situação de risco – a maioria haitianos –, no centro da capital. Eles eram orientados por um advogado voluntário da organização que os havia informado sobre o calote trabalhista sofrido por Ifrène. “Estou com saudade demais dos meus filhos”, desabafa Sandy, passando a mão na cabeça com inquietação.
Segundo Sandy, que trabalha como auxiliar de separação, ele também não consegue mais enviar os US$ 100 mensais para alimentar os três filhos de 3, 4 e 7 anos, como fazia antes da disparada da moeda norte-americana, cotada na última sexta-feira a R$ 3,84. Para ele, morar no Brasil não vale mais a pena, ainda que confirme a dura realidade de seu país, em profunda crise política e com poucas oportunidades de emprego. “Lá o governo é ladrão, e as empresas são quebradas. Aqui foi bom nos primeiros seis meses, mas, depois que o dólar aumentou, piorou”, diz.
A sala da entidade de apoio a imigrantes tem ficado movimentada, e a cadeira na mesa da funcionária Dayane Carvalho, 21, responsável pela acolhida, é disputada. Diariamente ela é testemunha das dificuldades encontradas pelos imigrantes, que vivem em sua maioria nas cidades de Contagem e Esmeraldas, e confirma o interesse de grande parte em retornar à pátria. “Alguns brasileiros cobram preços abusivos de aluguel dos haitianos”, afirma.
Saúde. Não bastasse isso, os imigrantes muitas vezes têm dificuldades até de acesso à saúde. “Até remédio para febre e dor de cabeça já negaram”, conta Rony Jerome, 25, que é dono de um comércio. Ele está no Brasil desde 2009.
A situação de Wesnaíder Joseph, 26, é igualmente dramática. Há dois anos no Brasil, ele perdeu o emprego num supermercado em abril e, em vez de mandar dinheiro para a família, agora precisa contar com a ajuda financeira da mãe para se manter no bairro São Pedro, em Esmeraldas. “Minha mãe pensou que eu viria para melhorar de vida, mas agora ela que manda dinheiro pra mim, pois eu não consigo pagar aluguel. Assim fica ruim”.
 
Destruição
Pobreza. Em 2010, um terremoto atingiu o Haiti e deixou o país em situação calamitosa. Mais de 200 mil pessoas morreram e 1 milhão ficaram desabrigadas. Porto Príncipe, a capital, foi destruída.

Lan house que presta assistência corre risco de falir

Resolver problemas de haitianos tem virado a especialidade de Rony Jerome, 25, dono de uma pequena lan house no bairro São Pedro, em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte. É ele quem socorre quando seus compatriotas, que não dominam o português, precisam resolver demandas cotidianas, como fazer ligações telefônicas ou ir ao posto médico. Como vários de seus colegas foram demitidos dos empregos, seu negócio pode estar com os dias contados. “Os haitianos pedem para fazer fiado. Como eu vou ajudá-los se eu também estou precisando de ajuda?”, questiona.
Jerome conta que muitos haitianos ainda pensam que vão conseguir melhorar de vida no Brasil. “As pessoas no Haiti não sabem que o Brasil está ruim. Eu mesmo não estou conseguindo pagar minhas contas”, lamenta o comerciante, que, fanático por futebol, diz ter como frustração nunca ter conseguido ir ao Mineirão.
 
Há um ano e meio no país, o pedagogo Phanel Georges, 29, é outro desapontado. Sem conseguir alunos para dar suas aulas de francês, ele teve que trabalhar em uma fábrica de gavetas para continuar a ajudar a mãe e três irmãs, que moram no Haiti. “Pensávamos que só em nosso país havia pobreza e mendigos. Achei que sair de lá daria para ganhar um pouquinho melhor, mas até agora não deu certo. Até evito conversar com elas para não sentir essa dor.

Informação 07-09-2015

Edição do dia 07/09/2015
07/09/2015 13h48 - Atualizado em 07/09/2015 15h46

Haitianos enfrentam dificuldades para conseguir emprego no Brasil

Atualmente, o Brasil abriga 50 mil haitianos refugiados.
Em Cuiabá, alguns estão na fila do emprego há mais de um ano.
Alex Barbosa Cuiabá, MT


No Brasil, mais de 50 mil haitianos refugiados vieram por conta do caos que se instalou no Haiti depois dos terremotos de cinco anos atrás. A maioria veio em busca de emprego e agora está sofrendo com a crise. Em Mato Grosso, tem haitiano que já está desempregado há mais de um ano.
Em Cuiabá, que faz a ponte entre empregador e empregado, eles são maioria. Haitianos em busca de trabalho.

"Eles com uma situação que não é estável no país. A gente fica preocupado porque eles precisam ter esse ganho para sobrevivência e eles tem uma preocupação muito grande também que é mandar dinheiro para as famílias no Haiti", fala Marilete Girardi, auditora fiscal do trabalho.
Só em Mato Grosso há cerca de cinco mil haitianos. Um terço deles está sem emprego. Muitos vieram para trabalhar nas obras para a Copa do Mundo de 2014. Com as obras paradas em Cuiabá, o centro da cidade está cheio de haitianos buscando alternativas na informalidade.

No local onde funciona um centro de apoio aos haitianos, eles costumavam ficar em média durante um mês. Neste ano, já tem haitiano ficando três ou quatro meses e não consegue se manter sozinho.

Eles estão dependendo de doações. Uma mulher trabalhou como pedreira nas obras da Arena Pantanal. Há um ano sem trabalho, saiu do abrigo, mas vem todo o dia para comer. "Eu falou com meu filho no Haiti e choro todo dia, porque não consigo mandar dinheiro", diz uma haitiana.

Uma panificadora da cidade tem dado preferência para contratar os haitianos. Já são 32 funcionários. O gerente diz que, além da questão social, a dedicação deles tem feito diferença.

"Merecem essa chance. É um povo sofrido. Um povo que vem com muita vontade de trabalhar", diz Valter Yamagushi,  gerente da padaria.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Noticia 03-08-2015

Brasil aumenta emissão de vistos e deve continuar a receber os haitianos

Anderson Vieira | 03/08/2015, 15h32 - ATUALIZADO EM 04/08/2015, 09h18
Evitar que os haitianos caiam nas mãos de traficantes e coiotes é uma das maiores preocupações do Ministério das Relações Exteriores. Por isso, o Brasil iniciou um processo para acelerar a emissão de vistos na Embaixada brasileira em Porto Príncipe. A situação dos imigrantes foi tratada em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) nesta segunda-feira (3).
Segundo o embaixador Carlos Alberto Simas Magalhães, subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras no Exterior, a emissão de visto permanente de caráter humanitário em Porto Príncipe saltou de 600 para 1.800 por mês desde o início de junho.
— É preciso que a população se convença de que a rota legal é a melhor alternativa. Desde 8 de junho, são 470 vistos por semana.  É preferível esperar um ou dois meses e conseguir visto no consulado brasileiro do que cair nas mãos de coiotes — alertou o embaixador.
O representante do Itamaraty garantiu ainda que o Brasil não vai mudar sua política de acolhimento aos imigrantes e disse que o fluxo migratório não deve assustar o país.
— O Itamaraty continuará prestando essa assistência, continuará concedendo os vistos enquanto prevalecer a atual política de caráter humanitário, que não tem perspectiva de terminar, a curto prazo — assegurou o embaixador, para quem existem hoje no Brasil entre 60 mil a 70 mil haitianos, mais do que os 50 mil oficialmente estimados.

Violações

Embora tenham reconhecido o acolhimento humanitário do Brasil a seus conterrâneos, os haitianos Alix Georges e Fedo Bacourt reivindicaram melhores condições nos abrigos, mais atenção dos governos estaduais e das prefeituras, além de denunciarem o desrespeito de muitas empresas à legislação trabalhista.
Eles reclamaram também de violações de direitos humanos da força militar internacional presente no Haiti e defenderam a retirada dos militares do país.
— Não precisamos de 9 mil estrangeiros. O Haiti não é um país violento e não tem guerra civil que mereça a presença de militares — reclamou Alix Georges.
O coordenador-geral do CSP-Conlutas, José Maria de Almeida, disse que é crescente o número de casos de haitianos sendo submetidos a condições de escravidão em empresas brasileiras.
— Temos muitos picaretas que, na tentativa de aumentarem seus lucros, se aproveitam da vulnerabilidade dos estrangeiros e os obriga a trabalhar em condições inaceitáveis para um trabalhador brasileiro — lamentou.
José Maria de Almeida sugeriu que o dinheiro gasto pelo governo brasileiro para manter militares no Haiti seja empregado, por exemplo, na melhoria dos abrigos.
— Um país das dimensões do Brasil não pode assegurar um abrigo minimamente decente em São Paulo? Não temos dinheiro para isso nesse país? — indagou.

Reconhecimento

O senador Jorge Viana (PT-AC) disse que, apesar de todas as dificuldades, o governo do Acre tem feito um “trabalho extraordinário” com os haitianos que chegam ao estado, oferecendo alojamento, atendimento médico, comida e assistência social. Apesar disso, segundo ele, o feito não é reconhecido pela imprensa.
— Acho um desrespeito, pois a imprensa noticia apenas como se o Acre estivesse importando imigrantes e os distribuindo para Sul e Sudeste para incomodar prefeitos e governadores. Na verdade, o trabalho humanitário feito pelo governo é extraordinário — afirmou.
O parlamentar disse ainda que só quem conhece ou esteve no Acre tem a dimensão da dificuldade que é receber tanta gente necessitada de ajuda num curto espaço de tempo:
— Estamos lidando com um problema que é de todos. Que estado está preparado para receber 40 mil imigrantes em três anos? O Acre recebeu e não houve nenhum elogio, pelo contrário, só críticas — lamentou.
 
Conforme o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, se não tiver problema com a documentação, cada hatiano fica no Acre, em média, por 15 dias.
Segundo ele, o número de haitianos que chegam de forma irregular está diminuindo, mas o governo ainda tem desafios, como assegurar dinheiro para melhorar a estrutura física do abrigo e melhorar a inserção social do imigrante e até a comunicação, visto que não há sequer um profissional para fazer a tradução.
 
O abrigo pode atender 150 pessoas, hoje são 300, mas já chegou a ter mais de 1.100 imigrantes.
A audiência desta segunda-feira da CDH foi presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS). Também participaram o secretário Nacional de Justiça, Beto Vasconcelos; o secretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Roberto Martins Maldos; o coordenador do Conselho Nacional de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego, Luiz Alberto Matos dos Santos; e a irmã Rosita Milesi, da Arquidiocese de Campinas e diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos.
 
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Informação: 19-07-2015


Edição do dia 19/07/2015

19/07/2015 22h33 - Atualizado em 19/07/2015 22h33

Imigrante diz que muitos brasileiros consideram haitianos como escravos

Professor de matemática no Haiti só conseguiu emprego de operário. Fantástico entrevista imigrantes para saber o que eles esperam do futuro.

 

Nesta semana, uma cena chamou a atenção do mundo para o drama de meninos e meninas que vivem como refugiados. Aconteceu durante um encontro da chefe de governo alemã Angela Merkel com jovens estudantes.

Uma das meninas contou que vive há quatro anos na Alemanha como refugiada palestina. Ela sonha em estudar em uma universidade, mas agora a família dela enfrenta uma possível deportação porque não consegue visto de residência permanente.  

Angela Merkel respondeu que o processo para decidir os vistos é demorado. Mas disse também que a Alemanha não pode receber todos os refugiados, e alguns terão que retornar a seus países. De repente, Angela Merkel percebeu que suas palavras tinham feito a menina chorar. Ela foi até lá e tentou consolar a pequena imigrante, a menina que não pode sonhar.

E no Brasil? Com o que que sonham os pequenos imigrantes? O que podem esperar, por exemplo, milhares de meninos e meninas de famílias que fugiram do Haiti e vivem agora em nosso país?

Os filhos a tiracolo, a mala na cabeça e, sobre as costas, o peso imenso de uma tragédia. “Eu posso ficar e passar o dia inteiro sem comer, mas ver meu filho sofrendo, ver minha mãe sofrer. Era muito duro pra mim quando eu vi essas pessoas sofrendo”, conta o técnico em refrigeração Cris Philome.
        
Depois do terremoto de 2010, que matou 230 mil pessoas e deixou 1,5 milhão de desabrigados, 56 mil haitianos já emigraram para o Brasil, segundo o
Ministério da Justiça. A maioria entra no país pelo Acre e segue de ônibus para os estados do Sul e do Sudeste.

Cris foi dos primeiros a chegar, em 2010. Trouxe a mãe com ele, mas não deu tempo de salvá-la das sequelas da fome. “Quando ela morreu, eu senti muita dor. Aí eu nem conseguia trabalhar naquela época”, relembra.

Buscou ajuda na missão paz, em São Paulo, por onde passam mais de 20% dos haitianos que entram no Brasil. A instituição tenta ajudar os imigrantes que chegam em número cada vez maior. “Em 2010, aqui na missão paz, chegaram os primeiros 28. Em 2011, chegaram já 70. Em 2012, passaram para 800. Em 2013, foram 2, 4 mil. Em 2014, 4.680. Este ano, estamos aproximadamente ao redor de 1, 6 mil”, conta o padre Paolo Parise.

Stessy e o marido tiveram uma filha assim que chegaram. Ela não fala direito o português. A língua é a grande barreira de adaptação. Os filhos aprendem o português muito antes dos pais. “A criança que tem esta facilidade, realmente, para aprender o idioma e se inculturar, ela faz a ponte entre a nova realidade e o lugar de origem”, explica Parise.      

Robert tem quatro filhas. Professor de matemática no Haiti, em São Paulo, ele conseguiu emprego de operário, mas não gostou do que viu. “ Encontro muitas injustiças. Muitos brasileiros ou brasileiras consideram os haitianos, nas empresas, como escravos”, afirma.

A mulher dele trabalhou seis meses em uma fábrica e foi demitida sem ganhar um tostão. “Até agora, a empresa não pagou nada a ela”, diz Robert. Sem falar nossa língua, ela nem sequer conseguiu reclamar com o patrão que a explorou.

Quem teria o melhor português da família? Elshanaelle tem 7 anos. Foi ela quem ensinou o pai a falar português.

Robert: Me conta muitas histórias. Sabe muitas histórias em português.
Fantástico: Ah, é? Você sabe histórias? Você conta para o seu pai?
Elshanaelle: Sim.

Embora se sinta discriminado no Brasil, Robert diz que as duas filhas pequenas foram acolhidas na escola sem problema algum. “Não sabem nada de discriminação. Não sabem o que é discriminação”, afirma.

Elshanaelle e a irmã Endesheis, de 10 anos, estudam em uma escola estadual em Guaianazes, na zona leste de São Paulo. Outros dois meninos haitianos estudam com elas. Keverns tem 7 anos. O futebol fascina o garoto. No Haiti, a imaginação inventava a bola que ele não tinha. “Tem pedra em todo chão. Então pega a pedra no chão e é só chutar. Aí, quando doer, não sei o que fazer. Aqui dá para jogar com bola”, afirma o menino. 

Mas, se há aprendizado, há também retribuição. “Eu vou ensinar ‘oi’: ‘Salut’”, diz Elshanaelle.

Mil e cinco estudantes haitianos já estão matriculados em escolas públicas brasileiras, 262 só em Santa Catarina. Boa parte deles, na região que prosperou com a imigração. Blumenau foi fundada por imigrantes alemães. A escola municipal Lauro Müller tem o nome de um político descendente de alemães. Quase todas as crianças que estudam vêm de famílias que, no passado, viveram as privações e dificuldades da adaptação a um país estranho. A experiência radical do encontro de culturas diferentes está de volta a Blumenau.

As colegas que vieram de longe são as estrelas da aula de geografia. De viajar, Gine entende. Saiu de Les Cayes para a capital, Porto Príncipe. Dali, para o Panamá. Depois, Venezuela. Entrou no Brasil por Manaus. Foi a Brasília e São Paulo, até chegar a Blumenau, onde encontrou uma escola diferente da que conhecia.

Gine Saint Louis (10 anos): Aqui faz mais prática.
Fantástico: Mais prática? Você gosta mais?
Gine: sim.
Fantástico: E os coleguinhas? Você fez muitos amigos aqui?
Gine: Sim.

Hadassa Peters, de 11 anos, achou demais ter uma colega poliglota!

Hadassa: Eu pedi para Gine me ensinar a falar espanhol, porque eu acho incrível. Assim, muito legal.
Fantástico: Ela fala espanhol, fala francês e ainda fala português!
Hadassa: Que é difícil, né?
Fantástico: É difícil. Francês, então!

Sem contar as novas brincadeiras importadas do Haiti que Eveline ensinou.

Hadassa: Ah, ela é uma menina muito legal, ela é muito esperta, muito bagunceira.
Fantástico: Bagunceira? Sério?
Hadessa: É sapeca.

Ótimas alunas, elas dominaram o português em poucas semanas.

Fantástico: Aprendeu rápido? Sua família aprendeu também? Seu pai?
Eveline Delvirme, de 11 anos: meu pai aprendeu, minha mãe não conseguiu.
Fantástico: Não conseguiu?
Eveline: Não.

Eveline, o irmão mais velho e a caçula moram com os pais na periferia de Blumenau. Dioufort veio para cá em 2010, logo depois do terremoto. Só pensa agora no futuro dos filhos.

Dioufort Delvirme (operário): Eu trabalho aqui, mas eu ganho pouquinho.
Fantástico: Pouquinho?
Dioufort: Eu vou ver se ela vai ganhar mais.
Fantástico: Estudar para ganhar mais no futuro, né? Se formar na faculdade?
Dioufort: Se formar na faculdade.

Ao contrário do que lhe disseram, Dioufort não encontrou um pingo de resistência na colônia alemã. “Se tem discriminação, eu não sei”, afirma.

Que o digam os filhos dele, que já participam da fanfarra alemã, dançando com os ‘fritz’ e as ‘fridas’ da banda. “Nós temos no Brasil essa multiculturalidade, esse multiculturalismo, que pode ser somado e que pode contribuir muito mais. Nós não precisamos nos fechar”, afirma a professora Mariana Gonzales.

Nada mais brasileiro do que abrir-se à mistura e ao que os outros povos podem nos trazer de bom. “A identidade cultural é dinâmica, feita através de encontros, trocas. Esse povo, acho que traz o orgulho de se ter libertado da escravidão. Aquele olhar otimista. Ele sempre vê uma solução. Sempre aposta no futuro”, diz o padre Paolo Parise.