terça-feira, 10 de novembro de 2015

Notícia 08-11-2015

Imigração é discutida em evento na capital

Marina Camargo
Repórter Estagiária jornal Unisul Hoje
A palestra intitulada “A acolhida aos Haitianos em Santa Catarina: depoimento de um imigrante” aconteceu nesta quinta-feira, 8, na Unidade Trajano do Campus Grande Florianópolis. Alunos e professores dos cursos de Direito e Relações Internacionais prestigiaram os depoimentos dos palestrantes Clarens Chery, fundador da Associação Kay Pa Nou, que promove o acesso e a inclusão dos haitianos em condição de vulnerabilidade no Estado de Santa Catarina, e da diretora de mobilização comunitária da Secretaria de Assistência Social de Florianópolis, Patrícia Cechinel.

O terremoto ocorrido no Haiti em janeiro de 2010 transformou em escombros a capital do país e a saída para muitos haitianos têm sido procurar no Brasil as condições de vida que não existem mais dentro de suas fronteiras. A fim de regularizar a situação dos haitianos, uma vez que a legislação brasileira e as convenções internacionais não reconhecem o refúgio relacionado a desastres naturais ou fatores climáticos, criou-se no Brasil, em janeiro de 2012, o chamado – Visto Humanitário. Isto através da Resolução 97 do Conselho Nacional de Imigração, que permite aos haitianos se estabelecer no Brasil, buscar emprego e ter os mesmos direitos de qualquer estrangeiro em situação regular.
Até julho de 2015, aproximadamente 26 mil vistos humanitários para imigrantes haitianos foram concedidos.

 A professora Solange de Santiago considera fundamental discutir esse assunto entre os universitários.  “Nossa função social enquanto universidade é essa. Promover não só uma construção de um cidadão que tem uma competência técnica, mas que também tem um comprometimento com a sociedade e com os problemas da realidade, com os problemas atuais”, pondera a professora.
Formada em Direito, a palestrante Patrícia Cechinel está há cinco meses envolvida com o atendimento aos imigrantes que chegam em Florianópolis e acredita já ter amadurecido muito desde então. “Vivencio diariamente situações muito complicadas daqueles recém chegados. Por isso escuto, canto e rezo com eles, naqueles momentos de angústia. Mesmo não entendendo o crioulo, nós dávamos a mão e rezávamos.” Durante sua palestra ela trouxe diversas histórias difíceis de luta, resistência, superação e esperança trazidas por esses refugiados. “Acho que SC, especificamente Florianópolis tem que estar preparada para recebê-los de uma forma um pouco mais humanitária. Ter locais adequados, isto é, ter dormitórios para homens e mulheres, onde eles possam fazer uma casa de passagem até que possam arrumar um trabalho e a partir dali levar a vida”, pontua.

A diretora trouxe muita sensibilidade na intervenção e para ela ainda é muito difícil deixar totalmente de lado a emoção para agir de maneira burocrática. Ela destacou muito a questão humanitária do ser humano, na visão dos alunos de Relações Internacionais, Wellyngton Amorim e Marta Boscato.
Integrante do grupo de pesquisa Eficiência Energética e Sustentabilidade, Amorim vê questão humanitária como peça fundamental para os acadêmicos do curso. “Precisamos ter uma visão mais otimista do que devemos fazer. Problemas humanitários, crises sociais, crises econômicas, necessitamos de uma saída positiva para tudo isso. Acredito que a questão dos Imigrantes seria uma situação que requer olhos. São pessoas que precisam da nossa ajuda, que querem encontrar novas oportunidades em países vizinhos e o mais simples que podemos fazer é abrir nossas portas para dar oportunidades a eles que procuram”, diz.

Para Marta Boscato foi muito tocante ouvir que imigrantes ficam meses sem contato com suas famílias, que ficaram no país de origem. Mulheres que sofreram abusos durante essa travessia ou que ficaram dias sem comer. Por esses motivos que a aluna vê tanta necessidade no trabalho de acolhida aos imigrantes. “Precisam de ajudas, aceitando, tentando recolocar eles para construir uma nova vida. Se pensarmos além, pode ainda ser útil para a economia do estado, pensando na mão de obra oferecida por essas pessoas cheias de esperança para uma vida melhor“, finaliza.

domingo, 8 de novembro de 2015

Informação

 NOTÍCIAS QUENTINHAS > Haitianas são humilhadas e maltratadas em hotel de BC    

DENÚNCIA

Haitianas são humilhadas e maltratadas em hotel de BC

07/11/2015 - 09:12 - Atualizado em 07/11/2015 - 09:33
Tamanho da letraBotão para diminuir a letraBotão para aumentar a letra

Nome do hotel não foi divulgado, mas Justiça comprovou denúncias de maus tratos e exploração

Andrea Alves Artigas
geral(INSPEÇÃO, EXAME - )@diarinho.com.br

Você gostaria de ser tratado aos gritos, ter 10 minutinhos para almoçar, fazer o dobro do trabalho que seu colega, ter jornadas de mais de nove horas de trampo(TRABALHO, OCUPAÇÃO - ), ser hostilizado e ainda não receber hora extra? Pois essas situações rolaram com imigrantes de Balneário Camboriú. No mês em que é comemorada a Consciência Negra, foi confirmada nesta sexta-feira a denúncia de que mulheres haitianas estão sendo obrigadas a trabalho escravo e submetidas a assédio moral por um tradicional hotel de Balneário. O fato chocou e chamou atenção às condições que os imigrantes são tratados na região.

 A denúncia é do sindicato dos Empregados do Comércio Hoteleiro, Bares e Restaurantes e Similares de Balneário Camboriú e Região (Sechobar), que pela segunda vez constatou os maus tratos, denunciou ao ministério Público e agora se prepara para audiência com o hotel, dia 10.

 A situação foi denunciada pelo Sechobar em julho deste ano. Oito mulheres haitianas estariam sendo tratadas de forma incompatível em relação às camareiras brasileiras, além de sofrer assédio moral, constrangimentos e humilhações. A jornada excessiva de trabalho também foi identificada. O ministério Público comprovou as denúncias e estabeleceu um termo de compromisso e ajustamento de conduta que prevê que caso haja a repetição dessa conduta, a multa será de R$ 70 mil.

 No dia 2 de outubro, durante uma visita do Sechobar ao hotel para divulgar uma campanha contra o câncer de mama, foi constatado que as haitianas continuavam sofrendo. De acordo com a presidente do sindicato, Olga Aparecida Ferreira, os relatos dão conta de que o acordo só funcionou no primeiro mês e depois as haitianas voltaram a ser maltratadas.

20 casos em BalneárioSegundo Olga, de um ano e meio pra cá, com a chegada de muitos haitianos, mais de 20 casos semelhantes ao do hotel chegaram no sindicato. A maioria envolvendo mulheres com queixa de jornadas excessivas de trabalho e assédio moral. “Os haitianos ficam vulneráveis porque desconhecem as leis trabalhistas e alguns empresários se aproveitam disso. O fato de terem menos informação facilita aqueles que querem se aproveitar”, explicou Olga.
No post do sindicato nas redes sociais, diversas pessoas relatam que já testemunharam tratamento desigual aos haitianos.

 Segundo o ministério da Justiça, são emitidos 100 vistos por mês para os haitianos no Brasil, e somente em 2015, são mais de sete mil que fugiram da miséria do Haiti, aportando por aqui.

Pastor recebe denúncias e protesto rola(ACONTECE - ) em NavegaO haitiano Altez Petiote, pastor e morador de uma igreja no bairro dos Municípios, em Balneário Camboriú, contou que muitas pessoas chegam a ele por meio da associação dos haitianos com queixas de destrato no trabalho. Ele destaca que além das mulheres, muitos homens sofrem os mesmos tipos de insultos e são tratados sem respeito. “Mais de 100 haitianos já voltaram para o país porque ficaram muito tristes com o que sofreram no trabalho. Tem muitos de nós passando dificuldade e eles ficam com medo de perder o emprego”.

Peitando o racismoEm Navegantes, a associação de haitianos se manifestou na tarde de quinta-feira, no Ferryboat, contra o preconceito e a xenofobia. Com faixas e cartazes, eles reclamam sobre as situações em que são levados ao constrangimento e alertam para os crimes de racismo, como é a suspeita da morte do haitiano Fetiere Sterlin, 33, ocorrida dia 17 de outubro em Navegantes.

(Agência Estado)

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Informação 05-11-2015

Discriminação seletiva

Preconceito é mais forte contra migrantes vindos de países de pobres

Segundo diretor de instituto que lida com refúgio, nos últimos cinco anos, 300 mil europeus migraram para o Brasil para ocupar cargos altos em grandes empresas: “Ninguém diz que vieram roubar empregos”
por Sarah Fernandes, da RBA publicado 05/11/2015 12:49, última modificação 05/11/2015 14:54
Comments
Segundo diretor de instituto que lida com refúgio, nos últimos cinco anos, 300 mil europeus migraram para o Brasil para ocupar cargos altos em grandes empresas: “Ninguém diz que vieram roubar empregos”
Danilo Ramos/ RBA
imigrantes
Campanha internacional “Refugiados, Sejam Bem-Vindos” visa a promover ações de sensibilização para acolhida
São Paulo – O preconceito de brasileiros contra refugiados sírios e africanos que chegam ao país tem mais a ver com o fato de essas pessoas virem de países pobres do que por estarem fugindo de conflitos. Essa é a opinião do diretor executivo do Instituto de Reintegração do Refugiado (Adus), Marcelo Haydu, que na noite de ontem (4) participou do seminário Migração e Refúgio: O migrante como sujeito de direitos, promovido pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na capital.
“Alguém aqui é só índio?”, questionou para as mais de 100 pessoas presentes no auditório. "Ninguém!", emendou, ao observar que no Brasil, país formado por migrantes, está presente o preconceito contra alguns tipos de migrantes. "Na salinha do Aeroporto de Guarulhos você não vai encontrar um francês ou um americano. Lá estão apenas os africanos, que são vistos como uma ameça. Quem é a ameaça? Por que a questão do refúgio continua sendo tratada pela Polícia Federal?"
Nos últimos cinco anos, pelo menos 300 mil europeus migraram para o Brasil, a maioria para ocupar cargos altos em grandes empresas, segundo dados levantados pelo Instituto Adus. “Isso ninguém questiona. Ninguém diz que eles estão vindo para cá roubar nossos empregos, porque os europeus e os norte-americanos têm imagem atrelada a desenvolvimento, cultura e acredita-se que eles vão contribuir para o crescimento do país. Aos refugiados resta a imagem de pobreza e doença”, diz Haydu. “Os refugiados não chegam a 9 mil pessoas contra os 300 mil europeus. Por que os europeus não incomodam?”
O seminário marcou o lançamento no Brasil da campanha internacional Refugiados Sejam Bem-Vindos, que visa a promover ações de sensibilização na população para explicar quem são os refugiados e por que se deslocam e debater o fato de as migrações serem um dos elementos fundamentais na constituição do mundo.
A primeira ação foi convidar os participantes do seminário a escrever em uma parede sua ascendência, com o intuito de mostrar que a migração também é um elemento presente nas histórias pessoais. “Filha de português”, “neto de italianos”, “bisnetos de sírios”, foram algumas das frases que preencheram o espaço. A próxima ação será uma campanha em shoppings da capital paulista. Em uma página no Facebook serão divulgadas fotos de pessoas que aderiram à campanha, segurando uma placa escrito “bem-vindos refugiados”.
“Há um interesse econômico. Aqui no Brasil, por exemplo, todo mundo sabe onde estão os bolivianos explorados, mas eles suprem uma cadeia de mão de obra interna nossa, ganhando centavos pelas peças que fazem, trabalhando em situações insalubres e desumanas, e não se faz nada porque eles suprem uma demanda”, diz Haydu.
O Brasil tem hoje 8.400 pessoas refugiadas de 81 países, de acordo com o último levantamento do Comitê Nacional para os Refugiados. A maioria deles é da Síria (23%), seguida por Colômbia, Angola e República Democrática do Congo. O número de solicitação de refúgios ao governo brasileiro aumentou 22 vezes entre 2010 e 2014, de 1.165 para 25.996, de acordo dados do Ministério da Justiça, divulgados em junho. O país recebeu mais pedidos de refúgio do que a Austrália e quase a mesma quantidade do Canadá, sendo o mais solicitado da América Latina.
Atualmente, a legislação vigente para regular as migrações é o Estatuto do Estrangeiro, de 1980. No entanto, em 2013, o Senado aprovou um novo projeto de lei para regular as migrações, o PLS 288/13, que agora está na Câmara Federal, como PL 2516/15. A expectativa do relator na Comissão Especial onde o projeto tramita, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) é que ele seja votado até o final do ano.
“É o momento em que chegam muitos migrantes e também é o momento em que muitas manifestações negativas começam a aparecer. Nesse estágio ainda é possível contrapor esse comportamento por meio de uma legislação que dê um tratamento mais adequado ao tema”, defende a coordenadora-adjunta da Coordenação de Políticas para Migrantes da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Camila Baraldi.
Durante o evento, Camila avaliou que o projeto traz avanços, principalmente ao facilitar a emissão de documentos e garantir acesso aos programas sociais ao imigrantes, porém ainda preserva mecanismos considerados “contraditórios”, como a deportação e a extradição. “É uma falha básica do projeto. Se pode questionar a existência desses recursos já que se trata de uma legislação que se propõe a reconhecer as migrações e os direitos humanos dos migrantes”, disse. “É preciso garantir que essa temática seja incluída na formulação de políticas públicas e que as responsabilidades sejam distribuídas dentro do governo. Quem vai fazer a acolhida humanitária? Quem vai fazer a inclusão laboral? Quem vai garantir o acesso à moradia?”

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

E-mail que merece ser divulgado. Veja como é possível ajudar quando a gente está disposto como a Anastásia tem feito e deseja continuar

Mello (anastacia.fmello@gmail.com)
              
                                                               
Para: paulowelter@hotmail.com
Mostrar esta mensagem...

 
De: Anastácia Mello (anastacia.fmello@gmail.com)
Enviada: segunda-feira, 2 de novembro de 2015 16:52:18
Para: paulowelter@hotmail.com

Boa tarde Paulo.
 
Me chamo Anastácia,sou estudante da Universidade Federal de Santa Catarina, nascida no Brasil.
 
No ultimo feriado no dia 12 de Outubro,fui visitar alguns familiares aqui numa cidade de Santa Catarina e na volta quando desembarquei na rodoviária, encontrei com uma moça,uma imigrante Haitiana,que veio ate mim perdida ,falando pouco em um idioma que eu não pude entender muito e quando eu falei português ele ficou apavorada e nossa comunicação não foi fácil,então tentei levar ela ate o balcão de informações,procurei por alguém da policia e não obtivemos nenhuma ajuda,não encontramos ninguém.Foi então que percebi que eu mesmo deveria ajuda la,logo em seguida ela tirou um papel com um endereço e um telefone, dai veio a salvação.
 
Eu liguei para aquele numero e no outro lado escutei uma voz que falava português com um sotaque,mas pude me comunicar e informar que alguém o aguardava e passei o telefone para ela.
Voltei a falar com ele e me pediu que colocasse ele num táxi e que pedisse para taxista a deixar naquele endereço.Procuramos um táxi e expliquei a situação dela e a primeira coisa que ele perguntou foi se ela teria dinheiro para corrida eu perguntei se ela teria dinheiro fazendo gesto com as mãos ,mostrando dinheiro pra ela e ela me mostrou umas duas notas de R$10 e mais umas de R$5 parecia ser seu único dinheiro,me despedi dela entreguei o endereço ao taxista e fui pra casa.
 
Logo em seguida recebi uma ligação era aquela mesma pessoa com quem eu havia falado anteriormente ,ele me ligou pra agradecer ,disse que ela já havia chego e que eu tinha feito uma coisa muito bonita,naquele momento me senti feliz e veio um filme na minha cabeça, eu imaginei quantos imigrantes chegam aqui sem instruções perdidos ,sem ter alguém pra auxiliar e sem falar no preconceito, eu nasci na Brasil,sou nega e já passei por alguns episódios,imagino eles que chegam num pais de cultura diferente ,deixa casa ,amigos,familiares,são visto como refugiados . 
 
Eu já pesquisei algumas vezes na internet se tem alguma instituição,ONG ou algum grupo de ajuda aqui em Florianópolis,até agora não achei nenhum,mais achei vocês,eu quero muito ajudar,já pensei em criar uma ONG,mais eu não sei por onde começar ,esse é um dos motivos que estou entrando em contato.
 
Eu quero ajudar,mais preciso que vocês me ajudem primeiro,que me digam aonde posso encontrar,como posso me comunicar ,sei que preciso dar um primeiro passo.
 
Aguardo contato

ATT 
 
Anastácia Mello.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Informação

ACNUR: Universidade Federal do Paraná receberá refugiados universitários; prazo é dia 13/11/2015.

Universidade Federal do Paraná. Foto: UFPR/divulgação
Universidade Federal do Paraná. Foto: UFPR/divulgação

A Universidade Federal do Paraná (UFPR), integrante da Cátedra Sérgio Vieira de Mello da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), informou que refugiados ou portadores de visto humanitário no Brasil e que cursavam algum curso superior no exterior poderão estudar na instituição a partir de 2016.

O período para solicitar ingresso nos cursos de graduação da universidade termina no próximo dia 13 de novembro. A solicitação é gratuita e os refugiados não precisarão fazer o vestibular. A seleção da UFPR será feita por análise de documentos e depende da disponibilidade de vagas em cada curso, conforme os registros de evasão.

A solicitação deverá ser feita pessoalmente ou por meio de procuração do interessado, com firma reconhecida em cartório. Todos os critérios estão estabelecidos em um edital, disponível em http://bit.ly/1MsKeCS
Saiba mais clicando aqui.

 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Notícia muito triste

Haitiano é assassinado em Navegantes (SC)
Sterlin e mulher se conheceram há dois anos em Navegantes
O isolador naval haitiano Fetiere Sterlin, 33, foi assassinado por golpes de facas desferidos por dez homens na noite do último sábado (17), no município de Navegantes (SC), a 112 km de Florianópolis.

Segundo a mulher da vítima, a operária Vanessa Nery, 27, que é de Belém do Pará e testemunhou a agressão, ela, o marido, outro casal e mais um amigo haitiano saíam de uma festa quando dois jovens passaram de bicicleta xingando Sterlin com um palavrão em francês crioulo (um dos idiomas oficias do Haiti), que já é de uso comum no bairro.

"Eles passaram xingando meu marido, que xingou de volta. Aqui é bem comum eles passarem xingando de 'macici' [algo como "viado"], falando para eles voltarem para casa, mas nunca termina em agressão", afirmou.

Ela disse ainda que, antes de ir embora, o rapaz teria dito "eu vou voltar e te dar um monte de tiro". Outra testemunha afirmou que os homens diziam que "haitiano não tem nada para fazer aqui".

Após cinco minutos, os mesmos jovens voltaram ao lugar com armas brancas e outros oito homens, e atacaram o grupo.

"Voltaram com faca, barra de ferro, pá e voltaram para agredir a gente. Não houve uma discussão. Veio um em cima de cada um de nós quatro, e os outros foram todos para cima do meu marido, e começaram a esfaqueá-lo". Segundo ela, a maioria aparentava ser adolescente, "entre 16 e 17 anos no máximo".

Segundo o diretor da Associação de Haitianos de Navegantes, João Edson Fagundes, essa não foi a primeira agressão a haitianos na cidade.

"Ele foi o primeiro haitiano assassinado aqui na região [do Vale do Itajaí], mas no ano passado, outro rapaz levou cinco tiros e sobreviveu, mas logo saiu do Brasil", relatou. Ele suspeita que tenha sido um caso de xenofobia.

O caso foi registrado na mesma noite por um delegado que estava de plantão, e as investigações devem começar nesta segunda.

Sterlin e Vanessa se conheceram há dois anos em Navegantes. Ele estava no Brasil há quatro e havia morado no Pará e em São Paulo anteriormente. A família de Sterlin mora nos Estados Unidos atualmente, e o corpo será sepultado em Navegantes.

Camila Rodrigues da Silva

domingo, 18 de outubro de 2015

Decisão judicial interessante e serve de exeplo


24/07/2015 14h54 - Atualizado em 24/07/2015 14h54

Justiça permite que esposa e filho visitem haitiano no RS sem visto

Decisão é da 2ª Vara Federal de Canoas, onde mora o refugiado.
Estrangeiro mora no Brasil há um ano; família ficou no país caribenho.
Do G1 RS
Porto Alegre recebeu mais imigrantes haitianos em
maio (Foto: Sergio Cabral Feltes/Divulgação)


Mais de um ano depois de deixar a esposa e um filho de dois anos no Haiti, um estrangeiro que mora em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, poderá receber a visita da família. A 2ª da Vara da Justiça Federal de Canoas autorizou a mulher e o menino a ingressarem no país mesmo sem o visto.

A decisão é do juiz Felipe Veit Leal. De acordo com o processo, o haitiano deixou o país caribenho após o terremoto de 2010. Ele passou a morar no Brasil em maio do ano passado. A esposa e o filho ficaram no Haiti.

Ao ingressar na Justiça, a família pediu autorização para que a mulher e a criança se desloquem do Haiti até Porto Alegre, de avião, independentemente da obtenção de visto junto ao consulado brasileiro. O pedido foi embasado no princípio da proteção à unidade familiar, previsto constitucionalmente e na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Na análise do caso, o magistrado ressaltou que a proteção à família é dever do Estado. “O princípio da unidade familiar estabelece que o Estado e a sociedade devem empreender todos os esforços necessários para que os membros da família permaneçam unidos; impedindo, com isso, que, por motivos alheios à sua vontade, sejam eles separados uns dos outros”, escreveu o juiz na decisão.

O juiz também considerou que os laços familiares estariam comprovados por meio da documentação apresentada e que a residência do haitiano no país estaria temporariamente autorizada pelo protocolo do pedido de asilo junto à Polícia Federal, pendente de apreciação.