sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Haitianos em Acre = 14-11-2012

Haitianos ilegais no país têm “líder” para conversar com imprensa


Os imigrantes ilegais haitianos que aguardam a concessão de visto provisório da Polícia Federal para trabalhar no país não têm a mesma postura dos que chegaram antes ao Brasil. Mais organizados, os imigrantes que estão agora na cidade escolheram um “chefe” que fala por todos.
Para evitar a reportagem da Agência Brasil, eles argumentaram que não falavam espanhol ou português. Os poucos que tentaram conversar foram repreendidos pelos demais: “Você não pode falar nem seu nome”, disse um haitiano quando o jovem Alexis identificou-se para o repórter.
Volny Vilencia, apresentou-se como o “líder” dos mais de 200 haitianos que estão alojados provisoriamente em uma casa alugada pelo governo estadual. Segundo ele, desse total apenas 42 já têm visto para trabalhar no Brasil.
Hoje, metade do grupo viajou de ônibus para a capital, Rio Branco, às 6h30. De lá, eles seguem amanhã para Belo Horizonte, para trabalhar em uma empresa da capital mineira.
Volny disse que na segunda-feira (19) a outra metade deixará Brasileia. A informação foi confirmada pelo representante do governo do Acre na cidade, Damião Borges.
Pelo menos duas vezes, a Agência Brasil constatou que além de filtrar as informações que repassava, o haitiano mentiu. Ele disse que não havia mais grávidas no grupo.
Uma haitiana já em fim de gestação, que tinha deixado a casa havia poucos minutos, foi abordada e, sem querer falar mostrou discretamente com os dedos a existência de seis grávidas no abrigo, informação também confirmada por Damião Borges.
Segundo Damião, quatro dessas mulheres que não têm marido seguirão para Porto Velho, capital de Rondônia, onde existe uma casa de abrigo para haitianos. Ao ser confrontado novamente pela informação dada Volny Vilencia confirmou a presença das grávidas.
Ele também disse que há duas semanas não chegam novos grupos em Brasileia. Damião Borges deu outra informação. Segundo ele, a imigração ilegal para a cidade é permanente e um grupo de seis pessoas entrou por Cobija, na Bolívia, no domingo (11).
Por: Marcos Chagas
Fonte: Agência Brasil – EBC
Edição: Tereza Barbosa

Notícia 13-11-2012

Governo do Acre está atento para evitar exploração ilegal de mão de obra haitiana


O governo do Acre está atento para a possível exploração de trabalho análogo à escravidão ou degradante dos haitianos que imigram ilegalmente para o Brasil. O secretário de Justiça e Direitos Humanos do estado, Nilson Mourão, disse que recentemente recebeu denúncia de ações ilegais praticadas contra haitianos por empresários gaúchos que estiveram em Brasileia, no Acre, para contratá-los.
Segundo ele, a denúncia partiu da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Mourão disse que, pelas informações da comissão, esses empresários estão retendo os vistos de legalização concedidos pela Polícia Federal e não pagam o salário de R$ 800 combinado quando contrataram os haitianos em Brasileia.
O secretário preferiu não dar nomes e acrescentou que permanentemente tem enviado funcionários da secretaria para verificar a situação dos imigrantes já contratados para trabalhar em diversos estados do país.
Praticamente toda semana, empresários vão a Brasileia em busca de trabalhadores haitianos que tenham a situação legalizada. O governo do Acre tem se preocupado especialmente com os imigrantes que são levados para usinas, onde o esquema de funcionamento é diferente.
“As usinas funcionam em um esquema parecido com os da Petrobras, em que o trabalhador passa 15 dias nas plataformas e descansa 15 dias [em terra firme]. Esses trabalhadores, enquanto estão nas usinas, permanecem em galpões e muitas vezes vão para lugares de difícil acesso”, relatou o secretário.
Mourão ressaltou que a situação desses haitianos é a mesma a que são submetidos trabalhadores brasileiros. O secretário destacou, entretanto, que os empresários quando vão a Brasileia deixam claro aos imigrantes que serão contratados, quanto ganharão, detalham o trabalho a ser feito e para onde irão.
Representantes das empresas ouvidos pela Agência Brasil relataram alguns casos de trabalhadores haitianos que não quiseram honrar o acordado. A reclamação mais comum é pagamento de baixo salário para a qualificação profissional. Alguns dos contratados em Brasileia são médicos, dentistas, contadores e engenheiros.
A empresa Albuquerque Engenharia, de Rio Branco, conviveu com esses problemas. No início do ano, a incorporadora contratou 30 imigrantes haitianos para trabalhar na obra de 34 prédios construídos com recursos do Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.
A responsável pelo setor de Recursos Humanos da empresa, Gabriela Brandão de Souza, disse que parte dos contratados argumentou que não faria o trabalho, por ter qualificação maior do que a exigida pelas funções. Ela esclareceu, no entanto, que esses foram casos especiais de haitianos que descobriram oportunidade de trabalhar em São Paulo com salário superior aos R$ 800 oferecidos pela empresa acriana.
“Eles aprenderam essas manhas com os próprios operários daqui [Rio Branco]. Para receber os recursos da rescisão contratual faltavam ao serviço, chegavam atrasados e diziam que não iriam fazer o serviço”, destacou.
Gabriela disse que, fora isso, não teve qualquer problema com aqueles trabalhadores, pelo contrário, “os haitianos trabalhavam por dois brasileiros”. Para enviar às suas famílias o máximo de recurso possível, os imigrantes faziam o limite das horas extras permitidas por lei.
Para ela, o fato de deixarem o serviço no Acre para tentar a vida em São Paulo faz parte de qualquer relação trabalhista. “Eles queriam crescer, evoluir. Entre eles, tínhamos no canteiro de obras engenheiros, contadores e advogados”.
Por: Marcos Chagas
Fonte: Agência Brasil – EBC
Edição: Tereza Barbosa

13-11-2012 - Notícia

Ajuda brasileira estimula imigração ilegal de haitianos, diz secretário do Acre


A facilidade com que imigrantes haitianos entram ilegalmente no país pela cidade acriana de Brasileia e a ajuda humanitária que recebem do governo estadual têm estimulado a ação dos coiotes, que traficam essas pessoas. Quem reconhece é o secretário de Justiça e Direitos Humanos do governo do Acre, Nilson Mourão.
Cabe a ele, desde 2010, quando chegaram ao estado os primeiros imigrantes ilegais, definir as políticas públicas de ajuda humanitária. Praticamente todos os dias, imigrantes chegam a Brasileia por Cobija, na Bolívia.
“Se, por um lado, prestamos ajuda humanitária a essas pessoas, não sou inocente a ponto de não reconhecer que estamos estimulando a atuação desses coiotes, que ganham muito dinheiro trazendo os haitianos para o Brasil”, disse Mourão à Agência Brasil.
O secretário acrescentou que o problema permanecerá enquanto não houver um trabalho “casado” de políticas públicas entre os governos federal e do Acre. Com hospedagem, comida, água e legalização dos vistos providenciadas pelo governo estadual na Polícia Federal, os próprios imigrantes estimulam os compatriotas a virem para o Brasil.
Nilson Mourão disse, ainda, que o governo do Acre tem estabelecido contatos com empresários de diferentes estados. Assim, depois de terem os vistos legalizados, os haitianos já saem de Brasileia empregados, outro importante fator, segundo ele, que pesa no aumento da imigração ilegal.
Por: Marcos Chagas
Fonte: Agência Brasil – EBC
Edição: Tereza Barbosa

domingo, 11 de novembro de 2012

O furacão Sandy que atingiu o Haiti pode provocar aumento de imigrantes haitianos no Brasil

10/11/2012 15h00

Imigração de haitianos no Brasil deve aumentar depois do furacão Sandy

 
Não se completaram três anos que o Haiti foi devastado por um terremoto de magnitude 7 na escala Richter, dois meses que enfrentou o furacão Isaac, e o país é mais uma vez vítima das poderosas forças da natureza.
Na última semana, o furacão Sandy destruiu as moradias de cerca de 20 mil pessoas no país caribenho, depois de passar pelos Estados Unidos, Bahamas, Cuba e Jamaica.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 1 milhão de pessoas estão enfrentando a insegurança alimentar no Haiti.
O número de haitianos no Brasil, que já é considerado alto deve crescer ainda mais após as últimas tragédias naturais, pois a imigração para o país sul-americano tornou-se para essas pessoas, sinônimo de segurança e desenvolvimento.
No Brasil, o principal ponto de entrada dos imigrantes é a cidade de Manaus, no Amazonas.
Somente em 2011, o número de haitianos que ingressaram legalmente no país superou 4 mil.
Os números de 2012 ainda não estão consolidados e não há também, posicionamento oficial sobre os procedimentos a serem adotados pelos órgãos brasileiros em relação a entrada de novos haitianos.
Porém, em nota à imprensa, o Governo brasileiro anunciou o apoio de 200 mil dólares às vítimas do furacão Sandy em Cuba e no Haiti.
Para cada país será enviado o valor de 100 mil dólares por meio da Embaixada do Brasil em Porto Príncipe e da Cruz Vermelha.
Eles serão utilizados em compras locais e na distribuição de insumos prioritários no atendimento aos flagelados.

Prejuízos

A tempestade tropical Sandy fez com que grande parte da colheita no sul do Haiti fosse destruída.
A seca e a tempestade anteriores ao furacão atingiram fortemente a parte norte do país.
Com este cenário, a previsão é de graves problemas com a desnutrição e a insegurança alimentar. Algumas das principais estradas foram inutilizadas, dificultando o alcance dos flagelados em várias partes do país.
Uma grande preocupação está relacionada aos sistemas de água e saneamento que deverão ser drenados em regime de emergência, devido a ameaça de um surto de doenças transmitidas pela água, especialmente a cólera que é endêmica no país.
Apesar de o país ter se preparado para o furacão, com planejamento de contingência, é muito vulnerável a esse tipo de desastre, não apenas por causa da pobreza, mas por causa de décadas de desmatamento e erosão.(Fundação Cultural Palmares

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

S.O.S

Sem comida e energia em abrigo, desespero toma conta de haitianos31 de outubro de 2012



Damião Borges cercado por haitianos em busca de abrigo e comidaA situação de 200 haitianos abrigados precariamente numa casa no município de Brasiléia, a 235 quilômetros de Rio Branco (AC), na fronteira com a Bolívia, se agravou depois que o governo estadual deixou de pagar o aluguel do imóvel e parou de fornecer alimentação.A casa está sem eletricidade, a comida é insuficiente e as pessoas estão desesperadas, de acordo com relatos de ativistas de defesa dos direitos humanos. A maioria dos haitianos já está com CPF, mas falta oportunidade de trabalho, afetando especialmente as mulheres, algumas esperando bebês há vários meses.- O desespero dos haitianos está aumentando e espero que possamos evitar tragédias – disse o pesquisador Foster Brown, cientista do Experimento de Grande Escala Biosfera Atmosfera na Amazonia (LBA) e membro do MAP -de Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia)- uma iniciativa de de direitos humanos.De acordo com Foster Brown, a iniciativa MAP estuda a possibilidade de pedir ajuda de organizações como a Care Brasil e a Cruz Vermelha.- Não há apoio aparente no nível federal e a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos está quebrada, com muitas dividas – acrescentou Brown.A devastação causada pelo terremoto de 12 de janeiro de 2010 no Haiti atingiu 3 milhões de pessoas, mais de 220 mil morreram e 1,5 milhão ficaram desabrigadas.Mais de 5 mil haitianos entraram no Brasil pela fronteira amazônica. Eles cruzam ilegalmente a fronteira, aguardam visto temporário e são transferidos e contratados como mão-de-obra nas regiões mais desenvolvidas do país.Não falta documentação para os haitianos, pois a Policia Federal tem facilitado a entrega de CPFs. A crise neste momento, segundo Damião Borges, funcionário da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos, responsável pelos haitianos, se resume em dois itens: abrigo e alimentação.- Eles estão sem moradia e luz. Em breve, 200 haitianos vão estar literalmente nas ruas. Uma recém-nascida na noite de segunda, está num quarto escuro com muita gente. Além disso, falta comida e água pótavel. Alguns dos haitianos estão sem comer há alguns dias – relatou Damião Borges.De Iberia, no Peru, o padre René Salízar, também da iniciativa MAP, conta que já se manifestou muitas vezes no país dele sobre a situação dos haitianos. Ele considera que este é um problema que nunca vai acabar.- Porque eles seguem entrando no Peru sem nenhum problema a partir da fronteira do Ecuador, de maneira ilegal. Chegam a Puerto Maldonado, logo locam um carro até Iberia, onde existem vários coiotes que os levam até a fronteira com a Bolivia, onde estão os coiotes bolivianos – relata.O padre René Salízar já se pronunciou sobre a situação ante ao chefe máximo da polícia regional de Madre de Dios, porém pouco ou nada podem fazer.- Eles dizem que no há ordem para deter ou não deixar passar os haitianos, pois não estão vindo para ficar no Perú, mas estão de passagem com destino ao Brasil. Assim mesmo, fizemos uma denuncia ao Ministerio Público de Iberia, pois os coiotes cometem extorsões contra os haitianos. Salízar disse que quando conversa com os haitianos que chegam até a sua paróquia, contando da situação dos compatriotas que estão em Brasília, os imigrantes que seus amigos e parentes já se encontram no Brasil.- Eles dizem que a vida no Brasil é fácil e que o estado nacional brasileiro os apoia. Os que estão no Brasil seguem chamando seus compatriotas e se o Peru não fecha a fronteira do Ecuador, seguirão tendo problemas no Brasil com o imigrantes haitianos – concluiu o padre.
Por: Altino Machado.


Fonte: Blog da Amazônia/ Terra Magazine

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Filme: "FILHOS DO HAITI" - Manaus 02-11-2012

Haitianos em Manaus são personagens do curta "Filhos do Haiti"

Curtas-metragens amazonenses têm o maior número de indicados no Amazonas Film Festival, com destaque para a produção de Ari Santos que dirigiu “Filhos do Haiti”




Curta metragem sobre a vinda dos haitianos para Manaus
Curta metragem sobre a vinda dos haitianos para Manaus (Acervo AC)

Nem sempre a fórmula “câmera na mão e uma ideia na cabeça” resolve as inquietações dos produtores audiovisuais que atuam por conta própria. Para produzir um curta-metragem, por exemplo, os diretores se deparam com inúmeras dificuldades, que vão desde a disponibilidade de equipamentos até o conhecimento necessário no processo de finalização da obra.
Para muitos, no entanto, o reconhecimento vem quando a produção é selecionada para uma mostra ou festival de cinema. Capitaneado pela Secretaria de Cultura, o Amazonas Film Festival (AFF) é um desses palcos em que o talento dos videomakers amazonenses pode brilhar. Na edição do AFF deste ano, a categoria Curta-metragem Amazonas, dividida em ficção de documentário, é a que tem o maior número indicados - 15 ao todo.
O produtor audiovisual Ari Santos já vai para a sua segunda participação no Amazonas Film Festival. Em 2008, ele participou do evento com o documentário “Set amazônico” e desta vez vai concorrer com o curta-metragem documental “Filhos do Haiti”. “Por mais simples que sejam, os curtas amazonenses que estão no festival já são vencedores, porque driblaram as dificuldades e conseguiram o reconhecimento dos curadores”, declarou.
A ideia
Em pouco mais de 15 minutos, “Filhos do Haiti” registra a chegada dos primeiros haitianos a Manaus, no primeiro semestre de 2011, e a acolhida que receberam pela Igreja Católica, especialmente na Paróquia de São Geraldo, na zona centro-sul da cidade. O documentário já foi exibido na Mostra Amazônica do Filme Etnográfico de 2011 e no 4º Festival Etnográfico do Recife, no mês passado.
“Segundo a Selda Vale, fomos os primeiros a fazer esse registro”, comentou Ari Santos, que também tem no currículo o documentário “Nômades Urbanos” (2007), sobre os hippies de Manaus. Para tirar “Filhos do Haiti” do papel, ele trabalhou em parceria com os produtores Daniel Barbosa e Darwin Porto. De acordo com Santos, a ideia para o documentário surgiu da percepção de que a presença de refugiados haitianos em Manaus estava crescendo. “Queríamos conhecer de perto a história deles, mas também houve o fator curiosidade, que nos impeliu a entrar em contato uma cultura diferente”.
Percalços
Ari Santos contou que a primeira dificuldade na produção de “Filhos do Haiti” foi como chegar até os personagens principais. “Eles não gostam de dar entrevistas, por isso precisávamos de um ponto de partida. Procuramos os padres da paróquia e, depois de mostrarmos que o trabalho era sério, eles ajudaram a intermediar o contato”, disse.
A comunicação também poderia ser um empecilho, mas os três personagens que os diretores encontraram para dar voz à saga dos haitianos em Manaus já tinham domínio do português. “Tivemos alguma dificuldade nas filmagens, já que nem tudo que planejamos dá certo. Chegamos a alugar uma câmera de última hora para fazer as gravações”, complementou Ari Santos.
Para ele, toda experiência vale a pena quando o trabalho ganha as telas e o reconhecimento do público. “É um sentimento de realização. Quando se consegue passar a mensagem, já vale todo o esforço”.