08/08/2013 22h42 - Atualizado em 08/08/2013 22h42
'Berço' da Pastoral da Criança reza por possível beatificação de Zilda Arns
Instituição foi criada em 1983, em Florestópolis, no norte do Paraná.
Processo de beatificação terá início em 2015, segundo anúncio da CNBB.
Voluntárias da Pastoral da Criança de Florestópolis, no norte do Paraná, comemoram o anúncio da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) sobre o inicio do processo de beatificação da missionária Zilda Arns, na quarta-feira (7). A cidade é o berço da pastoral, fundada e coordenada por Arns até sua morte, em 2010, em um terremoto no Haiti.
Ao falar sobre o processo de beatificação da missionária, algumas missionárias que atuaram desde o começo da pastoral se emocionam. “A gente se emociona por essa graça que Deus nos deu dela ser nossa intercessora aqui em Florestópolis. Não tenho dúvida que ela será a protetora de Florestópolis”, comenta Maria Zélia de Oliveira.
As participantes da pastoral na cidade disseram não ter dúvidas de que a beatificação ocorrerá. “Ela é um exemplo, por causa do carisma, do amor em salvar vidas. Ela chegou com a Pastoral da Criança não só no Brasil, mas em vários continentes. Não tenho dúvidas que ela será beatificada”, disse Eunice Cardoso.
O processo de beatificação só começará em 2015, pois a solicitação só pode ser realizada cinco anos após a morte do candidato. A beatificação de Arns foi proposta pelo bispo da Paraíba, Aldo Di Cillo Pagotto, que atualmente preside o Conselho Diretor da Pastoral da Infância.
A missionária morreu aos 75 anos no Haiti, onde estava para um encontro missionário no qual seriam discutidos métodos de combate à desnutrição infantil. Ela era irmã do arcebispo emérito de São Paulo, cardeal dom Paulo Evaristo Arns, e tia do vice-governador do Paraná, Flávio Arns.
A Pastoral da Infância foi criada em 1983, em Florestópolis, como o objetivo de atender e ajudar no desenvolvimento de crianças com até seis anos de idade nas comunidades pobres. Hoje, a pastoral atua em mais de 20 países da América Latina, África e Ásia. No Brasil, os lugares atendidos pela pastoral tem um índice de mortalidade infantil de nove para mil crianças, quase a metade do índice nacional.
De acordo com Sônia Baise, coordenadora da Pastoral da Criança em Florestópolis, o índice de mortalidade infantil caiu drasticamente em Florestópolis após a implantação do trabalho. “De mil crianças, morriam 100 e poucas por ano. Isso foi reduzindo e hoje temos praticamente zero”, afirma.
Crianças salvas
Segundo Evani Fogaça, voluntária da pastoral há mais de 20 anos, o projeto salvou milhares de vidas. “As coordenadoras ficavam sabendo de crianças que estavam em situação de risco e atendiam. Crianças muito magras, com casos de desnutrição. Por causa do trabalho, vi muitas crianças ser salvas e que hoje são adultas, testemunhas do trabalho realizado”, disse.
A voluntária Alzira de Souza conta que uma sobrinha só conseguiu sobreviver por causa do trabalho da pastoral. “Falavam que ela poderia morrer logo. Foi acompanhada por seis meses no berçário e saiu de lá curada. E eu falo para ela: você tem que agradecer muito a Deus por sua vida, e também a doutora Zilda por esse trabalho que ela fez”, disse.
Uma das visitas realizadas pela pastoral aproximou Maria Camilo de Rafael, que foi adotado por ela. “Visitávamos várias crianças doentes. Quando fui ao hospital, vi o Rafael debilitado, entre a vida e a morte. Eu senti vontade de cuidar dele. Um sentimento de mãe. Nem sabia o que estava acontecendo com a mãe dele”, explica Maria, que atuava no começo da pastoral.
Rafael nasceu com 3,6 kg, mas com pouco mais de um mês de vida, foi encaminhado ao hospital com 1,3 kg, com infecção pulmonar e desnutrição. “Inicialmente, ia cuidar até ele ficar bem. Mas, a mãe estava doente e não podia cuidar dele. Por isso, ela me entregou a guarda dele na justiça. Depois de alguns anos ela faleceu”, conta a voluntária.
“Nós que ajudamos a criar a pastoral da criança vamos levar isso sempre em nosso coração. Temos o orgulho de ser o berço da Pastoral da Criança e teremos uma beata da pastoral", afirma Sônia Baise, coordenadora da Pastoral da Criança em Florestópolis.
Ao falar sobre o processo de beatificação da missionária, algumas missionárias que atuaram desde o começo da pastoral se emocionam. “A gente se emociona por essa graça que Deus nos deu dela ser nossa intercessora aqui em Florestópolis. Não tenho dúvida que ela será a protetora de Florestópolis”, comenta Maria Zélia de Oliveira.
As participantes da pastoral na cidade disseram não ter dúvidas de que a beatificação ocorrerá. “Ela é um exemplo, por causa do carisma, do amor em salvar vidas. Ela chegou com a Pastoral da Criança não só no Brasil, mas em vários continentes. Não tenho dúvidas que ela será beatificada”, disse Eunice Cardoso.
O processo de beatificação só começará em 2015, pois a solicitação só pode ser realizada cinco anos após a morte do candidato. A beatificação de Arns foi proposta pelo bispo da Paraíba, Aldo Di Cillo Pagotto, que atualmente preside o Conselho Diretor da Pastoral da Infância.
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Zilda Arns era pediatra de profissão e dedicou sua vida ao cuidado das crianças menos favorecidas e no combate à desnutrição. Recebeu vários prêmios por seus trabalhos sociais, entre eles o de Direitos Humanos das Nações Unidas, concedido em 2002. Também chegou a ser postulada ao Prêmio Nobel da Paz.A missionária morreu aos 75 anos no Haiti, onde estava para um encontro missionário no qual seriam discutidos métodos de combate à desnutrição infantil. Ela era irmã do arcebispo emérito de São Paulo, cardeal dom Paulo Evaristo Arns, e tia do vice-governador do Paraná, Flávio Arns.
A Pastoral da Infância foi criada em 1983, em Florestópolis, como o objetivo de atender e ajudar no desenvolvimento de crianças com até seis anos de idade nas comunidades pobres. Hoje, a pastoral atua em mais de 20 países da América Latina, África e Ásia. No Brasil, os lugares atendidos pela pastoral tem um índice de mortalidade infantil de nove para mil crianças, quase a metade do índice nacional.
De acordo com Sônia Baise, coordenadora da Pastoral da Criança em Florestópolis, o índice de mortalidade infantil caiu drasticamente em Florestópolis após a implantação do trabalho. “De mil crianças, morriam 100 e poucas por ano. Isso foi reduzindo e hoje temos praticamente zero”, afirma.
Crianças salvas
Segundo Evani Fogaça, voluntária da pastoral há mais de 20 anos, o projeto salvou milhares de vidas. “As coordenadoras ficavam sabendo de crianças que estavam em situação de risco e atendiam. Crianças muito magras, com casos de desnutrição. Por causa do trabalho, vi muitas crianças ser salvas e que hoje são adultas, testemunhas do trabalho realizado”, disse.
A voluntária Alzira de Souza conta que uma sobrinha só conseguiu sobreviver por causa do trabalho da pastoral. “Falavam que ela poderia morrer logo. Foi acompanhada por seis meses no berçário e saiu de lá curada. E eu falo para ela: você tem que agradecer muito a Deus por sua vida, e também a doutora Zilda por esse trabalho que ela fez”, disse.
Uma das visitas realizadas pela pastoral aproximou Maria Camilo de Rafael, que foi adotado por ela. “Visitávamos várias crianças doentes. Quando fui ao hospital, vi o Rafael debilitado, entre a vida e a morte. Eu senti vontade de cuidar dele. Um sentimento de mãe. Nem sabia o que estava acontecendo com a mãe dele”, explica Maria, que atuava no começo da pastoral.
Rafael nasceu com 3,6 kg, mas com pouco mais de um mês de vida, foi encaminhado ao hospital com 1,3 kg, com infecção pulmonar e desnutrição. “Inicialmente, ia cuidar até ele ficar bem. Mas, a mãe estava doente e não podia cuidar dele. Por isso, ela me entregou a guarda dele na justiça. Depois de alguns anos ela faleceu”, conta a voluntária.
“Nós que ajudamos a criar a pastoral da criança vamos levar isso sempre em nosso coração. Temos o orgulho de ser o berço da Pastoral da Criança e teremos uma beata da pastoral", afirma Sônia Baise, coordenadora da Pastoral da Criança em Florestópolis.
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