quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Noticia

13/08/2013 15h09 - Atualizado em 13/08/2013 16h21

ONG denuncia condições 'desumanas' de haitianos no Acre

Para coordenador, Acre não está preparado para lidar com 'crise'.
'Chegamos ao ponto máximo', diz secretário de Direitos Humanos.

Yuri Marcel Do G1 AC
 
Alojamento dos refugiados em Brasiléia está, atualmente, em reforma (Foto: Veriana Ribeiro/G1)Haitianos se amontoam em alojamento em Brasiléia (Foto: Veriana Ribeiro/G1)

Superlotação, condições precárias de higiene e críticas à qualidade da água e da alimentação. Esta é a situação dos imigrantes haitianos no acampamento de refugiados, em Brasiléia (AC), de acordo com a Organização Não Governamental de Direitos Humanos, Conectas, localizada no estado de São Paulo (SP). A instituição se reporta em seu site, a uma série de situações encontradas em uma visita feita na cidade de Brasiléia (AC), nos dias 6 e 8 de agosto.
Distante cerca de 240 km da capital, Rio Branco, o município acreano de Brasiléia, que faz fronteira com a Bolívia, se tornou nos últimos três anos, um dos principais pontos de acesso de imigrantes vindos do Haiti ao Brasil. Na cidade, o governo do estado montou um abrigo para recebê-los até que eles tirassem a documentação necessária para trabalhar no país.
Porém, com uma média de 40 imigrantes chegando à cidade todos os dias, o acampamento acaba ficando com uma população maior que sua capacidade. Durante a visita da Conectas, eram 832 pessoas dividindo um espaço reservado para 200. De acordo com a Ong, as condições de higiene também seriam inadequadas, já que todos os imigrantes dividem dez latrinas e oito chuveiros. Eles afirmam ainda que no hospital do município, a informação é que 90% dos imigrantes estariam sofrendo com diarréia.

'Não estão preparados'
De acordo com o coordenador de Comunicação da Conectas, João Paulo Charleaux, apesar de estar sendo realizado um trabalho para acolher esses imigrantes, a ajuda é pouca perto da demanda existente.

"Essa pequena cidade de Brasiléia e o estado do Acre estão tendo que manejar uma crise para a qual não estão preparados. Essa crise é para ser manejada pelo Governo Federal e por organizações internacionais", enfatiza.

Chaleaux disse que a ONG irá encaminhar o material coletado para o Governo Federal, Organização dos Estados Americanos (OEA) e Organização das Nações Unidas (ONU) cobrando a adoção de medidas para resolver o problema.

'Chegamos ao ponto máximo'
Uma das informações divulgadas pela Conectas diz que o Governo Federal não estaria realizando o repasse de ajuda humanitária para o Governo do Acre já há três meses. A informação é confirmada pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão. Ele revela que por causa disso, o estado possui uma dívida de mais de R$ 700 mil com alimentação.

"O Governo Federal assumiu a responsabilidade de liquidar esse débito e até a presente data não liquidou. Nossa equipe está em contato permanente com a equipe do Governo Federal que está buscando os caminhos para pagar esse débito", diz.

Mourão concorda com Charleaux e diz que é preciso maior envolvimento do Governo Federal na questão. "A situação está cada dia mais complexa e nossa equipe não está preparada para enfrentar uma rota migratória tão organizada quanto essa. Nossas possibilidades estão esgotadas e desejamos que o Governo Federal possa assumir", diz.

Sobre as denúncias, quanto as condições do acampamento, o secretário diz que apesar dos esforços do Estado, a Administração Pública não possui mais condições de gerir sozinha.

"Nós chegamos ao máximo daquilo que entendemos como atenção humanitária. Eles têm abrigo, alimentação três vezes ao dia, orientação para tirar documentação, contratação para o trabalho. Uma atenção dessas merece ser valorizada, qual o lugar do mundo que dá essa atenção a imigrantes irregulares? Chegamos ao nosso ponto máximo daqui para frente não temos mais para onde ir", enfatiza.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Zilda Arns

Processo de beatificação de Dra. Zilda começa em 2015, anuncia bispo Dom Aldo

O processo de beatificação da médica pediatra e sanitarista Zilda Arns Neumann – Dra. Zilda – será aberto em 2015, anunciou o bispo Dom Aldo Di Cillo Pagotto, presidente do Conselho Diretor da Pastoral da Criança, durante o congresso nacional da entidade que será encerrado hoje (2 de agosto) na cidade de Aparecida.
 
Fundadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, Dra. Zilda morreu em missão em 2010 vítima do terremoto que assolou o Haiti. O pleito pela beatificação e santificação não pode ser apresentado antes dos primeiros cinco anos da sua morte, esclareceu o bispo que já convidou os participantes do congresso e voluntários de todo o país para a peregrinação a Curitiba, que vai marcar em 2015 a abertura da causa.
 
A introdução ao processo de beatificação não é tão complicado ou difícil como se pensa, observa Dom Aldo. “Como grupo somos mais de 200 mil voluntários na Pastoral da Criança, mais bispos e padres. E há o desejo para que as virtudes de Dra. Zilda sejam reconhecidas, um pleito que terá fácil aprovação e aplauso”.
 
A beatificação é um ato jurídico canônico pelo qual o papa, pela autoridade que exerce na Igreja, declara beato um servo de Deus que, após sua morte, sempre foi conceituado pela vivência de notáveis virtudes e de uma vida vivida em santidade.
 
O primeiro passo é postular a Roma para que a Congregação dos Santos receba a petição. Com a autorização da Santa Sé, caberá ao bispo diocesano, no caso Dom Moacyr Vitti, de Curitiba, postular oficialmente o pleito. Assim, autorizada, “começaremos a coletar os testemunhos que são imensos, casos de salvação de vidas e também de todos os ensinamentos, das práticas da Dra. Zilda”, explicou Dom Aldo.
 
Um processo de beatificação ou santificação não tem prazo para conclusão. Para o bispo, o que importa é o gesto de valorização e o reconhecimento de todas as virtudes da médica e o legado deixado para as duas pastorais. Ele lembra que Dra. Zilda, como humanitária – assim como madre Teresa de Calcutá – concorreu ao Prêmio Nobel da Paz. “O que já é um reconhecimento de dimensão universal”.
 
A Igreja tem feito muitos santos, personalidades de épocas recentes. A fundadora da Pastoral da Criança poderá ser a santa da modernidade, como o papa João Paulo II, Giana Molla, beato Giorgio Frascatti e outros. E nada mais atual do que os desafios que a Dra. Zilda enfrentou para combater a desnutrição, salvar vidas e promover a dignidade humana. “São praticas tão exitosas que hoje consistem em políticas públicas”, frisa Dom Aldo, para quem a médica fez extraordinariamente bem o que precisava ser feito. “E sua obra tem alcance extraordinário. A metodologia, as práticas simples iniciadas há 30 anos hoje estão em vinte países da América Latina, África e Ásia.”