segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Notícia muito triste

Haitiano é assassinado em Navegantes (SC)
Sterlin e mulher se conheceram há dois anos em Navegantes
O isolador naval haitiano Fetiere Sterlin, 33, foi assassinado por golpes de facas desferidos por dez homens na noite do último sábado (17), no município de Navegantes (SC), a 112 km de Florianópolis.

Segundo a mulher da vítima, a operária Vanessa Nery, 27, que é de Belém do Pará e testemunhou a agressão, ela, o marido, outro casal e mais um amigo haitiano saíam de uma festa quando dois jovens passaram de bicicleta xingando Sterlin com um palavrão em francês crioulo (um dos idiomas oficias do Haiti), que já é de uso comum no bairro.

"Eles passaram xingando meu marido, que xingou de volta. Aqui é bem comum eles passarem xingando de 'macici' [algo como "viado"], falando para eles voltarem para casa, mas nunca termina em agressão", afirmou.

Ela disse ainda que, antes de ir embora, o rapaz teria dito "eu vou voltar e te dar um monte de tiro". Outra testemunha afirmou que os homens diziam que "haitiano não tem nada para fazer aqui".

Após cinco minutos, os mesmos jovens voltaram ao lugar com armas brancas e outros oito homens, e atacaram o grupo.

"Voltaram com faca, barra de ferro, pá e voltaram para agredir a gente. Não houve uma discussão. Veio um em cima de cada um de nós quatro, e os outros foram todos para cima do meu marido, e começaram a esfaqueá-lo". Segundo ela, a maioria aparentava ser adolescente, "entre 16 e 17 anos no máximo".

Segundo o diretor da Associação de Haitianos de Navegantes, João Edson Fagundes, essa não foi a primeira agressão a haitianos na cidade.

"Ele foi o primeiro haitiano assassinado aqui na região [do Vale do Itajaí], mas no ano passado, outro rapaz levou cinco tiros e sobreviveu, mas logo saiu do Brasil", relatou. Ele suspeita que tenha sido um caso de xenofobia.

O caso foi registrado na mesma noite por um delegado que estava de plantão, e as investigações devem começar nesta segunda.

Sterlin e Vanessa se conheceram há dois anos em Navegantes. Ele estava no Brasil há quatro e havia morado no Pará e em São Paulo anteriormente. A família de Sterlin mora nos Estados Unidos atualmente, e o corpo será sepultado em Navegantes.

Camila Rodrigues da Silva

domingo, 18 de outubro de 2015

Decisão judicial interessante e serve de exeplo


24/07/2015 14h54 - Atualizado em 24/07/2015 14h54

Justiça permite que esposa e filho visitem haitiano no RS sem visto

Decisão é da 2ª Vara Federal de Canoas, onde mora o refugiado.
Estrangeiro mora no Brasil há um ano; família ficou no país caribenho.
Do G1 RS
Porto Alegre recebeu mais imigrantes haitianos em
maio (Foto: Sergio Cabral Feltes/Divulgação)


Mais de um ano depois de deixar a esposa e um filho de dois anos no Haiti, um estrangeiro que mora em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, poderá receber a visita da família. A 2ª da Vara da Justiça Federal de Canoas autorizou a mulher e o menino a ingressarem no país mesmo sem o visto.

A decisão é do juiz Felipe Veit Leal. De acordo com o processo, o haitiano deixou o país caribenho após o terremoto de 2010. Ele passou a morar no Brasil em maio do ano passado. A esposa e o filho ficaram no Haiti.

Ao ingressar na Justiça, a família pediu autorização para que a mulher e a criança se desloquem do Haiti até Porto Alegre, de avião, independentemente da obtenção de visto junto ao consulado brasileiro. O pedido foi embasado no princípio da proteção à unidade familiar, previsto constitucionalmente e na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Na análise do caso, o magistrado ressaltou que a proteção à família é dever do Estado. “O princípio da unidade familiar estabelece que o Estado e a sociedade devem empreender todos os esforços necessários para que os membros da família permaneçam unidos; impedindo, com isso, que, por motivos alheios à sua vontade, sejam eles separados uns dos outros”, escreveu o juiz na decisão.

O juiz também considerou que os laços familiares estariam comprovados por meio da documentação apresentada e que a residência do haitiano no país estaria temporariamente autorizada pelo protocolo do pedido de asilo junto à Polícia Federal, pendente de apreciação.