Pró-Haiti presta assistência a imigrantes haitianos em Manaus
14/02/2013
AJUDA HUMANITÁRIA | TRABALHO É ENCABEÇADO POR MISSIONÁRIOS JESUÍTAS, ATRAVÉS DE PARCERIAS
Deniele Simões
deniele.jornal@editorasantuario.com.br
O terremoto que devastou o Haiti em 2010 teve proporções inimagináveis para a população daquele país. Uma das consequências da tragédia foi a debandada de haitianos para outras nações.
O Brasil, que já participava de ações de pacificação da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti desde 2004, é considerado pelos nativos como um país amigo. Por isso, muitos haitianos escolheram o Brasil para viver.
Segundo estimativas da Cáritas, cerca de quatro milhões de haitianos vivem fora do seu país de origem e pelo menos seis mil teriam emigrado para o Brasil. Muitos deles entraram ilegalmente, mas a grande maioria recorre ao visto humanitário.
Uma das localidades escolhidas pelos haitianos é Manaus (AM), onde funciona o Projeto Pró-Haiti. O missionário e advogado da Companhia de Jesus, irmão Paulo Welter, é um dos idealizadores do projeto e fala do trabalho realizado.
Atualmente, são cerca de 30 imigrantes atendidos diariamente, mas as ações começaram logo após o terremoto de 2010, quando um grande número de haitianos chegava à cidade. “A Pastoral do Migrante da arquidiocese de Manaus, sob a coordenação das irmãs Scalabrianas, mais os padres Scalabrinos, auxiliados por outras congregações religiosas e o povo amazonense prestavam os primeiros atendimentos de acolhimento”, relembra. Em função da grande demanda, os jesuítas resolveram somar forças e, em fevereiro de 2012, surgiu o Pró-Haiti.
Além da união ao trabalho que já existia, o projeto foi criado para prestar um trabalho profissional e específico, através de uma equipe voltada às necessidades dos migrantes.
Segundo irmão Welter, o trabalho da equipe acabou transformando o projeto em um espaço de encontro para que os haitianos possam partilhar seus anseios e sofrimentos.
O coordenador do projeto, padre Paulo Tadeu Barausse, explica que o trabalho de assistência é desenvolvido pelos jesuítas, em rede com a Cáritas, Rede Scalabriniana, Pastoral do Migrante da arquidiocese de Manaus, Capuchinhos e voluntários.
As atividades acontecem em espaços de três paróquias locais. Os serviços oferecidos incluem acolhimento, alimentação, oficinas, orientação pessoal, cursos de formação técnica, moradia, assistência social, encaminhamento para emprego e documentação junto à Polícia Federal e Embaixada do Haiti em Brasília.
Dificuldades
Padre Paulo explica que os imigrantes enfrentam muitas dificuldades. Uma delas é o preconceito. “Apesar de todo o esforço na busca de integração, de inclusão, a discriminação existe por parte da sociedade em geral.” Outro elemento é a falta de respeito com a cultura e a religiosidade dos haitianos, assim como o idioma, que impede a completa integração.
Mesmo diante das dificuldades, a equipe continua firme no trabalho de auxílio aos irmãos haitianos e quem quiser fazer parte do projeto é bem vindo. Os interessados devem entrar em contato pelo email pbarausse@hotmail.com.
O religioso destaca que a migração é um direito universal e os haitianos merecem atenção especial. Como as atividades são muitas, o voluntariado constituído pelo laicato pode ajudar a continuidade do Pró-Haiti.