sexta-feira, 29 de maio de 2015

Notícia - Porto Alegre - Rio Grande do Sul

Rio Grande do Sul     



26/05/2015 05h44 - Atualizado em 26/05/2015 10h44

Imigrantes haitianos e senegaleses desembarcam em Porto Alegre

Grupo chegou à rodoviária da capital na madrugada desta terça-feira (26).
Segundo secretário, dos 12 que chegaram, 11 já têm onde ficar.

Imigrantes desembarcaram na rodoviária de Porto Alegre (Foto: Reprodução/RBS TV)Imigrantes desembarcaram na rodoviária de Porto Alegre (Foto: Reprodução/RBS TV)
Aguardados desde o fim da semana passada, imigrantes haitianos e senegaleses vindos de Rio Branco, no Acre, finalmente desembarcaram em Porto Alegre na madrugada desta terça-feira (26). Depois da passagem por Florianópolis, em Santa Catarina, 12 chegaram em dois ônibus à rodoviária, por volta das 4h30.
De acordo com o secretários municipal dos Direitos Humanos, Luciano Marcantônio, que recebeu os estrangeiros, 11 já têm onde ficar, em casas de familiares ou parentes em cidades do interior do Rio Grande do Sul.
"Finalmente chegaram, foi de muita emoção para nós, são 10 senegaleses e dois haitianos. Recebemos eles com muito carinho. Chegam assustados, mas se ambientam rapidamente, veem a postura acolhedora e ficam mais à vontade", diz ao G1 o secretário.
Após o desembarque, os imigrantes foram levados a uma lanchonete para tomar café da manhã. Depois, os que já tem destino no interior do estado seguem viagem - a maioria para Passo Fundo, na Região Norte, e Caxias do Sul, na Serra -, e o estrangeiro que não tem lugar certo para se hospedar pode ser encaminhado para o Centro Humanístico Vida, na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, 2132, bairro Sarandi, Zona Norte da capital. No local, são recebidas doações como roupas, material de higiene e botijões de gás.
Conforme o secretário, a prefeitura continua atenta para a possível chegada de novos imigrantes nas próximas horas ou dias. "Estamos atentos desde a madrugfada de sexta para sábado. Estamos atentos 24 horas por dia", ressalta.
Pelo desencontro de informações, equipes da prefeitura se encaminharam à rodoviária nas últimas madrugadas à espera da chegada de imigrantes à capital. Em entrevistas recentes, o secretário Marcantônio reclamou de não ter sido avisado previamente sobre o envio dos ônibus e, com isso, não ter tido tempo para preparar um planejamento mais adequado.
Por essa confusão que se gerou, foi agendada uma reunião na quarta-feira (27) em Brasília, em um encontro solicitado pela Prefeitura de Porto Alegre com as autoridades acreanas, mediada pelo Ministério da Justiça.
Em novembro de 2014, chegaram à rodoviária de Porto Alegre ônibus com cerca de 300 haitianos vindos do Acre. Na época também não houve aviso prévio por parte das autoridades acreanas. Apenas 20 ficaram na cidade, onde conseguiram emprego e moradia. Os demais, partiram para outros destinos.
As viagens são pagas com o dinheiro de um convênio firmado pelo governo do Acre com o Ministério da Justiça. A prefeitura chegou a prever que cerca de 400 haitianos e senegaleses desembarcariam em Porto Alegre.
A maioria dos 12 imigrantes que desembarcaram seguirão para cidades do interiro do RS (Foto: Reprodução/RBS TV)A maioria dos 12 imigrantes que desembarcaram seguirão para o interiror (Foto: Reprodução/RBS TV)
 
Haitianos no Brasil
A imigração de haitianos que deixaram a terra natal com destino ao Brasil ganhou força em 2010, quando um forte terremoto deixou mais de 300 mil mortos e devastou parte do país. Eles vêm ao Brasil em busca de uma vida melhor e de poder ajudar familiares que ficaram para trás.
Para chegar até o Acre, eles saem, em sua maioria, da capital haitiana, Porto Príncipe, e vão de ônibus até Santo Domingo, capital da República Dominicana. Lá, compram uma passagem de avião e vão até o Panamá. Da cidade do Panamá, seguem de avião ou de ônibus para Quito, no Equador.
Por terra, vão até a cidade fronteiriça peruana de Tumbes e passam por Piura, Lima, Cusco e Puerto Maldonado até chegar a Iñapari, cidade que faz fronteira com Assis Brasil (AC), por onde passam até chegar a Brasiléia, também no Acre.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Noticia 26-05-2015

Migração26/05/2015 | 13h26Atualizada em 26/05/2015 | 13h33

Voluntários criam e distribuem manual de adaptação para haitianos em SC

Livreto traz dicas para imigrantes e dicionário em português, francês e crioulo haitiano

 
Voluntários criam e distribuem manual de adaptação para haitianos em SC Thaynara Danilo/Arquivo pessoal
Voluntários deixaram 27 manuais no abrigo em Florianópolis, na manhã desta terça Foto: Thaynara Danilo / Arquivo pessoal
Enquanto haitianos abrigados no Capoeirão, em Florianópolis, ainda estranham todas as novidades que encontram em uma terra desconhecida, um grupo de catarinenses tenta ajudá-los a superar o processo de adaptação.

Voluntários criaram, imprimiram e começaram a distribuir, na manhã desta terça-feira, uma espécie de "manual de adaptação" e dicionário para os imigrantes, com dicas que vão de como pedir um táxi a como pronunciar fonemas comuns no Brasil, mas incomuns em outros idiomas.

Terceiro ônibus com imigrantes haitianos chega a Florianópolis
No Oeste de SC, as indústrias que foram atrás dos haitianosRafael Martini: "Todos temos sangue negro, índio e europeu"

O livreto – escrito em português, francês e crioulo haitiano – foi criado a partir de um extenso arquivo montado de forma colaborativa dentro do maior canal de comunicação direta entre haitianos no país, o grupo no Facebook Haitianos no Brasil (oficial)".

Na página, as dicas vão ainda mais longe e ensinam coisas que, para um brasileiro, são bastante óbvias: telefones de emergência, instruções para abrir uma conta no banco, um currículo padronizado e uma espécie de lista básica para compras de supermercado.

:: Confira o manual e dicionário na íntegra:



— Conheci um haitiano em Joinville e me sensibilizei com a situação que sua família enfrentava. Começamos a perceber que eles confundiam coisas que parecem óbvias para nós brasileiros, e isso dificultava bastante o processo de adaptação — relata o empresário Marcelo Gonçalves, criador do grupo e um dos três autores do manual.

Gonçalves conta que trabalha com idiomas no Norte de SC e, interessado na troca de experiências culturais com os haitianos, criou o grupo na internet. Hoje a página tem mais de 3 mil membros e serve tanto como espaço para discussões sobre a adaptação no Brasil, por exemplo, quanto para facilitar a interação entre haitianos que vieram para cá, mas moram longe um do outro.

Na manhã desta terça-feira, a professora de idiomas Thaynara Danilo foi até o abrigo em Florianópolis e deixou 27 manuais – alguns diretamente com haitianos, outros com a equipe da assistência social da prefeitura.

Fiesc: imigrantes ocupam postos dispensados por brasileiros
Mais de 3 mil estrangeiros chegaram ao Sul de SC em 2014

Ela relata que grande parte dos imigrantes que chegaram à cidade já foram embora, mas como mais ônibus são aguardados para os próximos, resolveu levar materiais extra e deixar com os responsáveis pelo abrigo.

— Eu já tinha entregue alguns manuais para haitianos que trabalham num posto de gasolina no Centro em outra ocasião, há tempo. No abrigo, mesmo só conseguindo conversar por um tradutor, foi legal vê-los folheando e perguntando coisas sobre o país — conta.

Número de haitianos em SC é incerto
Desde que a contratação dos ônibus que trariam os imigrantes haitianos e senegalenses para o Sul foi anunciada, o Governo do Acre repassou pouquíssimos dados para os municípios que os receberiam. Até o momento, a Prefeitura de Florianópolis não sabe, por exemplo, qual o tamanho da estrutura que deve montar para recebê-los.

No ano passado, a Secretaria Estadual de Assistência Social, Trabalho e Emprego (SST) fez tentativa frustrada de ter um mapeamento mais elaborado. Enviou questionários a todas as prefeituras catarinenses para tentar traçar um perfil dos imigrantes – idade, escolaridade, situação profissional –, mas menos de 30 cidades repassaram as informações.

Levantamentos preliminares mostram que grande parte dos imigrantes que chegam a Santa Catarina busca nova morada no Sul, Oeste, Litoral e Vale do Itajaí, espalhando-se por todo o Estado, o que dificulta o acompanhamento e o desenvolvimento de políticas públicas.

Segundo a SST, a política de atendimento aos estrangeiros em vulnerabilidade é a mesma oferecida aos demais cidadãos. Famílias de imigrantes devem procurar os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) para serem inseridos no cadastro único do governo federal e ter acesso a programas públicos e cursos de qualificação profissional.

A maior parte dos imigrantes que chega a SC já tem destino certo, indicados por amigos ou parentes. Sem conhecimentos da região e com pouco dinheiro, acabam dependendo de uma rede de apoio que envolve poder público, iniciativa privada e até ações individuais.

Muitos dependem deste suporte até conseguir se firmar, trabalhando principalmente em frigoríficos, na metalurgia e na construção civil, segundo a Federação das Indústrias de SC (Fiesc).
DIÁRIO CATARINENSE

domingo, 24 de maio de 2015

Noticia 24-05-2015.


Fluxo migratório 24/05/2015

Ativista alerta país para o drama dos haitianos no Brasil 

MARCELO CAMARGO/ABR
Missão no Haiti incentiva vinda ao Brasil atrás de oportunidades

 
O Brasil ainda não atentou para a necessidade de estabelecer políticas de acolhimento e políticas multiculturais fim de atender à demanda de haitianos que chegam ao país, diz o historiador Miguel Borba de Sá, integrante da Rede Jubileu Sul, ao participar, semana passada, de Seminário Nacional sobre o Haiti, em São Paulo.

Segundo ele, há uma relação da chegada dos haitianos ao país com a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), ocorrida desde 2004. “Não há uma percepção de que esse grande influxo de imigrantes haitianos tem a ver com a própria ocupação militar do Brasil (no Haiti)”, disse.

“O Brasil vai ao Haiti, dá demonstrações de riqueza e poder, com armas e com sua seleção brasileira, e depois não espera isso de volta. Não espera que quem está lá com uma vida totalmente impossibilitada de ter uma vida digna, olhe para o Brasil como um espaço de esperança?”, completou.

Mas, segundo o historiador, ao chegar ao Brasil os imigrantes percebem que existem dificuldades a ser enfrentadas e descobram que a sociedade brasileira também é muito desigual. De acordo com Miguel Borba, os imigrantes haitianos chegam com ensino superior, falando dois ou três idiomas, e acabam subempregados na construção civil, na indústria têxtil ou no mercado informal, submetidos à falta de direitos e muitas vezes em condições análogas à escravidão.

Leonildo Rosas, porta-voz do governo do Acre, ao abordar o problema que a imigração ilegal vem causando ao estado, destacou que, só de terça-feira (19) para quarta-feira (20), chegaram ao Acre mais 220 imigrantes, a maioria formada por haitianos. Segundo ele, a suspensão do deslocamento dos estrangeiros para São Paulo – decidido com o governo paulista e o Ministério da Justiça – vai fazer com que o problema continue concentrado no estado acriano.

Informação


Coiotes' trouxeram 38 mil haitianos ao País em 4 anos
23/05/201509h14

São Paulo e Brasília - Com a promessa de vender facilidades a pelo menos 38 mil haitianos que já cruzaram, sem visto, a fronteira do Brasil pelo Acre, a rede de coiotes já faturou US$ 60 milhões - o equivalente a mais de R$ 185 milhões - nos últimos quatro anos. Os dados são da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e foram apresentados na reunião de quinta-feira, no Planalto, que reuniu diversos ministros e decidiu aumentar os vistos para os imigrantes daquele país.

Na primeira semana de junho, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, inicia um périplo por Equador, Peru e Bolívia. O objetivo da viagem é definir uma estratégia para barrar a ação dos coiotes na região.

O governo brasileiro quer envolver os países vizinhos no problema, já que eles funcionam como rota para o transporte dos haitianos, mas não agem para impedir o avanço do tráfico de pessoas. Paralelamente, o governo brasileiro tenta montar uma rede para desenvolver uma ação conjunta com Estados e municípios, a fim de amparar os estrangeiros.

A chegada desordenada de haitianos criou tensão entre os governos federal e do Acre, assim como do Acre com São Paulo, para onde os imigrantes estavam sendo transferidos. Desde 2010, o governo acriano cobrava ações do Planalto, que só agora, depois da reunião de quinta, começaram a ser desenhadas.

O Acre informa esperar que as medidas discutidas sejam colocadas em prática. Caso os planos não se concretizem até o final de junho, o governador do Estado, Tião Viana (PT), avisou que vai restringir o abrigo concedido a haitianos para mães e crianças, não atendendo mais os homens, que deixariam de ter direito de serem acolhidos. O governo do Acre voltou a fazer pressão em Brasília diante dos números considerados assustadores de entrada no País, pelo Estado, nos últimos dias. Em dois dias da semana passada, quase 300 haitianos chegaram ao Brasil, o que aumentou ainda mais a preocupação das autoridades brasileiras.

Reunião

Na reunião de quinta-feira, várias medidas foram traçadas para tentar reduzir a exploração dos imigrantes pelos coiotes que, embora a maioria seja de haitianos, também envolve pessoas de outros países, principalmente africanos.

Para tentar coibir a entrada ilegal de haitianos no Brasil, a embaixada brasileira em Porto Príncipe, capital do Haiti, vai desenvolver uma campanha explicativa, informando aos cidadãos daquele país que eles podem obter vistos, sem se submeter à ação dos coiotes. O governo brasileiro subirá de 600 para 2 mil o número de vistos mensais para haitianos interessados em viver no Brasil.

Em 2010, eram emitidos cem vistos por mês. Na campanha, o governo brasileiro vai dizer aos haitianos que eles podem vir por meios legais, sem ter de se arriscar ou pagar valores exorbitantes aos coiotes.

O Gabinete de Segurança Institucional, a quem a Abin é ligada, não respondeu ao Estado sobre o relatório divulgado na reunião de quinta.

Os coiotes

A maioria dos haitianos refugiados no Brasil relata demorar, no mínimo, 20 dias entre Porto Príncipe e São Paulo. A viagem é orquestrada por coiotes, que cobram de US$ 3 mil (cerca de R$ 9.285) a US$ 8 mil (mais de R$ 24 mil) por pessoa. O trajeto de muitos deles é o mesmo. Viajam de avião da capital haitiana até Quito (Equador) e, de lá, descem e sobem em pelo menos quatro diferentes ônibus, até chegar a Rio Branco, no Acre.

Segundo o padre Paolo Parise, diretor do abrigo Missão Paz, em São Paulo, o momento mais crítico da viagem acontece na fronteira do Equador com o Peru. Os haitianos, por ordem dos coiotes, desembolsam cerca de US$ 100 como suborno para policiais peruanos liberarem a passagem dos imigrantes.

Os haitianos contam que atravessam um rio a pé, por baixo de uma ponte, para entrar no Peru. "Policiais expulsos da corporação peruana formaram uma quadrilha que hoje gerencia o tráfico de drogas e de pessoas. Muitos haitianos não têm dinheiro para dar na hora e são mantidos em cárcere privado até que a família mande remessas", explica o padre. Mulheres são abusadas. Uma haitiana chegou grávida ao abrigo no ano passado, vítima de estupro por homens da quadrilha, conta Parise.

Saído do país natal há 17 dias, onde deixou mulher e filho, o haitiano Ruben é uma das vítimas dos achaques na fronteira. Ele calcula ter desembolsado US$ 150 para conseguir passar do Equador para o Peru. "As pessoas perdem roupas, sapatos, o que têm. O trajeto é muito duro", afirmou. Ele, que trabalha como encanador e eletricista, chegou ao Brasil há três dias. "Não quero que minha mulher e meu filho venham dessa forma. Estou traumatizado." Colaborou Juliana Domingos, especial para O Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
 
(documento recebido do e-mail de Alfredo Goncales).