domingo, 19 de janeiro de 2014

Noticia = Acre/Brasileia, Dia 17-01-2014

Aumento da pressão de imigrantes haitianos no Acre leva governador a pedir ajuda a Brasília

Uma reunião marcada para a próxima terça-feira entre representantes dos ministérios da Justiça, Saúde e Casa Civil, pode apontar uma saída para a situação de milhares de haitianos abrigados no município de Brasiléia, no Acre.
Brasília - Uma reunião marcada para a próxima terça-feira (21), entre representantes dos ministérios da Justiça, Saúde e Casa Civil, pode apontar uma saída para a situação de milhares de haitianos abrigados no município de Brasiléia, no Acre.
O governo do estado espera que o pedido de fechamento provisório da fronteira seja considerado como uma das estratégias do governo federal para contornar a situação considerada alarmante pelas autoridades locais.
A reunião foi marcada depois que o governador do Acre, Tião Viana relatou como está a atual situação em Brasiléia no encontro que ocorreu ontem (16), em Brasília com o ministro José Eduardo Cardozo. Mais de 1,2 mil pessoas estão no abrigo em Brasileia, a mais de 200 quilômetros da capital Rio Branco montado para receber até 450 pessoas.
De acordo com o secretário de Direitos Humanos do estado, Nilson Mourão o grupo está vulnerável a diversos riscos de saúde e segurança. Mourão está desde ontem (16) no município, acompanhado por equipes da Defesa Civil estadual e adiantou hoje (17) à Agência Brasil que algumas providências já começam a ser adotadas.
"Vamos começar hoje a limpeza do abrigo pelos agentes da Defesa Civil. Queremos garantir a segurança no local para evitar incêndios e problemas provocados pelas chuvas que já começaram", explicou. Segundo ele, equipes da secretaria estadual de Saúde também devem chegar a Brasiléia para orientar os abrigados sobre o risco de doenças contagiosas e as formas de prevenção. A medida foi sugerida por Mourão que alertou sobre a aglomeração de pessoas acima da capacidade do abrigo. "Estas medidas, ainda assim, são insuficientes. O fluxo de pessoas continua aumentando. Ontem chegaram mais 50 pessoas e as empresas pararam de contratar", disse o secretário.
O acordo feito com empresários de diversos setores como o de construção civil e metalurgia para garantir emprego para muitos haitianos em outros pontos do país não têm sido suficiente para fazer frente ao fluxo migratório crescente. A situação se agravou quando, no início de dezembro as contratações foram reduzidas em função do período de menor atividade. A expectativa é que a partir de fevereiro as empresas retomem o recrutamento.
"Ontem já tivemos um sinal melhor já que uma empresa veio e recrutou 130 pessoas e soubemos que outra empresa deve vir hoje para contratar mais alguns", afirmou Mourão.
Ainda que o recrutamento volte ao ritmo normal, autoridades acreanas temem pela situação de mulheres e crianças que não estão no alvo destas contratações. Outra preocupação é com o aumento de pessoas entrando irregularmente pela fronteira. Segundo Mourão, os empregos oferecidos não são suficientes para atender o acúmulo registrado nas últimas semanas.
"Além disto, Brasiléia não tem condições de sediar outro abrigo. Se o governo federal indicar a construção de um outro local, não há condições na cidade. Estamos estudando, inclusive, a possibilidade de deslocar algumas pessoas para a capital Rio Branco, mas esta é uma operação complicada", disse.

Noticia - Acre - Brasileia = Dia 16-01-2014

Acre pede ajuda para haitianos abrigados em Brasileia

16/01/2014 - 15h14
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O governo do Acre deve anunciar, nos próximos dias, medidas emergenciais para atender 160 mulheres e dez crianças haitianas abrigadas em Brasileia, a 200 quilômetros da capital, Rio Branco. O abrigo acolhe 1,2 mil pessoas que entraram no Brasil de forma irregular, pela fronteira com a Bolívia e com o Peru.
Criado pela União e mantido em parceria com o governo estadual, o abrigo deveria receber 450 pessoas, mas atingiu, este ano, quase o triplo da capacidade. A ideia, segundo o secretário de Direitos Humanos do estado, Nilson Mourão, é encontrar uma forma de oferecer melhores condições a mulheres e crianças.
“Para o resto [dos haitianos] não tem jeito, não tem saída”, antecipou Mourão que esteve hoje (16) no município. Ele disse que concluirá um relatório com detalhes sobre a situação, para que o governador Tião Viana tente encontrar ajuda no governo federal.
“A qualquer momento podemos viver uma tragédia por doença ou fogo. Temos problemas de água, logística e alimentação. São 3,6 mil refeições por dia”, descreveu. A proposta do secretário é suspender a entrada dos imigrantes “até que os abrigados sigam viagem, porque elas não vêm para ficar no Acre. Querem seguir para São Paulo ou para o Sul do país”, disse. Outra possibilidade é a abertura de um segundo abrigo.
Pelas contas do governo acriano, mais de 15 mil pessoas passaram pela fronteira desde dezembro de 2010. O número é maior do que o de habitantes da área urbana da cidade de Brasileia, que é 10 mil pessoas. O movimento na fronteira do Brasil com o Peru quase triplicou em uma semana, com a entrada de mais de 70 haitianos por dia.
O representante da secretaria que trabalha em Brasileia, Damião Borges, lembrou que as empresas que contratam os migrantes atuam em setores como o da construção civil e metalurgia e, por isto, procuram, basicamente, mão-de-obra masculina.
“Em cada dez pessoas, quatro mulheres chegam, muitas idosas, doentes e crianças. Além disto, das 10 mil pessoas contratadas por empresas, 5 mil largam o emprego nos primeiros três meses”, explicou.
Damião Borges disse que enfrenta um outro problema: a insatisfação dos moradores com as dificuldades de acesso aos serviços básicos, como o sistema de saúde, porque os haitianos também devem ser atendidos. “A população não tem aguentado mais e a gente [governo do estado] sente a pressão”, disse.

Foto do alto da página: Luciano Pontes/ Secom Acre
Edição: Beto Coura
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Noticia - Acre - Brasileia = 15-01-2014

15/01/2014 15h07 - Atualizado em 15/01/2014 16h45

Entrada diária de haitianos triplica e quadro preocupa, diz governo do Acre

Abrigo em Brasiléia com capacidade para 300 tem 1.200 , diz secretário.
Ele sugere fechamento temporário de fronteira para controlar 'caravanas'.

Tahiane Stochero Do G1, em São Paulo
 

Mais de 400 haitianos continuam em Brasiléia (Foto: Reprodução TV Acre) 
 
Haitianos na cidade de Brasiléia em imagem
do ano passado (Foto: Reprodução/TV Acre)
O número de haitianos que estão entrando pela fronteira do Brasil com o Peru quase triplicou em uma semana, segundo o secretário de Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão. Desde a quinta-feira (9), entre 70 e 80 haitianos chegam a Brasiléia diariamente, diz ele. Antes, o número variava entre 20 e 30 por dia.
“A quantidade de caravanas de imigrantes haitianos que está entrando pela fronteira nesta semana é muito grande e isso está nos preocupando muito. Temo que uma grande tragédia aconteça. Nosso abrigo, que tem capacidade para 300 haitianos, está hoje com 1.200”, diz Mourão ao G1.
Ele pediu ao governador que comunicasse o fato ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pedindo o fechamento temporário da fronteira. A assessoria de imprensa do governador informou que ele falará com o ministro nesta tarde.

Em 2013, o número de haitianos que entra ilegalmente pela fronteira de Brasiléia triplicou, segundo levantamento do G1 baseado  em números da Polícia Federal. De janeiro até setembro do ano passado, foram 6 mil, diz o delegado da PF Carlos Frederico Portella Santos Ribeiro. Em 2012, foram 2.318 haitianos que entraram ilegalmente.

“Todo início de ano cresce a chegada de imigrantes ilegais, mas este ano foi bem maior. Segundo relato de haitianos, coiotes espalharam pelo Haiti e pela República Dominicana que o Brasil iria fechar as fronteiras agora no início do ano, o que provocou um êxodo maior, acelerando muito desde quinta”, explica Mourão.

“O que nos preocupa é que antes, os que chegavam saíam rápido para o restante do país, em busca de trabalho. Mas agora, como é início de ano, as empresas não estão indo lá contratar, e ficamos com um grande fluxo retido”, acrescenta.

Fechamento de fronteira
Segundo o secretário, o governo nunca havia colocado em discussão o fechamento da fronteira, isso teria sido uma invenção dos coiotes.

"Mas o que está acontecendo nos preocupa, há um grande problema em Brasiléia e eu recomendei agora ao governador que peça ao ministro o fechamento temporário da fronteira, para reter os haitianos do lado de lá, no Peru, até conseguirmos dar vazão a este fluxo”, diz.

Mourão teme que a grande quantidade de imigrantes provoque uma tragédia no abrigo, que está com a capacidade esgotada em Brasiléia. “Estamos prevendo a iminência de uma tragédia, incêndio, brigas, ou mortes. Fica difícil controlar tanta gente."

A imigração haitiana ao Brasil começou em janeiro de 2010, após um terremoto no país caribenho provocar a morte de mais de 300 mil pessoas e deixar cerca de 300 mil deslocados internos. Segundo o governo do Acre, desde dezembro de 2010, cerca de 15 mil haitianos entraram pela fronteira do Peru com o Estado.

O Ministério da Justiça diz que acompanha a situação dos haitianos em Brasiléia e que está colaborando com o governo do Acre para tentar minimizar os problemas. Sobre o aumento repentino da imigração ilegal pela fronteira, o ministério diz que ainda não foi comunicado e irá avaliar.

O G1 tentou contato com os delegados da PF responsáveis pela região para verificar a situação, mas não obteve retorno.