Haiti vence Copa de refugiados; sírios seguem Ramadã e não tomam água
Nesta época, muçulmanos não podem comer nem beber durante o dia.
Seis equipes de estrangeiros jogaram em colégio de São Paulo.
Haitianos levantam a taça de campeões (Foto: Flavia Mantovani/G1)
O Haiti pode não estar jogando na Copa do Mundo da Fifa, mas neste domingo (29) foi o campeão de outro torneio internacional de futebol realizado no Brasil: a Copa do Mundo dos Refugiados.Criado por duas organizações sociais, o campeonato teve a participação de mais cinco times, além do vencedor: Congo -- que perdeu para o Haiti de 2 a 0 na final --, Síria, Costa do Marfim, Colômbia e Mali.
Cada um era formado por 11 homens nascidos nesses países e que vieram para o Brasil fugidos da guerra ou da perseguição, com exceção da Síria e da Colômbia, que precisaram de alguns brasileiros para completar a equipe.
O capitão do time fez um discurso agradecendo a Deus e aos amigos. "Estou muito, muito feliz de estar aqui jogando com os amigos, com meus irmãos haitianos", disse Gardy Durandisse, o Gardinho, que mora no Brasil há quase dois anos.
Sem comer
Equipe da Síria: acostumados a não comer durante o dia no Ramadã (Foto: Flávia Mantovani/G1)
O lanterna da Copa foi a Síria, mas os jogadores já entraram em campo com uma desvantagem: como hoje começou o Ramadã, mês em que os muçulmanos não podem comer nem beber nada entre o nascer e o pôr do sol, eles não puderam nem tomar água durante a competição. Em outras equipes também havia alguns muçulmanos que seguiram a tradição.
Síria ( de camiseta clara) enfrenta Mali na Copa dos
Refugiados (Foto: Flávia Mantovani/G1)
A situação foi enfrentada com bom humor. "Estamos acostumados", disse o sírio Talal Al Tinawi, que colocou para jogar até o filho de 12 anos, Riad. Questionado sobre o que comeria quando chegasse o horário permitido (17h30), ele respondeu: "Tudo!"Refugiados (Foto: Flávia Mantovani/G1)
Quem não levou as coisas na esportiva foram alguns jogadores da Costa do Marfim. Insatisfeitos com um pênalti marcado pelo juiz brasileiro e por terem jogado duas partidas seguidas, sem intervalo, eles deixaram o campo no meio do jogo e não quiseram disputar o terceiro lugar, que acabou ficando com o Mali.
A Copa, organizada pelo Instituto de Reintegração do Refugiado no Brasil (Adus) e pelo Atados no campo de uma escola de São Paulo, teve também atrações musicais e para as crianças.
Time da Costa do Marfim (Foto: Flavia Mantovani/G1)
Time do Congo, vice-campeão (Foto: Flavia Mantovani/G1)