quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

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13 janeiro 2016 - 13:34
                 

Com verba federal, Porto Alegre terá terceiro centro brasileiro de acolhimento a refugiados até final do ano

Centro Vida vai oferecer 50 vagas para acolhimento de estrangeiros

Alix aponta o racismo no Brasil como principal dificuldade. Foto: Bibiana Borba
Alix aponta o racismo no Brasil como principal dificuldade. Foto: Bibiana Borba
Um convênio oficializado hoje vai transformar o Centro Humanístico Vida, espaço do governo do Estado na zona Norte de Porto Alegre, no terceiro Centro de Referência e Acolhida aos Imigrantes e Refugiados (Crai) no Brasil. Os dois primeiros foram criados em São Paulo e Florianópolis. A Prefeitura da Capital vai fornecer equipes, enquanto a verba de R$ 800 mil, suficiente para manter o espaço por até dois anos, virá do governo federal. A expectativa é de que a inauguração ocorra até o final do ano.
O projeto faz parte de uma política nacional para facilitar a adaptação de refugiados, principalmente do Haiti e Senegal, que deixam países devastados por guerras ou desastres naturais em busca de oportunidades de emprego. O secretário nacional de Justiça e presidente do Conselho Nacional para os Refugiados, Beto Vasconcelos, diz que o esforço é criar parcerias com governos estaduais e municipais, na tentativa de superar empecilhos da lei de imigração originária da ditadura militar.
“A lei é absolutamente desatualizada. Foi promulgada em 1980, sem aprovação do Congresso Nacional, e prevê mecanismos altamente burocráticos e impeditivos da imigração. A intenção do governo é a criação de uma rede de centros e unidades públicas para atenção, acolhimento e assistência ao imigrante e refugiado no país”, afirma.
O haitiano Alix Georges chegou a Porto Alegre há quase dez anos, antes do terremoto de 2010, e vem ajudando conterrâneos. Mesmo com formação superior em Engenharia de Computação, aponta o racismo no Brasil como principal dificuldade. “Se chego em uma empresa para pedir emprego e digo que sou haitiano, a primeira coisa que me oferecem é uma vassoura para limpar banheiro, porque acham que o imigrante só faz esse tipo de trabalho. Entre estes imigrantes que estão chegando, há gente que nem sabe escrever o próprio nome e gente que tem formação superior”, relata.
Dispostos a recomeçar a vida com trabalho pesado e em vagas que empresas gaúchas têm maior dificuldade para preencher, haitianos e senegaleses costumam apenas passar por Porto Alegre em direção à Serra, Norte gaúcho ou vale do Taquari. A Prefeitura estima que cerca de quatro mil morem na Capital, enquanto o número total no Estado é estimado em torno de 15 mil refugiados.
“Além de estarmos os acolhendo para garantir a dignidade e o respeito que eles merecem, eles têm também um valor econômico enorme para o nosso Estado, como tiveram imigrantes europeus dos quais somos descendentes. Essas pessoas estão vindo para produzir, gerar renda, se salvar da miséria e depois trazer suas famílias”, ressaltou o secretário municipal de Direitos Humanos, Luciano Marcantônio.