segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Noticia

15/01/2016 15h29 - Atualizado em 15/01/2016 16h48

Haitiana de 3 anos é devolvida a tio em meio a disputa com ex-deputado

Criança de três anos mora em Manaus com um tio, também haitiano.
Justiça deve acompanhar menina até decisão final sobre guarda.

Adneison Severiano e Andrezza LifsitchDo G1 AM
Sabino Castelo Branco e o tio haitiano disputam guarda de menina (Foto: Reprodução/Rede Amazônica)Sabino Castelo Branco e o tio haitiano disputam guarda de menina (Foto: Reprodução/Rede Amazônica)
A menina haitiana de 3 anos que é alvo de uma disputa entre o tio e o ex-deputado federal Sabino Castelo Branco foi entregue à Vara da Infância e Juventude no fim da manhã desta sexta-feira (15), e devolvida à família, em Manaus.
De acordo com a Vara, o juiz Marcos Santos Maciel deferiu decisão para que a criança fosse entregue ao tio, o haitiano Lucius Popotte. A decisão ocorreu após o pai da haitiana, que está no Ceará, acionar a Justiça. A criança foi levada ao fórum pelo advogado do ex-parlamentar às 11h desta sexta.
A dona de casa Ana Cláudia, que costumava cuidar da menina enquanto o tio trabalha, relatou ao G1 que a menina estava com Sabino há oito dias e que ela havia ido à casa dele passar o fim de semana, mas que não foi devolvida. Era a primeira vez que a menina ficava na casa do ex-parlamentar.
"O pai dela foi à vara da Infância na cidade de Crato (CE) e reafirmou que ele não tinha dado ou cedido a menina ao Sabino, e que tinha deixado a criança aos cuidados do tio. A Justiça acionou a Vara no Amazonas e relatou", afirmou a mulher.

O advogado de Sabino, Leonardo Toledano, e o ex-parlamentar não foram localizados no Fórum para comentar o caso. A reportagem também tentou contato com Sabino por meio de celular, mas as ligações não foram atendidas até a publicação dessa reportagem.
Segundo Ana Cláudia, o pai da menina está no Ceará, enquanto a mãe continua no Haiti. Ela disse que a menina veio para Manaus com uma tia para fazer uma cirurgia e, por falta de condições financeiras, apenas essa tia retornou para o Haiti, deixando a criança sob os cuidados de Lucius, que já morava na capital.
Ana Cláudia e Lucius acusam ex-deputado de tirar criança à força (Foto: Indiara Bessa/G1 AM)Ana Cláudia e Lucius acusam ex-deputado
de tirar criança à força (Foto: Indiara Bessa/G1 AM)
Cuidados
A cuidadora relatou ainda que conheceu a criança e o tio em uma unidade de saúde na capital na ocasião em que a menina foi internada para tratamento de saúde no intestino.
Ela disse que se sensibilizado com a história da família e passou a cuidar da criança para que o tio trabalhasse. Ela afirma que não cobra pelo serviço. "Eu cuido por amor, não por dinheiro", disse.
Entenda o caso
A disputa pela criança foi parar na polícia na quarta-feira (13). O tio da menina acusa o ex-deputado federal Sabino Castelo Branco de ter retirado a criança da família à força, mas o ex-parlamentar diz que teve autorização para ficar com ela. O caso foi registrado na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) na capital.
Sabino Castelo Branco esteve na Depca e foi ouvido pela delegada Regiane Lacerda. À equipe da Rede Amazônica, o ex-deputado declarou que só queria ajudar a menina. Ele conta versão diferente da informada pelo tio e afirma que o haitiano ainda é seu funcionário.
"Ele me entregou todos os documentos, disse que o pai aceitou e a mãe aceitou. Eles não estão no Brasil e eu queria fazer tudo legal. Como ele me entregou toda a documentação?", afirmou.
À reportagem, o tio afirmou que deu os documentos ao ex-deputado para matrícula da menina em um curso de inglês.
A cuidadora informou que o tio da menina trabalhava em uma empresa de Sabino Castelo Branco. O haitiano também frequentava uma igreja onde o ex-deputado frequenta. Segundo Ana Cláudia, Sabino pediu que a menina passasse o fim de semana na casa dele. Era a primeira vez que isso ocorreria.
“Na terça-feira (12), nós fomos na igreja a convite dele para buscar a criança, mas a partir desse momento ele não permitiu mais que a criança viesse”, relatou. “[O Lucius] só entregou a criança para passar o fim de semana porque ficou constrangido em dizer não pro Sabino, que era patrão e pastor dele”, acrescentou.