sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Imigrantes haitianos buscam um futuro melhor para seus filhos no Brasil

19/10/2012 07h00 - Atualizado em 19/10/2012 07h01

Grávida, haitiana sonha que filho seja jogador de futebol no Brasil

Imigrantes esperam que bebês tenham futuro melhor no Brasil.
Segundo governo, 35 filhos de haitianos nasceram em Porto Velho.

Ivanete Damasceno e Larissa Matarésio Do G1 RO
 
Guirlaine (esquerda) está grávida, Nanine, Manaoucheka e Misiana exibem as certidões de nascimento de seus bebês (Foto: Ivanete Damasceno/G1)Da esquerda para a direita, Guirlaine que está grávida, Nanine, Manaoucheka e Misiana exibem as certidões de nascimento de seus bebês brasileiros (Foto: Ivanete Damasceno/G1)
Cerca de 1,2 mil haitianos vive atualmente em Rondônia, segundo levantamento feito em outubro pela Secretaria Estadual de Assistência Social do estado. A maioria mora em Porto Velho, onde estão 563 imigrantes. E a cidade foi o local de nascimento de 35 crianças de pais haitianos nos últimos 19 meses. Segundo o governo, mais 16 bebês estão a caminho.
Uma dessas crianças é o filho de Guirlaine Petiote, de 27 anos, que está grávida de quatro meses. Guirlaine sonha que o filho seja jogador de futebol. “Futebol paga bem no Brasil e haitiano gosta de jogador brasileiro. Meu filho vai crescer e entrar na escolinha de futebol e ser jogador profissional”, torce Guirlaine.
De acordo com a secretária de Assistência Social Cláudia Moura, o fato de as haitianas terem filhos brasileiros não influencia a permanência delas no país, porque todas elas já têm visto de permanência.
Mailene Reges, de 25 anos, está em Porto Velho há um ano com o marido, que trabalha como ajudante de pedreiro. O casal tem um menino, que mora com a avó no Haiti e agora planeja ter outro filho. O casal quer ter uma menina brasileira.
Mailene, assim como as outras haitianas ouvidas pelo G1, garante que não quer ter filho brasileiro para garantir segurança e permanência no Brasil. “Haitiano gosta de ter muitos filhos. Se você não tem filho, você é triste todo dia. Filho é alegria. Quando você chega em casa a criança vem correndo gritando papai, mamãe. Se falta criança em casa, é uma casa triste”, diz Mailene.
Mailene e o marido dividem uma casa com mais três famílias. O aluguel custa R$ 1,3 mil e o marido de Mailene recebe R$ 800 por mês. Na casa tem um fogão, algumas cadeiras e colchões que foram doados por brasileiros. Todos na casa são amigos. "O salário é pouco, mas mesmo assim temos mais oportunidades que no Haiti", afirma Mailene.
Haitiano gosta de ter muitos filhos. Se você não tem filho, você é triste todo dia. Filho é alegria"
Mailene Reges, imigrante haitiana
As imigrantes haitianas têm histórias parecidas. Todas enfrentam uma viagem que dura mais de uma semana. Saem de avião do Haiti até o Equador e de ônibus viajam até o Peru. Elas contam que no Peru souberam que na fronteira da Bolívia com o Brasil os imigrantes estavam sendo legalizados. Pegaram carona, chegaram até a fronteira do Brasil com a Bolívia. No lado brasileiro, no município de  Epitaciolândia, AC, conseguiram visto para entrar no Brasil.
Questionadas sobre o motivo de virem sozinhas, as haitianas conversam entre si no dialeto crioulo e respondem apenas que saíram do Haiti em busca de oportunidade e de vida segura no Brasil.
Nanine Joseph, de 35 anos, há um ano deixou o marido e quatro filhos, a mais velha com 15 anos. As duas moram na mesma casa e contam com a ajuda de amigos brasileiros. Nanine veio grávida do Haiti e há cinco meses deu à luz Samuel. Ela espera ansiosamente para a família se reunir. “Meu marido não tem como vir. Quero trazer meus filhos para morar aqui. No Brasil temos mais oportunidades, emprego é mais fácil, gosto daqui”, diz Nanine.
Manoucheka Datilus, de 24 anos, assim como Nanine, saiu do Haiti sozinha, veio para o Brasil e ficou à espera do marido. Jean Luc Desilus, marido de Manoucheka, chegou ao país e conseguiu emprego. Manoucheka também trabalha e faz planos para a vida nova com a família, que agora tem um brasileiro, Leonardo, de seis meses. “Meu marido e eu queremos que ele seja engenheiro brasileiro. Queremos colocar numa escola para ele estudar e ter uma vida melhor”, diz Manoucheka.
Quem também tem como meta fincar raízes no Brasil é Misiana Saguese, de 32 anos. Ela chegou ao Brasil há dois anos, o marido veio em seguida e há um ano nasceu o primeiro filho do casal, Maycon Jackson, que é porto-velhense. “Quero arrumar emprego, colocar a criança na escola e morar sempre no Brasil”, afirma Misiana.
Sunda, que fala somente francês e crioulo, exibe a certidão de nascimento de Emanuel, de 5 meses (Foto: Ivanete Damasceno/G1)Sunda, que fala somente francês e crioulo, exibe a certidão de nascimento de Emanuel, de 5 meses (Foto: Ivanete Damasceno/G1)
Mas nem todas haitianas têm essa expectativa de futuro. Sunda Alexis, de 33 anos, chegou ao Brasil há um ano pelo Acre. Ela ficou quatro meses em Epitaciolândia e seguiu para Porto Velho, onde está desde fevereiro. “Ainda não penso no futuro”, diz em francês.
Sunda deixou no Haiti o marido e uma filha. Chegou grávida ao Brasil e há cinco meses deu à luz Emanuel. Ela ainda não trabalha e divide uma casa de um cômodo com os primos. Os dois ajudam a prima e o bebê comprando comida, roupas, fraldas e até cartão telefônico para Sunda falar com a família no país de origem. Sunda conta os dias para que o marido consiga dinheiro para vir se juntar a ela. “Lá é muito difícil conseguir trabalho. Ele não tem como vir agora porque não tem dinheiro’, explica.

População haitiana em Porto Velho
Segundo o governo de Rondônia, atualmente, 416 homens e 147 mulheres haitianas vivem em Porto Velho. A secretária de Assistência Social, Cláudia Moura, afirma que as haitianas recebem toda a assistência durante a gravidez.
Assim como toda cidadã, o estado presta a assistência básica, é feito todo um acompanhamento do pré-natal e da criança recém-nascida"
Cláudia Moura, secretária de Assistência Social
"Assim como toda cidadã, o estado presta a assistência básica, é feito todo um acompanhamento do pré-natal e da criança recém-nascida, porque elas têm o direito a esse acesso ao sistema de saúde, assim como a cidadã rondoniense", esclarece a secretária de Assistência Social.
Como já nascem no país, estes bebês são naturalmente brasileirinhos, que podem ser registrados como qualquer cidadão no cartório do município onde nasceram.
Jakelyne Silva Miranda é escrevente em um cartório de Porto Velho e recorda que fez três registros de filhos de haitianos. "O procedimento é o mesmo. A única diferença é que os pais precisam trazer ou o passaporte ou a carteira de identidade estrangeira permanente, que é expedida pela Polícia Federal (PF)", explica.
Segundo Jakelyne, o idioma não é um empecilho na hora de fazer a certidão de nascimento. "Eles sempre falam bem devagar para nós entendermos o que estão pedindo e nós também, e a maioria está bem habituada ao nosso idioma. Quando a vinda para o país é bem recente eles trazem alguém da casa de apoio onde estão hospedados para interpretar", diz Jakelyne.
Da esquerda para a direita: Nanine, Misiana e Manoucheka (Foto: Ivanete Damasceno/G1)Nanine, Misiana e Manoucheka esperam um futuro promissor para os filhos brasileiros (Foto: Ivanete Damasceno/G1)
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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Haiti e seu povo agradece de coração por esta oportunidade

50 haitianos vão trabalhar em empresa de Encantado

Eles vão trabalhar em diferentes áreas da Dália Alimentos por tempo indeterminado


  
Um grupo de 50 haitianos vai trabalhar em Encantado, no Vale do Taquari. O grupo será dividido em dois setores da Dália Alimentos - 42 deles ficarão na Divisão de Produtos Suínos para trabalhar nos setores de abate e desossa. Os demais serão direcionados para a Divisão de Produção Agropecuária, para o trabalho nas granjas e na fábrica de rações. Eles chegaram à empresa nessa segunda-feira, 15, e vieram da Brasileia, no Acre. Todos estão habilitados para o trabalho.

Segundo a supervisora do Setor Pessoal, Sandra Simonis Lucca, a empresa tem boas expectativas com o projeto. Para ela, estar na cidade será uma boa oportunidade para que eles possam reconstruir a vida com base no trabalho. “Esses 50 haitianos enfrentaram muitas dificuldades e necessidades até chegarem aqui, por isso, acredito no sucesso deste projeto”.


fonte: Assessoria de Imprensa