Haitianos no Brasil. O SERVIÇO VOLUNTÁRIO PRÓ HAITI foi um projeto desenvolvido pelos jesuítas do Brasil na cidade de Manaus em 2011, 2012, 2013. Atualmente, permanece o blog para consultas, informações e contatos. O Haiti foi devastado em 2010 por um terremoto que vitimou muitas pessoas. "Não há maior dor no mundo que a perda de sua terra Natal" (Eurípedes, 431 a.C.)
É muito importante promover e proporcionar trabalho aos haitianos. A SUA ATITUDE FAZ A DIFERENÇA!
Primeiro bebê a nascer em 2016, em Curitiba, tem pais haitianos refugiados
Menina nasceu no primeiro minuto desta sexta-feira (1º). Ela se chama Thaïnouche, e a mãe quer que a criança cresça no Brasil.
Do G1 PR, com informações da RPC Curitiba
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O primeiro bebê a nascer em 2016, em Curitiba, foi uma menina que tem pais haitianos. Eles são refugiados e vivem na capital paranaense há dois anos. A criança nasceu no primeiro minuto desta sexta-feira (1º).
Mariê Carline Noel, a mãe da menina, contou que não quis sair de casa na noite de quinta (31). "Estava sentanda vendo televisão e uma coisa fez um 'clup' em mim. Começou a fazer 'clup' e eu falei: 'Ai meu Deus, o que foi meu Deus'", contou. Entre 22h e 23h, a bolsa estourou, e o marido dela chamou a ambulância para levá-la ao hospital.
O bebê nasceu pesando 3,4 quilos e passa bem. A menina recebeu dos pais um nome haitiano: Thaïnouche. Mariê comemou o início de 2016: "Foi um feliz Ano Novo pra mim, tenho uma filha".
O pai da criança já trabalhou em supermercado e restaurante, mas, atualmente, está desempregado. Mariê é quem está sustentando o casal. Ela trabalhou como auxiliar de cozinha até duas semanas atrás.
Mariê já faz planos para a filha. Ela quer que a mais nova curitibana cresça na cidade onde nasceu. "Eu quero que minha neném cresça aqui, depois de grande, que ela vá à escola, depois que for à escola, que vá à universidade. O neném vai aprender aqui no Brasil", disse.
Aula pública no Campus Chapecó aborda imigração dos haitianos e a UFFS
Qui, 03 de Dezembro de 2015 -
Toda a comunidade acadêmica está convidada a participar da Aula Pública do curso de Administração da UFFS – Campus Chapecó, com a temática “Os novos rostos da imigração no Brasil: os haitianos e a UFFS”. O evento, promovido pelo curso de Administração, Direção do Campus Chapecó e Grupo de Estudos sobre Imigrações para a Região Oeste de Santa Catarina (Geirosc), acontece na terça-feira (8), às 19h, no auditório do bloco A.
Para a professora que organizou a aula, Kelly Tosta, a universidade transforma o meio onde está inserida. “Não podemos, enquanto instituição, nos omitir ao movimento migratório que vem ocorrendo no mundo, no Brasil, na nossa cidade e dentro da própria Universidade. É uma questão de cidadania!”, aponta. Ela ressalta que muito do preconceito é oriundo da desinformação, e, por isso, é necessário expor os dados para fundamentar o debate. “Nosso objetivo é trazer aos alunos informações relevantes e abrir espaço para que através da discussão cada aluno seja capaz de construir sua opinião sobre o tema, com base em argumentos sólidos e fundamentados”, finaliza.
"O que eu ganho é para pagar aluguel e comer. Isso não é vida", conta Berhman Garçon, haitiano, de 36 anos, formado em jornalismo pela Université Polyvalente d'Haiti e mestrando em antropologia pela Unicamp.
Apesar dos cursos universitários, ele nunca conseguiu um emprego em sua área profissional no Brasil, desde de que se mudou para Campinas há cerca de cinco anos. Para sobreviver, conta que já trabalhou como garçom em restaurante e recepcionista em hotel. No momento, está desempregado, vivendo de bicos e de trabalhos esporádicos de edição de vídeo que realiza para clientes no exterior.
Ele conta que trabalhava como diretor de programação de TV no grupo Rádio Tele Megastar e que migrou para o Brasil após o terremoto de 2010, quando "a situação piorou muito" no Haiti e os pagamentos começaram a atrasar.
A partir da análise dos dados oficiais do Ministério do Trabalho, os pesquisadores da FGV constataram que uma parcela muito pequena dos trabalhadores haitianos graduados tem um emprego compatível com sua qualificação no Brasil.
De acordo com os números mais recentes da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), havia 440 imigrantes haitianos com curso superior trabalhando com carteira assinada no Brasil em 2014. Desse total, apenas 15 (3,4%) exerciam funções que exigem diploma universitário.
A grande maioria dos haitianos graduados ocupava cargos que demandam apenas ensino fundamental (302) ou médio (58). Esses grupos representam juntos 82% dos haitianos com curso superior empregados no Brasil.
O restante tinha empregos de nível técnico (59) ou sem exigência de qualificação (5). Apenas um ocupava um emprego com requisito de pós-graduação.
Vale destacar que é possível encontrar 30.457 registros de haitianos com vínculos formais de trabalho na Rais, mas a grande maioria não tem formação universitária.
O levantamento da FGV, coordenado por Marco Aurélio Ruediger, foi feito a pedido do governo. Seu resultado será debatido na terça-feira em Brasília, com parte das discussões do seminário "Imigração como Vetor de Desenvolvimento do Brasil".
Outras nacionalidades
A comparação dos dados dos imigrantes haitianos com os de outras nacionalidades mostra uma grande disparidade.
Segundo o levantamento da FGV, há quase 156 mil estrangeiros empregados com carteira assinada no país, sendo que 48.199 têm curso superior.
Do total de graduados, a grande maioria (71,7%) está de fato exercendo profissões que exigem o ensino superior, além de 9,8% ocuparem cargos de exigência técnica.
Uma pequena parcela das pessoas com ensino superior está em ocupações que, geralmente, exigem pós-graduação, ou em funções que não necessariamente demandam qualificação universitária, como ministrantes de cultos religiosos e profissionais relacionados às artes – essas categorias seguem a Classificação Brasileira de Ocupações. Leia também: Operação encontra 11 pessoas em situação de trabalho escravo em obra olímpica
Dessa forma, o estudo da FGV aponta que, de maneira geral, apenas 15,4% dos imigrantes com diploma universitário não trabalham em funções equivalentes a sua qualificação e estão empregadas em cargos que exigem apenas ensino fundamental ou médio.
Preconceito
Há cerca de cinco anos no Brasil, Berhman Garçon fala bem português e, embora não tenha conseguido revalidar seu diploma, diz que isso não tem sido seu principal obstáculo. Na sua vivência, ele identifica outros fatores que dificultam a obtenção de uma vaga no mercado jornalístico.
"Falo inglês, francês, creole, espanhol, português. Mas primeiro tem o preconceito. Eu sou negro. Então, se tem uma vaga, mesmo que eu tenha mais qualificação que os outros, eu não consigo", diz ele.
"Já mandei muitos currículos, já fui a empresas pedir emprego. Dizem que vão chamar se houver oportunidade, mas é papo furado", reclama.
Além disso, Garçon vê uma desconfiança das empresas brasileiras com os estrangeiros.
"Eles têm medo de lidar com os estrangeiros, receio de que ele não vai conseguir fazer (o trabalho). Como você vai saber se eu vou conseguir fazer, se não me dá oportunidade?", questiona.
Sem perspectivas reais de conseguir um emprego em sua área, Garçon está investindo R$ 250 num curso rápido de operador de empilhadeira.
"É a possibilidade de um plano B. Como eu não consegui um trabalho de jornalista, ter uma vaga para operar empilhadeira vai me ajudar a pagar meu aluguel até eu voltar para o Haiti. Quero voltar ano que vem", planeja.
Fluxo novo
O pesquisador Wagner Faria de Oliveira, da Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da FGV, identifica outros elementos que podem explicar essa diferença.
Ele nota que a imigração haitiana é mais recente que de outras nacionalidades, como pessoas que vêm dos países vizinhos da América do Sul e de nações europeias como Portugal, Espanha e Itália.
"Geralmente esses imigrantes que seguem fluxos mais antigos (de migração) conseguem se integrar melhor no mercado de trabalho, pois já possuem redes de apoio", explica.
"As pessoas costumam migrar por questões econômicas, em busca de melhores oportunidades, mas esse não é o único fator que conta. O fato de já existirem redes, comunidades de pessoas daquele país, torna o fluxo mais facilitado", acrescenta.
Além disso, diz Oliveira, mais um fator que dificulta a integração dos haitianos é a língua. Enquanto a maioria dos imigrantes que vêm para cá falam português ou espanhol, o haitiano fala creole (uma língua derivada do francês).
"É bem mais difícil para eles aprender o português", observa o pesquisador da FGV.
Revalidação de diploma
Outro problema que atrapalha a inserção dos imigrantes com curso superior é a dificuldade para conseguir revalidar diplomas estrangeiros no Brasil, já que não há regras unificadas no país - cada universidade tem autonomia para adotar seu procedimento, o que é garantido na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional.
Segundo Oliveira, o Ministério da Educação tem tentado acelerar esse processo por meio de resoluções do Conselho Nacional de Educação.
"Há um esforço de tentar resolver, mesmo mantendo a autonomia universitária. Uma das sugestões que se colocou foi você ter, por exemplo, uma lista de cursos de universidades que já foram aprovados e esse curso já passaria a ser validado automaticamente, caso seja feita uma requisição em outra universidade", diz.
"Hoje, mesmo se uma pessoa de um curso x de uma universidade y já tenha tido seu diploma validado, se outra pessoa do mesmo curso pedir a validação em outra universidade, vai começar um processo novo", explica.
Atualmente, o Congresso Nacional está debatendo um novo Estatuto do Estrangeiro para substituir a legislação de 1980. Embora a proposta em discussão traga regras que podem facilitar a entrada de estrangeiros, como a não exigência de um vínculo empregatício prévio para liberação de um visto de trabalho, a FGV aponta para a falta de debate sobre medidas específicas para atração de mão de obra qualificada para o país.
O presidente do Conselho Nacional de Imigração, Paulo Sérgio de Almeida, reconhece o problema. Ele diz que a discussão sobre facilitar a revalidação do diploma está engatinhando no Mercosul. E mesmo na União Europeia, onde isso está mais adiantado, ainda é um processo recente.
"Não é uma discussão fácil. O Brasil tem que avançar muito nesse assunto para que não ocorra o desperdício de talentos. Isso é uma perda gigantesca não só para ela como pessoa mas também para o país que a acolhe", disse à BBC Brasil.
"Isso não esta sendo enfrentado nesse novo debate da nova lei migratória", admitiu. Leia também: Mariana: 'Debate não foi proporcional à escala do desastre', diz relator da ONU
Elveus havia sido liberado pelos médicos na segunda-feira (30) e estava se recuperando na Pastoral do Migrante, em Cuiabá. Ainda durante o período da manhã ele passou mal e teve que ser levado de volta ao Pronto Socorro.
De acordo com o primo da vítima, o também haitiano Alcene Amado, Elveus perdeu, de maneira irreversível, os movimentos da cintura para baixo. “Ele não está mexendo as pernas e recebemos a notícia de que ele nunca mais vai andar. Da barriga para baixo ele não sente mais nada”, contou.
Recebemos a notícia de que ele nunca mais vai andar"
Alcene Amado, primo da vítima
Elveus também não está movimentando um do braços. Ele está internado na sala vermelha e o estado de saúde dele “é muito grave e crítico”, relatou o primo.
Alcene chegou ao Brasil junto com Elveus há quase três anos e ambos trabalham em uma empresa que confecciona materiais em couro. A perspectiva em relação ao futuro do parente preocupa Alcene.
“Não temos ninguém que possa começar a cuidar dele agora. Acabei o deixando no hospital porque trabalho e não posso ficar lá. Ele quase morreu depois do tiro. A bala ficou alojada na coluna e não dá para tirar”, explicou.
O delegado Simael Ferreira, da Polícia Civil, afirmou que as investigações sobre o atentado ainda estão em fase inicial. “Acabamos de instaurar o inquérito e ainda não temos nenhuma grande evidência”, apontou.
A polícia ainda não tem uma linha de investigação e o delegado acredita que "a vítima estava no local errado, na hora errada". Ele definiu o crime como “molecagem”.
Refugiados relatam casos de racismo, xenofobia e exploração no Brasil
Advogados dão assistência jurídica, de graça, aos estrangeiros que sofreram algum tipo de abuso. Refugiados são principalmente haitianos e africanos.
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O Fantástico mostra um Brasil que discrimina refugiados, principalmente haitianos e africanos que fogem de guerras, fome e desastres naturais. Eles são hostilizados no trabalho. Muitos não conseguem empego e até passam fome. Na reportagem acima veja quatro casos. Em um deles, este preconceito chegou ao extremo.
Aumenta número de trabalhadores haitianos em Curitiba
Aumenta número de trabalhadores haitianos em Curitiba
Cerca de 8 mil moradores do país se instalaram no Paraná nos últimos anos.
Por Jéssica Aline Cipolla Felici; Maria Cecília Terres Zelazowski; Vanessa Barbosa Bononi; Vanessa Gavilan Mikos
O número de haitianos que moram no Paraná – que passou a subir desde o terremoto que matou 316 mil pessoas naquele país, em janeiro de 2010 - se expandiu bastante nos últimos anos e já chega a aproximadamente oito mil, segundo o governo do estado. Eles vêm para o Brasil para recomeçar a vida e encontrar oportunidades de trabalho, e recebem assistência de projetos voluntários e governos.
A Pastoral do Migrante, iniciativa da Igreja Católica em Curitiba, trabalha na acolhida e orientação de migrantes, imigrantes, deportados e refugiados no Brasil, com ações nas áreas social, política, cultural, religiosa e ecológica. No campo de trabalho, há parceria com empresas e auxílio na emissão de documentos.
Coordenador do trabalho, o padre Agler Cherisier diz que o maior problema dos haitianos é a remuneração. “Muitos deles recebem um salário inferior e trabalham mais horas do que os empregados brasileiros”, diz. A maior preocupação é não conseguir empregos melhores, já que alguns sofrem preconceito no trabalho. Apesar disso, a maioria está satisfeita, afirma o padre.
Para o haitiano Wilghen Cavalier, trabalhador da construção civil, a maior dificuldade é se adaptar à comida brasileira e aos gastos para mantê-la. “A comida aqui é muito cara. Eu gasto mais do que ganho com o vale. E também como sempre arroz com feijão; enjoa”.
Em Curitiba, a lanchonete Kharina possui cerca de 40 empregados haitianos em sua equipe. Por meio da assessoria de imprensa, a empresa declarou que eles são educados e esforçados. Devido à eficiência, alguns se tornam líderes de equipe e funcionários do mês. De acordo com a lanchonete, eles foram bem recebidos pelos colegas brasileiros e alguns fizeram amizades fora do grupo. Apesar da dificuldade com o idioma, a maioria já fala português e consegue ter uma boa relação com os clientes.
O garçom Richardson Dieudonne afirma que o Brasil é um país de oportunidades. “Para a gente, que vem do Haiti, é bastante vantajoso. A gente ganha melhor e consegue ajudar a família que ficou lá. A parte ruim é que a nossa formação não tem valor aqui. Aí acabamos sempre indo para um serviço mais pesado”.
Auxiliar de limpeza no Aeroporto Internacional Afonso Pena, a haitiana Shedna Derival elogia a receptividade brasileira. “As pessoas no Brasil nos recebem bem, acreditam na gente. Nos dão oportunidade de emprego e até nos cumprimentam na rua. Aqui eu me sinto mais humana”.
A Agência do Trabalhador de Curitiba informou que os setores que mais empregam os haitianos são os de construção civil e serviços gerais.
Universidades oferecem formação
O Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) fechou um termo de cooperação com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para realizar o programa de extensão universitária “Política migratória e Universidade brasileira”, dirigido pelo professor José Antônio Peres Gediel. O projeto atua em quatro frentes principais: oferece apoio jurídico a refugiados e migrantes; aulas de língua portuguesa para estrangeiros; atendimento e apoio psicológico; e cursos de informática aplicado para as necessidades mais comuns dos migrantes, como a redação de currículos.
Os cursos e atendimentos são gratuitos para os estrangeiros e funcionam atualmente por meio de trabalho voluntário – donde a necessidade do auxílio oferecido pelo MPT-PR para o financiamento, sobretudo das bolsas de monitoria. Há uma verba de R$ 150 mil, que está pendente de aprovação por parte do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Já a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) oferece o projeto ‘’Português para Estrangeiros’’, em que o foco de atendimento é ao público haitiano residente na Vila Torres, região do entorno da universidade. Há três grandes objetivos: estimular o conhecimento e as habilidades de produção e compreensão oral do português; desenvolver estas capacidades para produção de gêneros textuais carta de apresentação e currículo, com o intuito de preparar os alunos para inserção no mercado de trabalho; e abrir a possibilidade de campo de estágio para os alunos de letras português/inglês da PUCPR.
Para orientar os agentes públicos sobre os direitos e deveres das pessoas que solicitam refúgio ou migram para o estado, o governo do Paraná criou em 2012 o Comitê Estadual de Refugiados e Migrantes (CERM), integrado por representantes do governo e instituições sociais. É coordenado pela Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos.
Haitianos trabalhando na reforma do estádio Joaquim Américo Guimarães. Foto por: Maria Cecília Terres