segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Aprovado concessão de vistos especiais para haitianos


12/01/2012 - 17:26h

Aprovada concessão de vistos especiais para haitianos
Brasília, 12/01/2012 (MJ) - Em reunião na tarde desta quinta-feira (12/01), o Conselho Nacional de Imigração (CNIg) – órgão ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego – aprovou as condições do visto de trabalho em caráter especial que será concedido a cidadãos haitianos em função dos problemas econômicos e humanitários decorrentes do terremoto de 2010. Os naturais daquele país terão permissão para ficar no Brasil por até cinco anos.
Com a resolução aprovada, o governo abre um canal formal e legal para a imigração haitiana. Dessa maneira, os interessados em vir para o Brasil não precisarão mais ingressar de forma irregular, submetendo-se, muitas vezes, às máfias especializadas no tráfico de pessoas.
Antes do período de cinco anos, eles deverão comprovar sua situação laboral junto ao Ministério do Trabalho e Emprego para fins de renovação de sua permanência no Brasil e expedição de nova Cédula de Identidade de Estrangeiro.
Serão emitidos 1,2 mil vistos permanentes por ano (100 por mês, em média) pela Embaixada do Brasil no Haiti. Não será necessário comprovar qualificação, nem vínculo com empresa, diferentemente dos vistos de trabalho comuns.
 A Resolução Normativa vigorará pelo prazo de dois anos e tem validade a partir da data de publicação. Os canais de vistos anteriores oferecidos para turismo, estudo, trabalho temporário continuam a existir também para os haitianos.
Todos os haitianos que já estavam no país antes da publicação da resolução serão regularizados por meio do CNIg. Deles, já 1,6 mil tiveram a sua situação regularizada por meio de residência humanitária concedida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (Conselho Nacional de Imigração).
Quem chegar ao país após a publicação da resolução do CNIg e não estiver regular (com visto) será notificado a deixar o país. Caso não deixe, poderá ser deportado.

Conselho de Imigração aprova restrição à entrada de haitianos

Conselho de Imigração aprova restrição à entrada de haitianos
12 de janeiro de 2012 18h26 atualizado às 19h00

No mesmo dia em que se completam dois anos desde o terremoto que devastou o Haiti, o Conselho Nacional de Imigração (Cnig) brasileiro concordou em restringir a cem o número mensal de vistos a serem concedidos a haitianos que queiram emigrar ao Brasil.
A medida é parte de uma proposta do Ministério da Justiça para regularizar a situação migratória de haitianos no Brasil, que ganhou a atenção da opinião pública por eles virem, muitas vezes, por rotas ilegais, intermediadas por coiotes (atravessadores), e se concentrarem em cidades amazônicas com poucas condições para abrigá-los.
Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou que os haitianos que já se encontram no Brasil - número estimado pelo governo em 4 mil pessoas, dos quais 2.400 estariam em situação irregular - terão sua situação legalizada, recebendo autorização de residência que lhes dará direito a morar e trabalhar aqui.
O documento terá validade de cinco anos e, para obtê-lo, não será necessário comprovar qualificação ou vínculo com empresa. A limitação de emissão de vistos mensais vai vigorar nos próximos dois anos. Com a resolução, os haitianos que quiserem vir ao Brasil em busca de um trabalho terão uma cota de cem vistos por mês, a serem concedidos pela Embaixada do Brasil em Porto Príncipe. Quem chegar sem documentos após a resolução corre o risco de ser deportado.
"O Brasil criou um canal adicional aos haitianos, além do canal tradicional de vistos (para quem já tem um vínculo empregatício no Brasil)", diz o secretário-executivo e ex-ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, em entrevista à BBC Brasil. "Nossa preocupação não é tanto com o número de imigrantes, mas com a forma como vêm (por intermediários ilegais, pela floresta). Soubemos de casos de estupro, de roubos, de violência (contra os haitianos). O Brasil não tem essa tradição."
Deportação
Suzanne Legrady, do grupo católico Missão Paz, do qual faz parte a Casa do Migrante, em São Paulo, diz que a atual discussão em torno da imigração haitiana tem provocado insegurança na comunidade. Muitos dos que já estão aqui estão com medo de falar com a imprensa; outros, consultados pela BBC Brasil, tinham planos de trazer parentes para cá - planos que talvez tenham de ser revistos. "Não acho bom limitar (a concessão de vistos). Temos que pensar além dos números (de imigrantes), porque são seres humanos. E migrar não é delito."
Helion Póvoa Neto, professor da UFRJ e coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Migratórios (NIEM), opina que a cota de vistos e a consequente possibilidade de deportação de haitianos não regularizados pode criar uma saia justa para o Brasil.
"É uma questão politicamente difícil. Vamos deportar pessoas para um país onde fazemos uma intervenção humanitária?", questiona, em referência à liderança brasileira da missão militar da ONU no Haiti.
Em comunicado, a ONG de direitos humanos Conectas diz temer que "a ameaça de deportação feita pelo Ministério da Justiça brasileiro e a restrição no número de vistos concedidos aos haitianos represente ainda mais sofrimento para as milhares de famílias que tentam reconstruir suas vidas no Brasil, fugindo de décadas de conflitos internos, criminalidade, pobreza, instabilidade política e desastres naturais em seu país de origem".
O secretário Luiz Paulo Barreto, afirma, em contrapartida, que "vamos criar um canal formal e privilegiado de imigração. Isso (deportação) acontece em todos os países. Tratamos os haitianos com essa proximidade e seguiremos nossa política de ajudar o país, mas não queremos incentivar a diáspora de sua mão de obra mais qualificada (para o Brasil)."
Atividade laboral
Os cem vistos mensais terão validade inicial de cinco anos e permitirão que os haitianos trabalhem no Brasil. Nesse prazo, deverão comprovar o exercício de atividade laboral. Segundo Barreto, esse número pode ser revisto. "Achamos que 1,2 mil vistos por ano sejam suficientes para contemplar a demanda. Se isso for insuficiente, podemos reavaliar."
Cidades amazônicas fronteiriças se tornaram porta de entrada para haitianos, e governos estaduais têm reclamado do caos social provocado pela imigração nas cidades. Um exemplo é o município de Brasileia (AC), de cerca de 21 mil habitantes, na fronteira com a Bolívia, que concentra cerca de mil haitianos.
O Ministério da Justiça prometeu ajuda a essas cidades e "reforçar a fiscalização de fronteira em parceria com Peru, Equador e Bolívia, para atacar a rota ilícita de imigração", nas palavras do ministro José Eduardo Cardozo.
Para Rosita Milesi, diretora do Instituto Migração e Direitos Humanos, é justamente o combate a coiotes e redes de tráfico que deve ser priorizado pelo governo. "Este é um ponto fundamental, para não deixar pessoas vulneráveis expostas à ação destes grupos inescrupulosos." Ela também defende "um plano para que haitianos possam vir regularmente ao Brasil, habilitando-se para capacitação profissional e depois retornado ao seu país em condições de contribuir com seu próprio desenvolvimento", desde que eles recebam aqui a oportunidade de "acolhimento, aprendizagem do idioma, integração laboral e social".
Imigrante haitiano é morto na periferia de Manaus.

Haitianos movimentam casas de câmbio de Manaus

Haitianos movimentam casas de câmbio de Manaus com remessas de até R$ 500

Nas agências, os valores são calculados tomando como base tanto o dólar comercial quanto o turismo. Pelo menos 50 haitianos enviam diariamente dinheiro a familiares.
[ i ] Haitianos têm movimentado as casas de câmbio de Manaus. Foto: Eraldo Lopes Haitianos têm movimentado as casas de câmbio de Manaus.
Manaus - A imigração dos haitianos para Manaus tem movimentado o serviço de envio de dinheiro nas casas de câmbio nos últimos dois meses. Os refugiados chegam a mandar para o Haiti até R$ 500. Nas agências, os valores das operações são calculados tomando como base tanto o dólar comercial quanto o turismo.
Uma das duas unidades da Fitta Câmbio chega a receber, por dia, cerca de 50 haitianos que querem mandar dinheiro para o País de origem. “Fazemos esses atendimentos todos os dias, sempre tem haitiano aqui”, disse o supervisor Josué Corrêa. Pela agência, os refugiados enviam, em média, R$ 500.
“O percentual pelo serviço varia de acordo com o valor que será mandado, de 6% a 10%, o parâmetro é o dólar, que é flutuante”, explicou. É acrescido, ainda, o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF), alíquota de 0,38%. “O haitiano pagaria hoje aproximadamente R$ 75 para enviar R$ 500”, disse.
Na Fitta, é considerado para essa operação o câmbio comercial, cotado nesta sexta-feira a R$ 1,73. “Não é tomado como base o dólar turismo porque o dinheiro não circula em espécie, mas virtualmente”, explicou o supervisor da agência.
Já na Amazônia Câmbio Turismo, é a cotação do dólar turismo que serve como cálculo para a operação. Para enviar US$ 300, o haitiano teria que desembolsar R$ 621 considerando as taxas, segundo o supervisor Daniel Nogueira. Ontem, o dólar turismo estava cotado em R$ 1,87.
Nesta casa de câmbio, os haitianos enviam de US$ 100 a US$ 300. “Todo mês atendemos em torno de seis haitianos por dia”, contou. A quantia é encaminhada pelo serviço de remessa expressa. “Com a Carteira de Identidade, a pessoa pode sacar lá o dinheiro no banco em que determinarmos”, disse.
Segundo o supervisor da Fitta, o dinheiro é enviado pelo sistema Western Union, que garante uma transição automática. “Além de ser o tipo de operação mais barata, é rápida, logo que é feita a pessoa consegue sacar no destino, já nos bancos chega a demorar até 72 horas, e ainda é exigido que a pessoa seja correntista”, comentou.
Carteira de trabalho
O último mutirão para expedição de Carteiras de Trabalho durante o mês de janeiro, em Manaus, será realizado exclusivamente para haitianos. Todas as 100 senhas já foram distribuídas, segundo a Superintendência do Trabalho de Emprego (SRTE-AM).
O mutirão ocorre neste sábado, na Avenida André Araújo, nº 140, Bairro Aleixo, zona Sul de Manaus, na sede da SRTE, a partir das 8h.
Reportagem do Jornal Nacional - cidade de Tabatinga - fronteiras Brasil, Peru e Colombia.