segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Uma situação difícil e com um final feliz. Obrigado a todos/as


18/11/2012 21h55 - Atualizado em 18/11/2012 22h08

Menino haitiano abandonado no metrô reencontra a mãe após 3 anos

Garoto conseguiu documentos e voltou para a família na Guiana Francesa.
Em 2009, ele havia sido deixado por 'coiotes' em estação de São Paulo.

Do G1, com informações do Fantástico
Depois de três anos, o menino haitiano que havia sido abandonado por traficantes de pessoas em uma estação de metrô de São Paulo pôde voltar para a sua mãe.
O Fantástico acompanhou o reencontro, que ocorreu na Guiana Francesa, onde ela mora (Veja vídeo ao lado).
O garoto tinha 11 anos quando chegou ao Brasil, em dezembro de 2009, e foi deixado sozinho na estação de metrô Corinthians Itaquera, na zona leste de São Paulo. Passou os últimos três anos em um abrigo, e hoje tem quase 14 anos.
Ele diz que não se lembra de nada do dia em que chegou ao Brasil. “Eu acho que ele teve um bloqueio”, diz o coordenador do abrigo, André Penalva.
“Ele amadureceu da pior forma possível. Longe da família, longe das raízes dele e longe das pessoas que ele tinha contato. Então, esse desenraizamento foi prejudicial porque ele acabou ficando mais fechado”, afirma Paulo Fadigas, juiz da Vara da Infância e Juventude.

Já faz nove anos que o garoto não vê a mãe. Em 2003, quando ficou viúva no Haiti, Dieula Goin deixou os dois filhos com o avô e migrou ilegalmente para a Guiana Francesa. Casou de novo, teve mais quatro filhos e, quando melhorou de vida, contratou "coiotes" para buscar os dois filhos que ficaram no Haiti.

Mas a quadrilha só buscou um deles e ficou rodando com o menino pela América do Sul, exigindo mais dinheiro para entregá-lo. Como a família se negou a pagar, os coiotes abandonaram o garoto na estação.

Com a história esclarecida, a Polícia Federal identificou a quadrilha. Cinco deles, com prisão preventiva decretada, estão sendo procurados pela Interpol: Jean Paul Myrthil, Guirlande Baptistin, Jean Pierre Sainvil, Witchine Cadet e Sandra Lorthe.

Protegido pela Justiça, o garoto ficou escondido no abrigo. O reencontro com a mãe exigiria esforço humanitário de Haiti, França e Brasil.
À França, caberia regularizar a situação da mãe, imigrante clandestina na Guiana Francesa. Ao Haiti, bastaria emitir um passaporte para que o garoto pudesse viajar. Depois disso, o Brasil teria de agilizar os procedimentos judiciais e administrativos para devolver o menino.

Pedido direto do embaixador
No começo de 2011, o então governador da Guiana Francesa, Daniel Ferrey, afirmou ao Fantástico que resolveria a situação em três dias. O juiz Paulo Fadigas ouviu a mesma promessa do político francês. “Lembro bem, era um celular, através de intérprete. Conversamos, tá tudo certo. Mas nesse ínterim, eu conversando com a cônsul, ela falou: não tá tudo certo. Inclusive, ele tá indo embora”, afirma.

O governo do Haiti fazia cada vez mais exigências para emitir o passaporte. “Chegou a hora em que me pediram a carteira de motorista. Falei: ‘não, aí não dá. Carteira de motorista pro menino?’”, conta.

A situação só mudou quando o novo presidente da França assumiu e facilitou a legalização dos imigrantes. Há três meses, Dieula conseguiu tirar o visto de trabalho. O passaporte haitiano do garoto também saiu. Mas foi preciso um pedido direto do embaixador do Brasil ao presidente do Haiti.

A viagem, então, pôde ser preparada. Na mala, ele levou brinquedos de menino, roupas de adolescente e uma camisa do Corinthians, autografada pelo jogador Ronaldo. Os amigos do abrigo onde ele morou por três anos foram se despedir, no Aeroporto de Guarulhos.
“Se der, você fala com a gente pelo computador. Não é para você esquecer da gente, não”, pede um amigo. “Ele fez todo mundo muito feliz. Quero que ele seja feliz com a família dele”, deseja outro amigo.
O último recado foi escrito pelo haitiano em um bilhete no portão de embarque. “Eu vou sentir muita saudade, obrigado por tudo”.
AbraçoO juiz e o coordenador do abrigo o acompanharam. Foram três horas e meia de viagem até Belém, no Pará, e mais uma hora e meia até a Guiana Francesa.
Dieula esperava no aeroporto de Caiena. Ela e o filho se abraçaram. “Estou feliz demais com meu filho na Guiana”, diz.
Ela não fala português, e o garoto não consegue se lembrar nem do francês nem do creole, o dialeto haitiano que falava quando criança.
O juiz entregou um termo de entrega que garante a guarda do garoto pela mãe. Dieula assinou e agradeceeu.
Depois de deixar o aeroporto, o menino foi para casa na periferia de Caiena e foi recebido por François, o padrasto. “Eu tinha nove filhos, agora tenho dez”, disse.
A mãe o levou pela mão para conhecer o puxadinho erguido por causa dele. Ele conheceu os irmãos que nunca havia visto. Juntos, foram jogar futebol em um campinho de chão batido.

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