domingo, 19 de janeiro de 2014

Noticia - Acre - Brasileia = 15-01-2014

15/01/2014 15h07 - Atualizado em 15/01/2014 16h45

Entrada diária de haitianos triplica e quadro preocupa, diz governo do Acre

Abrigo em Brasiléia com capacidade para 300 tem 1.200 , diz secretário.
Ele sugere fechamento temporário de fronteira para controlar 'caravanas'.

Tahiane Stochero Do G1, em São Paulo
 

Mais de 400 haitianos continuam em Brasiléia (Foto: Reprodução TV Acre) 
 
Haitianos na cidade de Brasiléia em imagem
do ano passado (Foto: Reprodução/TV Acre)
O número de haitianos que estão entrando pela fronteira do Brasil com o Peru quase triplicou em uma semana, segundo o secretário de Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão. Desde a quinta-feira (9), entre 70 e 80 haitianos chegam a Brasiléia diariamente, diz ele. Antes, o número variava entre 20 e 30 por dia.
“A quantidade de caravanas de imigrantes haitianos que está entrando pela fronteira nesta semana é muito grande e isso está nos preocupando muito. Temo que uma grande tragédia aconteça. Nosso abrigo, que tem capacidade para 300 haitianos, está hoje com 1.200”, diz Mourão ao G1.
Ele pediu ao governador que comunicasse o fato ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pedindo o fechamento temporário da fronteira. A assessoria de imprensa do governador informou que ele falará com o ministro nesta tarde.

Em 2013, o número de haitianos que entra ilegalmente pela fronteira de Brasiléia triplicou, segundo levantamento do G1 baseado  em números da Polícia Federal. De janeiro até setembro do ano passado, foram 6 mil, diz o delegado da PF Carlos Frederico Portella Santos Ribeiro. Em 2012, foram 2.318 haitianos que entraram ilegalmente.

“Todo início de ano cresce a chegada de imigrantes ilegais, mas este ano foi bem maior. Segundo relato de haitianos, coiotes espalharam pelo Haiti e pela República Dominicana que o Brasil iria fechar as fronteiras agora no início do ano, o que provocou um êxodo maior, acelerando muito desde quinta”, explica Mourão.

“O que nos preocupa é que antes, os que chegavam saíam rápido para o restante do país, em busca de trabalho. Mas agora, como é início de ano, as empresas não estão indo lá contratar, e ficamos com um grande fluxo retido”, acrescenta.

Fechamento de fronteira
Segundo o secretário, o governo nunca havia colocado em discussão o fechamento da fronteira, isso teria sido uma invenção dos coiotes.

"Mas o que está acontecendo nos preocupa, há um grande problema em Brasiléia e eu recomendei agora ao governador que peça ao ministro o fechamento temporário da fronteira, para reter os haitianos do lado de lá, no Peru, até conseguirmos dar vazão a este fluxo”, diz.

Mourão teme que a grande quantidade de imigrantes provoque uma tragédia no abrigo, que está com a capacidade esgotada em Brasiléia. “Estamos prevendo a iminência de uma tragédia, incêndio, brigas, ou mortes. Fica difícil controlar tanta gente."

A imigração haitiana ao Brasil começou em janeiro de 2010, após um terremoto no país caribenho provocar a morte de mais de 300 mil pessoas e deixar cerca de 300 mil deslocados internos. Segundo o governo do Acre, desde dezembro de 2010, cerca de 15 mil haitianos entraram pela fronteira do Peru com o Estado.

O Ministério da Justiça diz que acompanha a situação dos haitianos em Brasiléia e que está colaborando com o governo do Acre para tentar minimizar os problemas. Sobre o aumento repentino da imigração ilegal pela fronteira, o ministério diz que ainda não foi comunicado e irá avaliar.

O G1 tentou contato com os delegados da PF responsáveis pela região para verificar a situação, mas não obteve retorno.

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