domingo, 1 de junho de 2014

Noticia 29-05-2014

Imigrantes ficam em locais destinados a bois e cavalos ao chegar no Acre


Para os imigrantes recém-chegados, o sonho do Brasil como “terra prometida” se desfaz logo no Acre, primeira parada após a longa travessia pela América Latina.
Instalações precárias, demora na regularização dos documentos, dificuldades com a língua e ofertas de emprego muitas vezes degradantes são alguns dos fatores que contribuem para adiar o futuro do sonho brasileiro.

O abrigo, antes mantido pelo governo do Acre em Brasileia, na fronteira com a Bolívia, foi transferido para Rio Branco no mês passado. Na cidade fronteiriça, a situação beirou o “caos social” com uma superlotação que chegou a quase 2.500 imigrantes.

Agravou a situação a cheia do rio Madeira, que deixou o Acre ilhado e impediu o “escoamento” de imigrantes para outros Estados do país.

Em Rio Branco, até o próximo mês, o abrigo funcionará no Parque de Exposições.
Por causa da ExpoAcre, uma tradicional festa agropecuária, o governo terá de procurar um novo endereço –ainda indefinido– para os imigrantes, o oitavo desde que a migração em massa começou a ser registrada na região da Amazônia ocidental, entre 2010 e 2011.

Sem o abrigo na fronteira, os imigrantes que chegam não encontram amparo algum. O governo federal não disponibiliza nenhuma estrutura para recebê-los.

A reportagem encontrou dezenas de haitianos na rodoviária de Epitaciolândia (vizinha a Brasileia) que estavam ao relento e sem comer havia três dias. Eles diziam não ter dinheiro para sair dali.

Há duas semanas, quando a Folha visitou o abrigo, 412 pessoas estavam no local. Senegaleses eram maioria. Eles esperam muito mais tempo pela regularização dos documentos do que os haitianos, que recebem visto humanitário, cujo trâmite é rápido.

No local, todos os imigrantes –homens, mulheres e adolescentes– estão agrupados em galpões destinados à exposição de bois e cavalos.

Na hora da comida, eles não têm mesas nem onde se sentar. Utilizam o chão. Como não há talheres, comem com a tampa das quentinhas, como nas prisões.

O espaço no Parque de Exposições é grande, mas há pouco para se fazer. Ao contrário da Missão Paz em São Paulo, por exemplo, no Acre não há aulas de português ou qualquer outro processo que os ajude na integração aos costumes brasileiros.

“Se soubesse que seria assim, não teria vindo. Não recomendo ninguém passar pelo que estou passando”, dizia o dominicano Melvin de Jesus Javier, 29, que chegou ao Acre após ser roubado e deixado pelo meio do caminho no trajeto entre Puerto Maldonado, no Peru, e a fronteira brasileira. Ele não sabe para onde ir no Brasil.

Apesar da precariedade, o abrigo funciona com uma lógica própria. Senegaleses (geralmente muçulmanos) e haitianos (cristãos) fazem cultos, mas pouco se misturam. Um comerciante acriano com algum dinheiro e tino empreendedor criou uma lan house no local, sempre cheia. Trinta minutos de internet custam R$ 1.

Há uma constante tentativa de se fazer dinheiro dentro do abrigo: imigrantes foram flagrados tentando revender a comida distribuída lá dentro e até os colchões.

Mas alguns deles se tornam referência. É o caso do senegalês Dame Gueye, 29, formado em comércio exterior e que domina sete idiomas. Além de tradutor, ele se virou uma espécie de coordenador informal do abrigo.

Por: Lucas Ferraz e Avener Prado
Fonte: UOL Notícias 


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Publicado em sexta-feira, 23 de maio de 2014 às 07:00

Grana planeja mutirão em junho para incluir haitianos                         


Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC                
Celso Luiz/DGABC

A cúpula do governo Carlos Grana (PT), de Santo André, decidiu realizar mutirão na primeira quinzena de junho na tentativa de incluir a comunidade de haitianos, recém-chegados do país caribenho à cidade – aproximadamente 650 estrangeiros vivem hoje na favela dos Ciganos, no bairro Utinga, próximo à linha do trem. O prefeito se reuniu ontem com quatro secretários no Paço para estudar alternativas e apresentar proposta ao grupo. Santo André tornou-se o terceiro principal destino brasileiro, atrás apenas da Brasileia, no Acre, e São Paulo.

Na atividade que será promovida naquela região, a Prefeitura fará um cadastro de imigrantes, visando diagnóstico e perfil da situação dos refugiados. O projeto passa por oferecer curso de Língua Portuguesa, regularização de documentos, como RG e carteira de trabalho, e intermediar vagas de emprego no CPETR (Centro Público de Emprego, Trabalho e Renda). Outro procedimento sinalizado é firmar parceria com o Banco de Alimentos, da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), objetivando distribuir produtos aos munícipes de baixa renda.

“Pretendemos fazer o mutirão antes do início da Copa (do Mundo no Brasil, na qual a abertura do evento ocorrerá dia 12). A principal ação se dará com as aulas de idioma (maior parcela fala em crioulo e francês), que é barreira na colocação no mercado”, sustentou o secretário de Relações Institucionais, Tiago Nogueira (PT). Com o plano consolidado, a proposta vai envolver a Associação Clube de Mães, entidade que procurou a Prefeitura para auxiliar na ação, igrejas e escolas. “Precisamos entender quem faz parte dessa população”, analisou. Percentual significativo é homem, religioso e está desempregado.

Tiago rechaçou que o procedimento tenha cunho político-eleitoral. São 584 haitianos cadastrados na associação. Segundo o petista, a iniciativa tem fundo apenas humanitário. “Entendemos como drama que eles passam no momento. Por isso, esse olhar no social.” Em 2010, o Haiti sofreu terremoto de grande escala que matou mais de 300 mil pessoas. Desde então, cerca de 21 mil estrangeiros entraram legalmente no Brasil.


 

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