Audiência discute situação de imigrantes haitianos e africanos em SC
Audiência foi promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia. FOTO: Miriam Zomer/Agência AL
Falta de documentação e dificuldades com o idioma foram algumas das dificuldades apontadas pelos participantes da audiência pública que discutiu a situação dos imigrantes de países africanos e americanos, em especial do Haiti, que vivem em Santa Catarina, realizada na noite desta quarta-feira (24), na Assembleia Legislativa. O encontro foi promovido pela Comissão dos Direitos Humanos do Parlamento catarinense. Entre as conclusões da audiência, a necessidade de políticas públicas que atendam os imigrantes, a revisão da Lei do Estrangeiro e o melhor planejamento das ações voltadas à recepção dos imigrantes por parte do poder público.
“Nosso objetivo com essa audiência é apontar caminhos para garantir que os imigrantes tenham acesso a direitos básicos, como trabalho, moradia, saúde, educação, e que também não sejam vítimas de discriminação que alguns setores querem passar”, explicou o presidente da comissão e proponente da audiência, deputado Dirceu Dresch (PT).
Grupos e associações de imigrantes do Haiti e de países africanos, como o Senegal, acompanharam a audiência. Entre os principais pedidos, a disponibilização de documentação para que os imigrantes possam regularizar sua situação no Brasil, a promoção da cultura haitiana e a convalidação de diplomas estrangeiros. “O Brasil é um país acolhedor e tem várias possibilidades para um estrangeiro. Nosso objetivo é contribuir com o progresso dessa grande pátria, com respeito e paz”, afirmou o presidente da Associação de Haitianos de Florianópolis (Kay Pa Nou), Chery Clarens.
A antropóloga Tanajara da Silva, da Pastoral do Imigrante, apresentou os resultados de um estudo sobre os imigrantes em Santa Catarina. Só neste ano, no estado, foram emitidas mais de 2 mil carteiras de trabalho para haitianos. “Nós temos necessidade inadiável de criar um conselho estadual de apoio ao imigrante, de inseri-los no ambiente escolar, de convalidar seus diplomas”, afirmou Tanajara, que apontou várias outras ações, entre elas a revisão da Lei da Imigração, elaborada ainda durante o regime militar.
A representante da Cáritas Brasileira, Fabiana Gonçalves, também defendeu mudanças na legislação sobre os estrangeiros. “Foi uma lei que estava preocupada com a segurança nacional, e não com o bem-estar das pessoas que vêm pra cá em busca de melhores oportunidades, que deixam seus países de origem não porque querem, mas porque precisam sobreviver”, destacou.
Mais imigrantes
A secretária de Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação, Angela Albino, revelou que mais imigrantes devem chegar ao estado nos próximos dias. “São 43 ônibus que estão vindo do Acre”, comentou. “Boa parte deles já chega com referência familiar ou de amigos ou com oportunidade de emprego, mas alguns não têm onde ficar”, completou.
A secretária de Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação, Angela Albino, revelou que mais imigrantes devem chegar ao estado nos próximos dias. “São 43 ônibus que estão vindo do Acre”, comentou. “Boa parte deles já chega com referência familiar ou de amigos ou com oportunidade de emprego, mas alguns não têm onde ficar”, completou.
Angela afirmou que a secretaria vai receber os haitianos que chegarem a Florianópolis no ginásio de esportes Capoeirão, a exemplo do que ocorreu no final de maio, quando os primeiros imigrantes do país caribenho chegaram ao estado. A secretária também defendeu a revisão da Lei do Imigrante e a criação de uma política de acolhimento, que atue de forma preventiva.
A deputada Luciane Carminatti (PT) também defendeu a criação de políticas de acolhimento aos imigrantes. “Chama a atenção a dificuldade de humanizar essa relação, de acolhimento, de respeito, de se entender que são seres humanos, independente da cor da pele e da condição social, que estão em busca de melhores condições de vida”, disse.
Luciane citou como exemplo o projeto desenvolvido pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) em Chapecó que oferece vagas em cursos superiores para os haitianos que trabalham na região. A professora Sandra Farias Bordignon, responsável pelo projeto, afirmou que o objetivo é dar visibilidade ao tema e inserir os haitianos no meio acadêmico. “O idioma é a nossa maior barreira”, considerou.
Luciane citou como exemplo o projeto desenvolvido pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) em Chapecó que oferece vagas em cursos superiores para os haitianos que trabalham na região. A professora Sandra Farias Bordignon, responsável pelo projeto, afirmou que o objetivo é dar visibilidade ao tema e inserir os haitianos no meio acadêmico. “O idioma é a nossa maior barreira”, considerou.
Marcelo Espinoza
AGÊNCIA AL
AGÊNCIA AL
Fonte: http://agenciaal.alesc.sc.gov.br/index.php/noticia_single/audiencia-discute-situacaeo-de-imigrantes-haitianos-e-africanos-em-sc
quarta-feira, 24 de junho de 2015
Novos grupos de imigrantes são esperados para o sul do Brasil
Abrigo no Acre está com 400 pessoas, quando capacidade é de 110
Diego Mandarino/ Rádio Gaúcha Serra
Mais imigrantes que chegaram ao Brasil pelo Acre poderão se deslocar ao sul do Brasil. Conforme o coordenador do abrigo de acolhimento mantido pelo governo estadual na capital Rio Branco, Antonio Crispim, o espaço está sendo ocupado por 400 pessoas e a capacidade é de 110. Quarenta pessoas chegam ao local por dia, ou 1.200 pessoas por mês, vindo de ônibus pela cidade de Assis Brasil, na fronteira com Peru e Bolívia:
— Há pouco, um ônibus com 44 pessoas estava chegando — informa.
Grande parte dos imigrantes está dormindo no chão. Segundo Crispim, um novo encaminhamento está sendo feito pelo estado do Acre junto ao Governo Federal para financiar o deslocamento dos imigrantes ao sul do Brasil. Eles são haitianos, dominicanos, senegaleses, ganeses e de Bangladesh. Há uma criança filha de haitianos que nasceu no Equador, durante a viagem. As tratativas do governo acriano ocorrem junto ao Ministério da Justiça.
A maioria quer se deslocar a São Paulo. Outros perguntam onde há emprego. Uma parte passa apenas uma noite no abrigo e no dia seguinte tira o CPF nos Correios, compra passagem e se desloca para outra cidade do país. Outros, no entanto, que não têm dinheiro, ficam até dois meses, afirma o coordenador. Crispim explica que um questionário será feito com os imigrantes que estão no abrigo para que eles informem se há amigos ou conhecidos que já estão no país afim de buscar o melhor destino — isso até 12 horas antes da viagem, para que o poder público possa intermediar a compra de passagens via recursos federais.
Mas o governo do Acre ainda não sabe quando esse convênio vai se concretizar, pois depende de resposta formal do Governo. Nesse caso, haverá articulação com estados e municípios para organizar a recepção dos grupos, garante o coordenador.
A irmã Maria do Carmo dos Santos Gonçalves, do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) de Caxias do Sul, aponta outra situação, confirmada por Crispim: muitos imigrantes compram passagens de ônibus com recursos próprios, escolhendo destinos onde terão trabalho ou uma rede de parentes ou amigos. Como a comunidade de imigrantes já é significativa em Caxias do Sul, e essa rede pode acolher novas pessoas, a procura também é contínua e novos imigrantes chegam diariamente.
Com a situação econômica e menos vagas de emprego na cidade serrana, os novos imigrantes têm mais dificuldade e passam mais tempo sem emprego. No início deste mês, quase 200 imigrantes buscavam emprego na cidade.
Mas Maria do Carmo diz que, apesar da demora, não há falta de trabalho.
— Semana passada duas empresas nos procuraram buscando mão de obra migrante.
Segundo a irmã, trata-se de empresas de cidades menores da Serra onde já não há mais mão de obra. Cerca de 3 mil senegaleses moram em Caxias do Sul e outros grupos significativos vieram à cidade principalmente do Haiti e de Gana.
— Há pouco, um ônibus com 44 pessoas estava chegando — informa.
Grande parte dos imigrantes está dormindo no chão. Segundo Crispim, um novo encaminhamento está sendo feito pelo estado do Acre junto ao Governo Federal para financiar o deslocamento dos imigrantes ao sul do Brasil. Eles são haitianos, dominicanos, senegaleses, ganeses e de Bangladesh. Há uma criança filha de haitianos que nasceu no Equador, durante a viagem. As tratativas do governo acriano ocorrem junto ao Ministério da Justiça.
A maioria quer se deslocar a São Paulo. Outros perguntam onde há emprego. Uma parte passa apenas uma noite no abrigo e no dia seguinte tira o CPF nos Correios, compra passagem e se desloca para outra cidade do país. Outros, no entanto, que não têm dinheiro, ficam até dois meses, afirma o coordenador. Crispim explica que um questionário será feito com os imigrantes que estão no abrigo para que eles informem se há amigos ou conhecidos que já estão no país afim de buscar o melhor destino — isso até 12 horas antes da viagem, para que o poder público possa intermediar a compra de passagens via recursos federais.
Mas o governo do Acre ainda não sabe quando esse convênio vai se concretizar, pois depende de resposta formal do Governo. Nesse caso, haverá articulação com estados e municípios para organizar a recepção dos grupos, garante o coordenador.
A irmã Maria do Carmo dos Santos Gonçalves, do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) de Caxias do Sul, aponta outra situação, confirmada por Crispim: muitos imigrantes compram passagens de ônibus com recursos próprios, escolhendo destinos onde terão trabalho ou uma rede de parentes ou amigos. Como a comunidade de imigrantes já é significativa em Caxias do Sul, e essa rede pode acolher novas pessoas, a procura também é contínua e novos imigrantes chegam diariamente.
Com a situação econômica e menos vagas de emprego na cidade serrana, os novos imigrantes têm mais dificuldade e passam mais tempo sem emprego. No início deste mês, quase 200 imigrantes buscavam emprego na cidade.
Mas Maria do Carmo diz que, apesar da demora, não há falta de trabalho.
— Semana passada duas empresas nos procuraram buscando mão de obra migrante.
Segundo a irmã, trata-se de empresas de cidades menores da Serra onde já não há mais mão de obra. Cerca de 3 mil senegaleses moram em Caxias do Sul e outros grupos significativos vieram à cidade principalmente do Haiti e de Gana.
Fonte: http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/geral/cidades/noticia/2015/06/novos-grupos-de-imigrantes-sao-esperados-para-o-sul-do-brasil-4788062.html
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