segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Noticia esportiva 12-10-2015

Comunidade haitiana em Manaus promete uma grande festa no jogo de hoje

Ideia é caminhar da paróquia de São Geraldo até a Arena da Amazônia, palco do amistoso entre as duas seleções 

                 
 Michelle Rachelle, de 45 anos, não vê a hora de sua seleção entrar em campo
Michelle Rachelle, de 45 anos, não vê a hora de sua seleção entrar em campo (Aguilar Abecassis )
Um dos países mais pobres da América Central, o Haiti ainda sofre as consequências do terremoto que arrasou o país em 2010. Das centenas de milhares de pessoas que emigraram de sua terra natal em busca melhores condições de vida, muitas delas viram em Manaus um porto-seguro para, na linguagem tão brasileira do futebol, tocar a bola para frente.Às vésperas do amistoso entre o Haiti e a Seleção Olímpica do Brasil, na próxima segunda-feira, na Arena da Amazônia, Zona Centro-Oeste de Manaus, refugiados que vivem na capital amazonense preparam uma grande festa para receber a seleção de seu país.
Muitos deles nunca viram o time nacional ao vivo em campo e mal contém ansiedade para fazê-lo.É o caso de Jean Revolus, 40. Vivendo há quatro anos na cidade, o administrador apaixonado por futebol trabalha vendendo produtos em um espaço cedido pela Paróquia de São Geraldo, na avenida Constantino Nery. Entre uma e outra venda, ele confere os resultados das rodadas dos campeonatos europeus, brasileiro e notícias sobre a Seleção Canarinho.“A maioria dos haitianos são fãs do Brasil”, diz ele. “Eu sempre vejo quando o Brasil joga: seleção júnior, sênior (principal), feminina... eu gosto de todo jogo do Brasil”, diz ele, contando também que nunca assistiu um jogo da seleção de seu país e já garantiu seu ingresso para o jogo da segunda.
“Vou com minha mulher e com meus irmãos”, conta, empolgado.Mas muito se engana quem pensa que, por ser fã do futebol brasileiro, Jean aposta numa partida fácil para o Brasil. “Vai ser um partida legal, equilibrada”, diz ele, seguido pelo conterrâneo Lecknal Joseph, 31. “Não sei se o Brasil vai ganhar do Haiti de 10 a 0 ou se vai ser o Brasil (que vai perder)”, brinca ele.
“O Brasil está mal e o Haiti está bom”, justifica. Uma das mais empolgadas para o evento é a Michelle Rachelle, 45. Simpática e falante, ela lembra de partidas históricas da seleção haitiana na década de 70, quando eles chegaram a disputar uma Copa do Mundo. Entusiasmada com a possibilidade de torcer para seu País na cidade que adotou para viver, ela promete levar tambor ao estádio e diz que até ensaiou até uma música, composta por ela e um amigo, para apoiar o país. “Sou muito positiva para apoiar o Haiti”, diz a sempre sorridente Michelle.Segundo a estimativa dos próprios haitianos que conversaram com a reportagem, pelo menos 700 deles devem ir ao jogo desta segunda-feira e ouvir, talvez pela primeira vez, o hino de seu país soar em terras brasileiras.



Jean e Lecknal (à esq.) esperam jogo equilibrado

Jogo vai ser uma celebração
Manaus é uma das cidades brasileiras com maior número de refugiados haitianos no Brasil. A fim de celebrar a rara passagem da seleção de seu país pela cidade, centenas de imigrantes do país caribenho devem realizar uma passeata da Paróquia de São Geraldo, na Avenida Constantino Nery, até a Arena da Amazônia, às 15h da tarde, três horas antes do jogo entre a Seleção Olímpica Brasileira e o Haiti, nesta segunda-feira.
 
O organizador do evento, o barbeiro Pavelus Louinord, 33, chegou a conseguir um carro de som e a devida autorização da prefeitura para realizar o evento, que deverá contar com música haitiana ao vivo e para o qual se esperam um número de cerca de 700 pessoas. “Também é uma maneira da agradecer a hospitalidade do povo amazonense com a comunidade haitiana em Manaus”, disse Louinord.
Segundo ele, a ideia é reproduzir um evento semelhante ocorrido nos Estados Unidos por ocasião de um amistoso da seleção nacional do Haiti e, ao mesmo tempo, mudar a forma como os imigrantes são vistos em seu próprio país. “Lá no Haiti, as pessoas pensam que o haitiano vive de forma miserável. Mas haitiano que trabalha não fica miserável e queremos mudar essa imagem”, finaliza.

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