13/12/2012 - 04h50
Imigrantes haitianos que se aventuraram em busca de melhores condições de vida no Brasil acabaram se aproximando entre si e criaram redutos em Porto Velho (RO).
A capital de Rondônia é um dos principais destinos dos haitianos que chegaram após o terremoto de 2010, que devastou o país caribenho.
Hoje, a capital de Rondônia já tem ruas em que a maioria dos moradores é de haitianos, instalados no centro e em bairros da periferia.
Eles dividem imóveis como quitinetes pelo aluguel médio de R$ 500 e costumam se reunir à noite nas ruas, que se transformaram em "pequenas Porto Príncipe", uma referência à capital do Haiti.
O governo de Rondônia oferece aulas de português aos imigrantes, mas o idioma que predomina nos redutos é o creole --língua falada pela maioria dos haitianos.
Segundo o governo, 792 se instalaram na capital, que tem como atrativo as obras das usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, no rio Madeira. Cerca de cem imigrantes trabalham nas obras.
Apesar de trazerem os costumes na bagagem, os imigrantes ainda tentam se adaptar à vida no Brasil.
"Sinto falta do vodu [religião de raiz semelhante ao candomblé] e deixei todas as minhas músicas. Mas gosto de 'Ai, Se Eu Te Pego' [sucesso do cantor Michel Teló], vou à igreja evangélica e jogo futebol", diz Jhony Wills, 26.
Marie Iolene Brusna, 29, que conseguiu trabalho como auxiliar de limpeza no shopping da cidade, diz estar feliz no Brasil, mas lamenta não ter conseguido trazer os quatro filhos que deixou no Haiti aos cuidados da mãe.
"Os haitianos são todos irmãos; aqui não esquecemos nossos costumes. A comida é o que mais dá saudade", diz.
Os haitianos também se reúnem para rezar. Eles montaram até uma pequena igreja evangélica, que reúne cerca de cem imigrantes nos fins de semana. No idioma nativo, eles rezam e cantam no local. Na fachada, foi pintada a bandeira do Haiti ao lado da brasileira.
Letesse Vilsant, 32, que deixou dois filhos e a esposa em Porto Príncipe, é um dos pastores. "Ouvir a música gospel do Haiti aqui no Brasil me aproxima da minha terra", diz Vilsant mostrando uma caixinha de som.
Como a maioria deixou familiares para trás com o objetivo de trazê-los mais tarde, os haitianos de Porto Velho mostraram preocupação ao serem avisados pela reportagem de que a cota de vistos concedidos pelo Brasil já se esgotara, como informou a Folha em 8 de dezembro.
"Quero trazer minha mulher e meu filho de dois anos para Porto Velho, onde tem trabalho. Não sabia do limite [de vistos]. O que vou fazer agora?", disse Delfin Vital, 23, há dois anos em Rondônia.
Haitianos criam 'pequena Porto Príncipe' nas ruas de Porto Velho
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FRANCISCO COSTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO VELHO (RO)
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO VELHO (RO)
Imigrantes haitianos que se aventuraram em busca de melhores condições de vida no Brasil acabaram se aproximando entre si e criaram redutos em Porto Velho (RO).
A capital de Rondônia é um dos principais destinos dos haitianos que chegaram após o terremoto de 2010, que devastou o país caribenho.
Beethoven Delano/Folhapress | ||
Marie Iolene Brusna, 29, com fotos da família; ela é auxiliar de limpeza em shopping de Porto Velho (RO) |
Eles dividem imóveis como quitinetes pelo aluguel médio de R$ 500 e costumam se reunir à noite nas ruas, que se transformaram em "pequenas Porto Príncipe", uma referência à capital do Haiti.
O governo de Rondônia oferece aulas de português aos imigrantes, mas o idioma que predomina nos redutos é o creole --língua falada pela maioria dos haitianos.
Segundo o governo, 792 se instalaram na capital, que tem como atrativo as obras das usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, no rio Madeira. Cerca de cem imigrantes trabalham nas obras.
Apesar de trazerem os costumes na bagagem, os imigrantes ainda tentam se adaptar à vida no Brasil.
"Sinto falta do vodu [religião de raiz semelhante ao candomblé] e deixei todas as minhas músicas. Mas gosto de 'Ai, Se Eu Te Pego' [sucesso do cantor Michel Teló], vou à igreja evangélica e jogo futebol", diz Jhony Wills, 26.
Marie Iolene Brusna, 29, que conseguiu trabalho como auxiliar de limpeza no shopping da cidade, diz estar feliz no Brasil, mas lamenta não ter conseguido trazer os quatro filhos que deixou no Haiti aos cuidados da mãe.
"Os haitianos são todos irmãos; aqui não esquecemos nossos costumes. A comida é o que mais dá saudade", diz.
Os haitianos também se reúnem para rezar. Eles montaram até uma pequena igreja evangélica, que reúne cerca de cem imigrantes nos fins de semana. No idioma nativo, eles rezam e cantam no local. Na fachada, foi pintada a bandeira do Haiti ao lado da brasileira.
Letesse Vilsant, 32, que deixou dois filhos e a esposa em Porto Príncipe, é um dos pastores. "Ouvir a música gospel do Haiti aqui no Brasil me aproxima da minha terra", diz Vilsant mostrando uma caixinha de som.
Como a maioria deixou familiares para trás com o objetivo de trazê-los mais tarde, os haitianos de Porto Velho mostraram preocupação ao serem avisados pela reportagem de que a cota de vistos concedidos pelo Brasil já se esgotara, como informou a Folha em 8 de dezembro.
"Quero trazer minha mulher e meu filho de dois anos para Porto Velho, onde tem trabalho. Não sabia do limite [de vistos]. O que vou fazer agora?", disse Delfin Vital, 23, há dois anos em Rondônia.
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