quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

27-01-2013


PRO-HAITI E PARA TODOS




A imigração haitiana para o Brasil teve um aumento considerável após o catastrófico terremoto de Janeiro de 2010. Tal assunto colocou em pauta os temas de imigração e refúgio. A diferença básica entre eles é a seguinte: os refugiados saem de seus respectivos territórios motivados a salvar suas vidas, preservar sua liberdade, pois o Estado não garante; enquanto os imigrantes econômicos descoloram-se para melhorar sua perspectiva de vida e da família. Os haitianos são considerados imigrantes econômicos.
A proximidade geográfica entre Brasil e Haiti, a Missão de Paz brasileira no território haitiano, são os apontados como fatores determinantes para esta escolha. A porta de entrada é o Estado de Manaus, onde dirigem-se para as cidades de Tabatinga e Brasiléia, visto que lá existem postos da Polícia Federal. Devido à falta de preparo do Estado em termos de políticas públicas para refugiados, observa-se a mobilização de grupos ligados à Igrejas que auxiliam os haitianos que fugiram para o Brasil.
Nesse âmbito, destaca-se o Projeto Pró-Haiti na cidade de Manaus. Muitos haitianos saiam de Tabatinga para Manaus, onde procuravam ajuda na Igreja de São Geraldo, lá a Pastoral da Migrante da Arquidiocese de Manaus se mobilizou a fim de ajudar os haitianos. Eles contaram com ajuda de outras congregações, o povo amazonense, Polícia Federal e o Ministério do Trabalho. O principal objetivo do projeto é mobilizar diferentes forças e prestar um trabalho profissional e específico, fornecendo assistência jurídica e orientação sobre programas de saúde, educação, emprego e Justiça. E na maioria dos casos há atendimento psicológico e aulas de português dadas por professores voluntários. O Pró-Haiti atende cerca de 200 pessoas por semana, e todos os serviços prestados são gratuitos.
O projeto recebe apoio financeiro da Igreja de Manaus através da Caritas Diocesana e dos jesuítas do sul do Brasil, o superior geral dos Jesuítas, sediado em Roma, também proporcionou ajuda financeira. Além de contarem com doadores espontâneos de outros lugares do país que sensibilizaram-se com o projeto, como um grupo de italianos que fizeram uma campanha de roupas e enviaram alguns valores.
Após conseguirem documentação a maioria sai de Manaus, porque receberam oferta de emprego em outros lugares, como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. E neste último Estado, graças aos meios de comunicação, encontra-se haitianos em quase todas as cidades. Diante de tal demanda, foi o governo do Estado criou o Fórum Permanente de Mobilidade Urbana no final do ano passado, que envolve sociedade civil e governo e abrange migrantes, refugiados, tráfico de pessoas, apátridas e marítimos.
Em entrevista concedida ao IHU On-Line, o missionário jesuíta e membro do Projeto Pró-Haiti, Paulo Welter, disse que é difícil cumprir a legislação internacional quando o assunto é refugiados e reapatriados, apesar da legislação internacional ser bem clara quanto ao que deve ser feito, as nações que recebem os refugiados costumam colocar impecilhos para o cumprimento dos acordos. Certamente influenciado pelo estágio de globalização em que vivemos, onde somente o humano não é globalizado.
Ruana Corrêa

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