terça-feira, 26 de maio de 2015

Noticia 26-05-2015

Migração26/05/2015 | 13h26Atualizada em 26/05/2015 | 13h33

Voluntários criam e distribuem manual de adaptação para haitianos em SC

Livreto traz dicas para imigrantes e dicionário em português, francês e crioulo haitiano

 
Voluntários criam e distribuem manual de adaptação para haitianos em SC Thaynara Danilo/Arquivo pessoal
Voluntários deixaram 27 manuais no abrigo em Florianópolis, na manhã desta terça Foto: Thaynara Danilo / Arquivo pessoal
Enquanto haitianos abrigados no Capoeirão, em Florianópolis, ainda estranham todas as novidades que encontram em uma terra desconhecida, um grupo de catarinenses tenta ajudá-los a superar o processo de adaptação.

Voluntários criaram, imprimiram e começaram a distribuir, na manhã desta terça-feira, uma espécie de "manual de adaptação" e dicionário para os imigrantes, com dicas que vão de como pedir um táxi a como pronunciar fonemas comuns no Brasil, mas incomuns em outros idiomas.

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O livreto – escrito em português, francês e crioulo haitiano – foi criado a partir de um extenso arquivo montado de forma colaborativa dentro do maior canal de comunicação direta entre haitianos no país, o grupo no Facebook Haitianos no Brasil (oficial)".

Na página, as dicas vão ainda mais longe e ensinam coisas que, para um brasileiro, são bastante óbvias: telefones de emergência, instruções para abrir uma conta no banco, um currículo padronizado e uma espécie de lista básica para compras de supermercado.

:: Confira o manual e dicionário na íntegra:



— Conheci um haitiano em Joinville e me sensibilizei com a situação que sua família enfrentava. Começamos a perceber que eles confundiam coisas que parecem óbvias para nós brasileiros, e isso dificultava bastante o processo de adaptação — relata o empresário Marcelo Gonçalves, criador do grupo e um dos três autores do manual.

Gonçalves conta que trabalha com idiomas no Norte de SC e, interessado na troca de experiências culturais com os haitianos, criou o grupo na internet. Hoje a página tem mais de 3 mil membros e serve tanto como espaço para discussões sobre a adaptação no Brasil, por exemplo, quanto para facilitar a interação entre haitianos que vieram para cá, mas moram longe um do outro.

Na manhã desta terça-feira, a professora de idiomas Thaynara Danilo foi até o abrigo em Florianópolis e deixou 27 manuais – alguns diretamente com haitianos, outros com a equipe da assistência social da prefeitura.

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Ela relata que grande parte dos imigrantes que chegaram à cidade já foram embora, mas como mais ônibus são aguardados para os próximos, resolveu levar materiais extra e deixar com os responsáveis pelo abrigo.

— Eu já tinha entregue alguns manuais para haitianos que trabalham num posto de gasolina no Centro em outra ocasião, há tempo. No abrigo, mesmo só conseguindo conversar por um tradutor, foi legal vê-los folheando e perguntando coisas sobre o país — conta.

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Desde que a contratação dos ônibus que trariam os imigrantes haitianos e senegalenses para o Sul foi anunciada, o Governo do Acre repassou pouquíssimos dados para os municípios que os receberiam. Até o momento, a Prefeitura de Florianópolis não sabe, por exemplo, qual o tamanho da estrutura que deve montar para recebê-los.

No ano passado, a Secretaria Estadual de Assistência Social, Trabalho e Emprego (SST) fez tentativa frustrada de ter um mapeamento mais elaborado. Enviou questionários a todas as prefeituras catarinenses para tentar traçar um perfil dos imigrantes – idade, escolaridade, situação profissional –, mas menos de 30 cidades repassaram as informações.

Levantamentos preliminares mostram que grande parte dos imigrantes que chegam a Santa Catarina busca nova morada no Sul, Oeste, Litoral e Vale do Itajaí, espalhando-se por todo o Estado, o que dificulta o acompanhamento e o desenvolvimento de políticas públicas.

Segundo a SST, a política de atendimento aos estrangeiros em vulnerabilidade é a mesma oferecida aos demais cidadãos. Famílias de imigrantes devem procurar os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) para serem inseridos no cadastro único do governo federal e ter acesso a programas públicos e cursos de qualificação profissional.

A maior parte dos imigrantes que chega a SC já tem destino certo, indicados por amigos ou parentes. Sem conhecimentos da região e com pouco dinheiro, acabam dependendo de uma rede de apoio que envolve poder público, iniciativa privada e até ações individuais.

Muitos dependem deste suporte até conseguir se firmar, trabalhando principalmente em frigoríficos, na metalurgia e na construção civil, segundo a Federação das Indústrias de SC (Fiesc).
DIÁRIO CATARINENSE

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