Enviados pelo governo do Acre, haitianos chegam em Porto Alegre a partir de quarta

Haitianos recebem os primeiros atendimentos quando chegam ao estado do Acre. Na foto, um centro de acolhimento na cidade acreana de Brasileia | Foto: Alex Oliveira
O governo do Acre despachou no último final de semana quatro ônibus lotados com imigrantes do Haiti para Porto Alegre. O primeiro ônibus saiu do estado no dia 21 e chegará à Capital gaúcha na noite desta quarta-feira (26).
O próprio governo gaúcho foi pego de surpresa e acabou sendo avisado pela imprensa na semana passada que os imigrantes estavam sendo mandados para Porto Alegre. Integrante da Assessoria de Cooperação e Relações Interacionais do governo gaúcho, Fábio Balestro trabalha no gabinete do governador Tarso Genro (PT) e está monitorando a situação.
Ele informa que existe um organismo formado pelo poder público e por organizações da sociedade civil que já está mobilizado para atender os haitianos: o Comitê Estadual de Atenção a Migrantes, Refugiados, Apátridas e Vítimas do Tráfico de Pessoas (Comirat).

Foto: Imagem do projeto fotográfico ‘Viv Ansanm’, de Claudio Bochese, de haitianos que vieram para Gravataí.
“Ficamos sabendo da vinda destes haitianos pela mídia e desde sexta-feira passada estamos em contato com o Acre para obter informações. O governo do Acre nos passou apenas informações imprecisas, até agora não sabemos quantas pessoas vêm e quando elas chegam”, explica Fábio. Ele acrescenta que o governo acreano confirmou ter despachado quatro ônibus com imigrantes haitianos para Porto Alegre. Os ônibus saíram nos dias 21, 22, 23 e 24 de novembro e devem chegar à cidade na noite desta quarta, quinta, sexta-feira e sábado, respectivamente.
O governo do Acre contratou a empresa Eucatur para transportar os haitianos. O Palácio Piratini está em contato com os responsáveis pela empresa, na tentativa de localizar o motorista que está dirigindo o ônibus que chegará à Capital na noite desta quarta-feira (26) para saber o horário e o local da chegada.
Fábio Balestro salienta que o governo gaúcho – em conjunto com organizações da sociedade civil, como o Centro Ítalo-Brasileiro de Assistência ao Migrante (Cibai) – pretende fazer todo o atendimento inicial aos haitianos, verificando se todos possuem documentação, lugar para ficar e possibilidades de trabalho. O governo e as entidades tentarão resolver os casos de pessoas sem documentos e sem estadia encaminhados. Além do gabinete do governador, estão mobilizados as Secretarias Estaduais de Justiça e Direitos Humanos e do Trabalho, a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social, a Defensoria Pública da União e a Secretaria de Direitos Humanos de Porto Alegre.
Secretário de Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão não soube precisar quantos ônibus ou quantos imigrantes estariam se dirigindo a Porto Alegre. Ele informa que foram os próprios haitianos que decidiram vir para a cidade, já que muitos possuem parentes ou amigos que já estão no Rio Grande do Sul.

Mais de 28 mil haitianos já passaram pelo Acre, de acordo com secretário de Direitos Humanos Nilson Mourão | Foto: Alex Oliveira
“Esse ônibus finaliza sua viagem em Porto Alegre, mas vai parando ao longo do trajeto. A Região Sul é a que mais recebe imigrantes nos últimos três anos”, diz Mourão. O secretário informa que mais de 28 mil haitianos já passaram pelo Acre e que, por uma decisão política do governo estadual e do Palácio do Planalto, todos serão encaminhados aos destinos que escolherem dentro do território brasileiro. “Essa é uma decisão política: os que chegarem aqui e tiverem que ir para seus destinos serão embarcados”, diz.
Nilson Mourão garante que os imigrantes que chegarão em Porto Alegre já possuem lugar para ficar e estão documentados. “Eles já seguem todos documentados, salvo um ou outro caso. Eles vão ao encontro dos parentes em diferentes cidades do Rio Grande”, informa.
Questionado sobre o fato de não ter havido um diálogo do governo do Acre com o governo gaúcho, o secretário afirma que “não é de hoje que isso está acontecendo”. “Já faz anos que os imigrantes seguem com esse destino. Entendemos que temos que facilitar a vida deles, nossa ação é conduzi-los ao destino que desejam. Se o governo gaúcho quiser saber para onde eles estão indo, é só ver onde estão seus parentes”, comenta.
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