Haitianos no Brasil. O SERVIÇO VOLUNTÁRIO PRÓ HAITI foi um projeto desenvolvido pelos jesuítas do Brasil na cidade de Manaus em 2011, 2012, 2013. Atualmente, permanece o blog para consultas, informações e contatos. O Haiti foi devastado em 2010 por um terremoto que vitimou muitas pessoas. "Não há maior dor no mundo que a perda de sua terra Natal" (Eurípedes, 431 a.C.)
É muito importante promover e proporcionar trabalho aos haitianos. A SUA ATITUDE FAZ A DIFERENÇA!
Justiça permite que esposa
e filho visitem haitiano no RS sem visto
Decisão é da 2ª Vara Federal de Canoas, onde mora o
refugiado.
Estrangeiro mora no Brasil há um ano; família ficou no país caribenho.
Do G1 RS Porto Alegre recebeu mais imigrantes haitianos em
maio (Foto: Sergio Cabral Feltes/Divulgação)
Mais de
um ano depois de deixar a esposa e um filho de dois anos no Haiti, um
estrangeiro que mora em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre,
poderá receber a visita da família. A 2ª da Vara da Justiça Federal de Canoas
autorizou a mulher e o menino a ingressarem no país mesmo sem o visto.
A decisão é do juiz Felipe Veit Leal. De acordo com o processo, o haitiano
deixou o país caribenho após o terremoto de 2010. Ele passou a morar no Brasil
em maio do ano passado. A esposa e o filho ficaram no Haiti.
Ao
ingressar na Justiça, a família pediu autorização para que a mulher e a criança
se desloquem do Haiti até Porto Alegre, de avião, independentemente da obtenção
de visto junto ao consulado brasileiro. O pedido foi embasado no princípio da
proteção à unidade familiar, previsto constitucionalmente e na Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
Na
análise do caso, o magistrado ressaltou que a proteção à família é dever do
Estado. “O princípio da unidade familiar estabelece que o Estado e a sociedade
devem empreender todos os esforços necessários para que os membros da família
permaneçam unidos; impedindo, com isso, que, por motivos alheios à sua vontade,
sejam eles separados uns dos outros”, escreveu o juiz na decisão.
O juiz
também considerou que os laços familiares estariam comprovados por meio da
documentação apresentada e que a residência do haitiano no país estaria
temporariamente autorizada pelo protocolo do pedido de asilo junto à Polícia
Federal, pendente de apreciação.
O corpo de Morizame foi sepultado no Cemitério Municipal às 15h50m (Foto: Jeferson Freitas)
A agenda do Conselheiro da República do Haiti na cidade de Flores da Cunha, Jackson Bien Aimé, começou nas primeiras horas da manhã desta terça-feira, dia 13, e culminou com o sepultamento de seu conterrâneo, Jean Wesly Morisemi, 28 anos, morto por um policial da Brigada Militar (BM) em Flores da Cunha, na última semana. O diplomata veio à Serra gaúcha em busca de esclarecimentos sobre as circunstâncias da morte de Morisemi, a pedido da comunidade haitiana. Os conterrâneos teriam ficado apreensivos com as informações que receberam, pois Morisemi foi morto com um tiro na parte de trás da perna, segundo revelou laudo do Departamento Médico Legal (DML) de Caxias do Sul.
Acompanhado de assessorias jurídicas da Associação dos Imigrantes Haitianos em Caxias do Sul, o diplomata teve reunião com a titular da Delegacia de Polícia de Flores da Cunha, Aline Martinelli. Na sequência, ainda pela manhã, Aimé ouviu a administradora do Hospital Fátima, Andreia Vinhat. No inicio da tarde, houve um encontro com o comandante da BM de Flores da Cunha, Capitão Ângelo Ferraz e, na sequência, com o secretário de Desenvolvimento Social, Ricardo Espindola.
Após os encontros, Jackson Bien Aimé se reuniu na funerária CCR com familiares de Morisemi para a liberação do corpo, cerimônia religiosa e sepultamento. O corpo de Morizame foi sepultado no Cemitério Municipal às 15h50m.
Após cumprir toda a agenda, o conselheiro comentou que veio a Flores da Cunha para esclarecer a morte de Murisemi, e tranquilizar a comunidade haitiana. Ele ressalta que este caso é um fato isolado e que não abala nenhuma relação diplomática entre Brasil e Haiti. “Vim somente para coletar informações sobre a morte do Morisemi e para saber mais como vivem os haitianos na região”, afirmou Aimé.
Acompanhe a entrevista com o Conselheiro da República do Haiti no Brasil Jackson Bien Aimé.
Após decepar dedo de
policial, haitiano é baleado e morre no RS
Segundo a polícia, Jean Wesly Moriseme se envolveu
várias ocorrências.
Polícia suspeita que imigrante tenha sofrido algum tipo de surto.
Daniel
Favero Do G1 RS
Um
haitiano foi morto a tiros por um policial após se envolver em uma série de
tumultos na tarde de quarta-feira (7) em Flores da Cunha, na serra gaúcha. A Brigada
Militar foi acionada pela primeira vez por volta das 15h30 e os incidentes se
repetiram até a noite. Na última abordagem, ele foi baleado depois de reagir
contra os policiais. Um PM teve parte do dedo decepado com uma mordida.
Jean
Wesly Moriseme, 28 anos, foi atingido com um tiro na perna, na região do
joelho, e morreu porque o disparo atingiu uma artéria, informou a delegada de
Flores da Cunha, Aline Martinelli.
De acordo
com a delegada, tudo começou por volta das 15h30, quando Jean se envolveu
em uma briga com outros dois hatianos, no centro da cidade. Ele rasgou a
roupa dos colegas e começou a espalhar os pedaços pela rua. A Brigada
Militar foi acionada e o levou para a delegacia.
“No
caminho, ele começou a ficar transtornado, se batendo dentro da viatura, e
acabou danificando a porta com as pernas. Quando chegou aqui na delegacia, ele
foi autuado em flagrante por dano ao patrimônio. Eu arbitrei fiança, mas ele
não pagou”, disse a delegada.
Ainda na
delegacia, Jean teria ficado agitado e não conseguia se comunicar com ninguém.
“Ele não falava coisa com coisa, então acionei o Samu, porque estava com receio
de que ele pudesse de machucar”, explicou a delegada.
Jean foi
encaminhado ao Hospital Fátima, onde foi atendido e medicado. Nesse período, a
Justiça decretou sua liberdade provisória e ele foi liberado por volta das 21h.
Entretanto,
de acordo com a polícia, o haitiano teria continuado a demonstrar um
comportamento anormal, provocando uma série de perturbações pela cidade. “Ele
começou a jogar lixo nos veículos que passavam pela rua, e a Brigada Militar
foi novamente acionada, por volta das 23h”, relatou a delegada.
Nesta abordagem Jean teria reagido de forma agressiva. “Ele agrediu os
policiais, decepou parte do dedo de um dos policiais, tentou pegar a arma de um
deles, além de derrubar um dos policiais, que ao cair no chão efetuou o disparo
contra a perna de Jean”, afirmou a delegada.
Ainda de acordo com a polícia, testemunhas ouvidas no inquérito confirmaram a
versão dos policiais que participaram da última abordagem ao imigrante.
A polícia
solicitou a realização de exames toxicológicos e de teor alcoólico que possam
identificar o que teria provocado o comportamento violento de Jean, mas a
delegada suspeita de que ele possa ter sofrido algum tipo de surto psicológico.
“É
lamentável que uma coisa tenha acontecido. Os haitianos não costumam se
envolver em confusões, mas acredito que o policial não tinha a intenção de
matá-lo. Foi uma fatalidade”, finalizou a delegada.
Comunidade haitiana em Manaus promete uma grande festa no jogo de hoje
Ideia é caminhar da paróquia de São Geraldo até a Arena da Amazônia, palco do amistoso entre as duas seleções
Manaus (AM), 12 de Outubro de 2015
FELIPE DE PAULA
Michelle Rachelle, de 45 anos, não vê a hora de sua seleção entrar em campo (Aguilar Abecassis )
Um dos países mais pobres da América Central, o Haiti ainda sofre as consequências do terremoto que arrasou o país em 2010. Das centenas de milhares de pessoas que emigraram de sua terra natal em busca melhores condições de vida, muitas delas viram em Manaus um porto-seguro para, na linguagem tão brasileira do futebol, tocar a bola para frente.Às vésperas do amistoso entre o Haiti e a Seleção Olímpica do Brasil, na próxima segunda-feira, na Arena da Amazônia, Zona Centro-Oeste de Manaus, refugiados que vivem na capital amazonense preparam uma grande festa para receber a seleção de seu país.
Muitos deles nunca viram o time nacional ao vivo em campo e mal contém ansiedade para fazê-lo.É o caso de Jean Revolus, 40. Vivendo há quatro anos na cidade, o administrador apaixonado por futebol trabalha vendendo produtos em um espaço cedido pela Paróquia de São Geraldo, na avenida Constantino Nery. Entre uma e outra venda, ele confere os resultados das rodadas dos campeonatos europeus, brasileiro e notícias sobre a Seleção Canarinho.“A maioria dos haitianos são fãs do Brasil”, diz ele. “Eu sempre vejo quando o Brasil joga: seleção júnior, sênior (principal), feminina... eu gosto de todo jogo do Brasil”, diz ele, contando também que nunca assistiu um jogo da seleção de seu país e já garantiu seu ingresso para o jogo da segunda.
“Vou com minha mulher e com meus irmãos”, conta, empolgado.Mas muito se engana quem pensa que, por ser fã do futebol brasileiro, Jean aposta numa partida fácil para o Brasil. “Vai ser um partida legal, equilibrada”, diz ele, seguido pelo conterrâneo Lecknal Joseph, 31. “Não sei se o Brasil vai ganhar do Haiti de 10 a 0 ou se vai ser o Brasil (que vai perder)”, brinca ele.
“O Brasil está mal e o Haiti está bom”, justifica. Uma das mais empolgadas para o evento é a Michelle Rachelle, 45. Simpática e falante, ela lembra de partidas históricas da seleção haitiana na década de 70, quando eles chegaram a disputar uma Copa do Mundo. Entusiasmada com a possibilidade de torcer para seu País na cidade que adotou para viver, ela promete levar tambor ao estádio e diz que até ensaiou até uma música, composta por ela e um amigo, para apoiar o país. “Sou muito positiva para apoiar o Haiti”, diz a sempre sorridente Michelle.Segundo a estimativa dos próprios haitianos que conversaram com a reportagem, pelo menos 700 deles devem ir ao jogo desta segunda-feira e ouvir, talvez pela primeira vez, o hino de seu país soar em terras brasileiras.
Jean e Lecknal (à esq.) esperam jogo equilibrado
Jogo vai ser uma celebração
Manaus é uma das cidades brasileiras com maior número de refugiados haitianos no Brasil. A fim de celebrar a rara passagem da seleção de seu país pela cidade, centenas de imigrantes do país caribenho devem realizar uma passeata da Paróquia de São Geraldo, na Avenida Constantino Nery, até a Arena da Amazônia, às 15h da tarde, três horas antes do jogo entre a Seleção Olímpica Brasileira e o Haiti, nesta segunda-feira.
O organizador do evento, o barbeiro Pavelus Louinord, 33, chegou a conseguir um carro de som e a devida autorização da prefeitura para realizar o evento, que deverá contar com música haitiana ao vivo e para o qual se esperam um número de cerca de 700 pessoas. “Também é uma maneira da agradecer a hospitalidade do povo amazonense com a comunidade haitiana em Manaus”, disse Louinord.
Segundo ele, a ideia é reproduzir um evento semelhante ocorrido nos Estados Unidos por ocasião de um amistoso da seleção nacional do Haiti e, ao mesmo tempo, mudar a forma como os imigrantes são vistos em seu próprio país. “Lá no Haiti, as pessoas pensam que o haitiano vive de forma miserável. Mas haitiano que trabalha não fica miserável e queremos mudar essa imagem”, finaliza.
Haiti desembarca em Manaus mirando jogo competitivo contra Brasil sub-23
Equipe treina na manhã de domingo e durante a tarde fará o reconhecimento da Arena da Amazônia, palco do jogo, que acontecerá na segunda-feira
Por Marcos DantasManaus, AM
A seleção haitiana de futebol desembarcou em Manaus na noite deste sábado, já mirando o jogo contra o Brasil sub-23, na segunda-feira, na Arena da Amazônia. O voo, vindo de Miami, nos Estados Unidos, teve atraso de uma hora, mas pousou em Manaus por volta das 23h. Logo na chegada, jogadores comissão técnica voltam o foco para a partida contra a equipe de Rogério Micale, esperando um jogo competitivo.
Seleção haitiana desembarcou em Manaus (Foto: Marcos Dantas)
A viagem pode até ter sido cansativa, mas nem todo o desgaste do mundo parecia tirar a empolgação dos jogadores por estarem no Brasil e terem a oportunidade de duelar contra a seleção olímpica.
O meia Jean-Marc Alexandre é um dos mais experientes do grupo. Com passagens por Real Salt Lake e Orlando City [atual equipe do brasileiro Kaká], ambos times da Major League Soccer (MLS), dos Estados Unidos, ele fala da animação pela oportunidade de estar em um dos estádios que fizeram parte da Copa do Mundo 2014.
Jean-Marc Alexandre teve uma passagem pelo Orlando City, atual time de Kaká (Foto: Marcos Dantas)
- Estamos muito animados em estar aqui, especialmente em Manaus, porque sabemos que o estádio daqui foi palco da Copa do Mundo. É lá que queremos fazer um jogo bastante competitivo - almeja.
Ele acredita que o Haiti pode surpreender a equipe brasileira com sua velocidade, mas destaca que o poderio ofensivo da equipe de Rogério Micale deve ter atenção redobrada.
- Sabemos que nosso time se destaca pela velocidade. Temos jogadores muito rápidos, mas o Brasil tem uma equipe muito técnica e isso é algo com que teremos que tomar muito cuidado - completou.
A seleção haitiana tem um treino marcado para o Estádio da Colina, no início da noite deste domingo, em horário ainda a ser definido pela delegação. Às 16h, está previsto o reconhecimento de campo na Arena da Amazônia, palco da partida, que acontecerá nesta segunda.
Campeonato de futebol reúne brasileiros, haitianos e senegaleses em Chapecó
Competição intercultural é organizada pela Associação dos Haitianos em Chapecó
Partida entre os times de Águas de Chapecó e Senegal, realizada no último dia 13 Foto: Divulgação / Associação dos Haitianos de Chapecó
O campo do Loteamento Thiago, no bairro Efapi, em Chapecó, está com a agenda muito movimentada para os próximos meses. Desde o dia 13 de setembro, a Associação dos Haitianos de Chapecó está promovendo um campeonato de futebol intercultural que vai até novembro. Chapecoense encara primeiro jogo oficial no exteriorLei mais notícias sobre futebol
São cinco times na disputa — Efapi, Águas de Chapecó, Big, Brasil e Senegal — com jogadores das nacionalidades brasileira, haitiana e senegalesa. De acordo com o presidente da associação, Jean Innocent Monfiston, o futebol é um dos esportes mais populares do Haiti e a ideia do campeonato é compartilhar esse gosto pela modalidade.
— Gostamos muito de jogar futebol e decidimos criar o campeonato para interagir com as pessoas e nos divertirmos — afirma Jean.
As próximas partidas estão programadas para este domingo, entre as equipes Efapi e Senegal, Águas de Chapecó e Big. Os times serão premiados com medalhas e o primeiro e segundo colocados ganharão troféus. Cronograma de jogos SETEMBRO
Dia 27
14h — Efapi X Senegal
16h — Águas de Chapecó X Big OUTUBRO
Dia 4: 16h — Big X Brasil
Dia 11: 16h — Efapi X Águas de Chapecó
Dia 18: 16h — Big X Senegal
Dia 25: 16h — Águas X Brasil NOVEMBRO
Dia 1º: 16h — Efapi X Big
Dia 8: 16h — Brasil X Senegal
Haitianos no Brasil fazem webserie para combater preconceito
Imigrantes haitianos, em São Paulo, estão produzindo uma websérie para contar aos brasileiros as dificuldades que enfrentam por aqui. O projeto Superação é uma forma de buscar integração e combater o preconceito. O primeiro episódio da websérie, que foi lançando na semana passada, é uma parceria entre a associação Comunidade Haitianos no Brasil e as secretarias de Cultura e Direitos Humanos de Santo André.
Com a voz embargada, o desespero estampado no rosto e sem falar português, o haitiano Ifrène Ménéas, 41, não tem a quem recorrer. Sem saída, ele pede socorro durante a entrevista. “Tem como você me ajudar?”, diz. Demitido em julho de uma fábrica de refrigerantes, o imigrante, ao conversar com a reportagem de O TEMPO, havia acabado de ser informado de que a empresa onde trabalhou durante 11 meses na região metropolitana da capital lhe tinha dado um calote e não havia previsão para pagar sua rescisão contratual: o fim de um sonho.
Diante da falta de perspectiva com a crise econômica no Brasil – que elevou o preço do dólar e reduziu a oferta de empregos – a vontade dele, como a de muitos dos cerca de 4.000 haitianos que vivem na região metropolitana de Belo Horizonte, é a de voltar para casa. O problema é que a situação para os imigrantes está tão difícil que muitos nem sequer têm dinheiro para comprar a passagem de volta, em torno de R$ 4.000.
No Brasil há um ano, Ifrène, que só fala crioulo – idioma oficial do Haiti –, não tem ideia de como vai conseguir dinheiro para custear a escola dos filhos de 9 e 15 anos, que estão no país de origem. “Ele não gosta mais do Brasil, pois está difícil arrumar emprego. Como vai pagar o aluguel?”, pergunta Sandy Gaston, 34, primo de Ifrène, que traduz para o português a angústia do familiar.
Quando conversaram com a reportagem de O TEMPO, Sandy e Ifrène estavam no Centro Zanmi, entidade que proporciona atendimento a imigrantes e a refugiados em situação de risco – a maioria haitianos –, no centro da capital. Eles eram orientados por um advogado voluntário da organização que os havia informado sobre o calote trabalhista sofrido por Ifrène. “Estou com saudade demais dos meus filhos”, desabafa Sandy, passando a mão na cabeça com inquietação.
Segundo Sandy, que trabalha como auxiliar de separação, ele também não consegue mais enviar os US$ 100 mensais para alimentar os três filhos de 3, 4 e 7 anos, como fazia antes da disparada da moeda norte-americana, cotada na última sexta-feira a R$ 3,84. Para ele, morar no Brasil não vale mais a pena, ainda que confirme a dura realidade de seu país, em profunda crise política e com poucas oportunidades de emprego. “Lá o governo é ladrão, e as empresas são quebradas. Aqui foi bom nos primeiros seis meses, mas, depois que o dólar aumentou, piorou”, diz.
A sala da entidade de apoio a imigrantes tem ficado movimentada, e a cadeira na mesa da funcionária Dayane Carvalho, 21, responsável pela acolhida, é disputada. Diariamente ela é testemunha das dificuldades encontradas pelos imigrantes, que vivem em sua maioria nas cidades de Contagem e Esmeraldas, e confirma o interesse de grande parte em retornar à pátria. “Alguns brasileiros cobram preços abusivos de aluguel dos haitianos”, afirma.
Saúde. Não bastasse isso, os imigrantes muitas vezes têm dificuldades até de acesso à saúde. “Até remédio para febre e dor de cabeça já negaram”, conta Rony Jerome, 25, que é dono de um comércio. Ele está no Brasil desde 2009.
A situação de Wesnaíder Joseph, 26, é igualmente dramática. Há dois anos no Brasil, ele perdeu o emprego num supermercado em abril e, em vez de mandar dinheiro para a família, agora precisa contar com a ajuda financeira da mãe para se manter no bairro São Pedro, em Esmeraldas. “Minha mãe pensou que eu viria para melhorar de vida, mas agora ela que manda dinheiro pra mim, pois eu não consigo pagar aluguel. Assim fica ruim”.
Destruição
Pobreza. Em 2010, um terremoto atingiu o Haiti e deixou o país em situação calamitosa. Mais de 200 mil pessoas morreram e 1 milhão ficaram desabrigadas. Porto Príncipe, a capital, foi destruída.
Lan house que presta assistência corre risco de falir
Resolver problemas de haitianos tem virado a especialidade de Rony Jerome, 25, dono de uma pequena lan house no bairro São Pedro, em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte. É ele quem socorre quando seus compatriotas, que não dominam o português, precisam resolver demandas cotidianas, como fazer ligações telefônicas ou ir ao posto médico. Como vários de seus colegas foram demitidos dos empregos, seu negócio pode estar com os dias contados. “Os haitianos pedem para fazer fiado. Como eu vou ajudá-los se eu também estou precisando de ajuda?”, questiona.
Jerome conta que muitos haitianos ainda pensam que vão conseguir melhorar de vida no Brasil. “As pessoas no Haiti não sabem que o Brasil está ruim. Eu mesmo não estou conseguindo pagar minhas contas”, lamenta o comerciante, que, fanático por futebol, diz ter como frustração nunca ter conseguido ir ao Mineirão.
Há um ano e meio no país, o pedagogo Phanel Georges, 29, é outro desapontado. Sem conseguir alunos para dar suas aulas de francês, ele teve que trabalhar em uma fábrica de gavetas para continuar a ajudar a mãe e três irmãs, que moram no Haiti. “Pensávamos que só em nosso país havia pobreza e mendigos. Achei que sair de lá daria para ganhar um pouquinho melhor, mas até agora não deu certo. Até evito conversar com elas para não sentir essa dor.